Escala do impacto

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Um grupo de 65 profissionais de 11 países de diversas competências esteve reunido nos dias 28 e 29 de setembro nos Estados Unidos para discutir desafios globais e propor soluções em mais um evento do Global Insights Network, promovido pela GE. O tema desta edição foi Scaling for Impact (ou ‘Dimensionamento para o Impacto’, em uma tradução aproximada) e a pesquisadora do Núcleo de Bionanomanufatura do IPT, Natalia Neto Pereira Cerize, farmacêutica bioquímica e doutora pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, foi a única convidada brasileira.

O Global Insights Network é um grupo de líderes de todo o mundo, cada um deles com um profundo conhecimento em uma gama ampla de disciplinas que a GE acredita ser fundamental para o crescimento e desenvolvimento no século 21. A empresa justifica a realização dos eventos explicando que “a digitalização transformou a tecnologia, os modelos de negócios e as empresas, ao mesmo tempo em que o mundo experimenta maiores desenvolvimentos sociais, políticos e macroeconômicos”. A convergência destas e de outras tendências, continua a GE, está trazendo transformações para os setores de energia, saúde, distribuição e fornecimento de água, manufatura, ciência dos materiais e infraestrutura, considerados por ela como “críticos para o crescimento e o desenvolvimento nesse século”.

Pesquisadora do Núcleo de Bionanomanufatura do IPT, Natalia Neto Pereira Cerize, participou do evento Global Insights Network ao lado de 64 profissionais de 11 países
Pesquisadora do Núcleo de Bionanomanufatura do IPT, Natalia Neto Pereira Cerize, participou do evento Global Insights Network ao lado de 64 profissionais de 11 países
Os dois dias do evento aconteceram no centro de treinamento da GE localizado em Crotonville, próximo à cidade de Nova York. “Esses encontros servem como um compartilhamento de ideias de mentes criativas que imaginam soluções para hoje e para o futuro”, resume Natalia. “Não imaginava como seria a dinâmica do evento e, somente durante a sua realização, entendi que a ideia seria gerar uma multiplicidade de entendimentos, pois a discussão seria de impacto – a dúvida era saber o contexto em que a palavra ‘impacto’ estaria inserida. E a ideia era justamente esta, saber o seu significado para cada participante. A percepção é diferente para cada indivíduo, pois é um termo de definição abrangente”.

O convite à pesquisadora do IPT foi motivado em função de uma apresentação sua no ano de 2012 em uma das edições do TEDx, versão menor organizada de maneira independente das conferências TEDGlobal e também dedicada à discussão de tecnologia, entretenimento e design.

QUATRO SESSÕES – Grupos de discussão sem apresentações formais, usando flip-charts como única ferramenta e facilitadores da área estratégica da GE e da consultoria Sunny Bates para a mediação das conversas, são o modelo adotado pelos organizadores para os eventos. Em um primeiro momento, foi feita uma divisão em grupos para a primeira sessão (Reset your mindset, ou ‘Reconfigure sua Mentalidade’), com cerca de 10 profissionais em cada um deles.

“Os participantes se apresentavam e falavam sobre os assuntos que tinham interesse, não necessariamente de suas áreas de atuação”, explica Natalia. “Meu grupo fez uma grande discussão sobre Sistemas Adaptativos Complexos, Sistemas Biomiméticos, Inteligência Artificial, e parte da conversa estava relacionada com como ‘imitar’ a natureza para produzir um organismo sintético ou um equipamento que atinja uma reprodução de alta eficiência – por exemplo, um implante ósseo que alcance uma interação com o corpo de maneira semelhante à de uma estrutura óssea natural”.

Após um intervalo, um representante do grupo reportava a todos os participantes do evento os principais temas discutidos, e novos grupos eram formados para novas discussões – no total, quatro grupos debateram em sessões intituladas como Mass Critical, The Blind Side e Solve my Problem, e as discussões no modelo bate-papo eram feitas sem a preocupação de seguirem um esquema de início, meio e fim.

DIMENSÃO DOS IMPACTOS – O segundo grupo do qual Natalia participou foi voltado à discussão do dimensionamento dos impactos e o que eles representam em diferentes ambientes de países desenvolvidos ou não – “uma nova tecnologia para aparelhos sanitários, por exemplo, pode causar um grande impacto social em uma cidade da África, mas reduzido nos EUA. Esta mudança tem um impacto no cenário global, mas de menor intensidade em comparação a uma nova tecnologia voltada a energias alternativas ou poluição da água. O grupo discutiu como quantificar estes impactos”, explica ela.

O terceiro grupo teve como tema principal a inovação inclusiva e as discussões tiveram como subtemas a desigualdade, a meritocracia e o desenvolvimento de talentos, com destaque para a educação. “Falou-se muito sobre como o nosso sistema atual de educação está se tornando obsoleto. Esta é uma discussão forte nos EUA por conta dos custos das universidades, que usam um modelo tradicional de formação com um professor e uma plateia”, afirma Natalia. “Estão surgindo comunidades em que uma série de pessoas se reúnem e acabam por dar origem a novas empresas, desenvolvendo tecnologias a partir do autoaprendizado em novos modelos de relacionamento, sem a participação da universidade”.

Outro subtema discutido foi a velocidade de evolução em mercados com tecnologias muito desenvolvidas cujo acesso aos conteúdos fica cada vez mais restrito em razão da redução do contingente de pessoas para absorver os novos conhecimentos. “Colocou-se em discussão a necessidade de pensar no aspecto social, de inclusão de comunidades, para que uma quantidade maior de pessoas consiga se capacitar para o uso dos produtos – não adianta criar simplesmente um equipamento para uso de poucas pessoas, é preciso oferecer formação e recursos para aumentar o universo de oportunidades e, consequentemente, os mercados”, completa Natalia.

Finalmente, “o resultado prático para a empresa não é tão palpável e pontual, mas traz um retorno pelo contato com empresas, start-ups e pesquisadores do mundo todo e a percepção de novas tecnologias”, completa ela. “Acredito que exista um interesse da GE de captar ideias, identificar potenciais negócios e estimular parcerias para que os negócios tenham um desenvolvimento e resultem em oportunidades futuras”.

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