Projeto do IPT, em parceria com HC, Santa Casa, CBA e Abluo, é aprovado pela FINEP para o tratamento do gliobastoma multiforme
Como partículas do tamanho de um bilionésimo do metro poderão ajudar na luta contra o câncer? Nanoestruturas multifuncionais poderão tornar-se uma potente terapia avançada, aliada ao tratamento convencional contra o glioblastoma multiforme. Este tumor cerebral é bastante agressivo e corresponde a quase metade do total de casos de câncer no cérebro, afetando cerca de três pessoas a cada 100 mil.
O tratamento do glioblastoma é dificultado pela alta resistência das células tumorais a terapias convencionais, além das barreiras naturais do sistema nervoso central, que limitam a eficácia dos medicamentos ao impedir sua chegada direta ao tumor. Outro desafio é a propensão do glioblastoma a se espalhar, o que torna sua remoção completa extremamente complexa.
As nanoestruturas multifuncionais em desenvolvimento combinam nanopartículas metálicas revestidas com polímero e funcionalizadas com microRNAs contra resistência tumoral à temozolomida, além de quimioterápicos na superfície. Essa abordagem inovadora visa ultrapassar as barreiras naturais do cérebro, permitindo a entrega precisa do tratamento ao tumor, ao mesmo tempo que impede o retorno do câncer.
O IPT, em conjunto com parceiros, lidera essa pesquisa inovadora. Um projeto de pesquisa sobre o uso dessas nanoestruturas multifuncionais para o tratamento do glioblastoma, coordenado pelo Núcleo de Bionanomanufatura do IPT, foi recentemente aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A instituição destinará cerca de 5,8 milhões de reais para a realização da pesquisa intitulada ‘Plataforma de RNA: Nanotecnologia Integrada com Terapia Gênica para Combate ao Glioblastoma’.
O projeto também conta com a colaboração de neurocirurgiões do Hospital das Clínicas da USP e da Santa Casa de Misericórdia, do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) e da empresa Abluo, do grupo Cecil.
“Essas nanoestruturas prometem oferecer uma solução terapêutica mais eficaz, combinando a entrega direcionada de quimioterápicos com uma estratégia genética para bloquear a recorrência do tumor”, afirma Natalia Neto Pereira Cerize, pesquisadora e diretora executiva do IPT – ou seja, a nova abordagem tem o potencial de solucionar dois dos principais desafios no tratamento do glioblastoma com uma estratégia única e avançada.