![Biodegradável ou não? 1 Glitters convencionais e bioglitters foram ensaiados no Laboratório de Análises Químicas do IPT](https://ipt.br/wp-content/uploads/2023/04/5303_maior.jpg)
Para entender essa questão, é preciso primeiro explicar o conceito de biodegradável – e ele não diz respeito a qualquer material que se desintegre ou se ‘misture’ simplesmente ao meio ambiente. Segundo Débora Linhares, pesquisadora do Laboratório de Biotecnologia Industrial do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), biodegradável é um material orgânico que pode ser consumido por organismos vivos (animais ou microrganismos, por exemplo) como fonte de carbono (alimento) e energia.
![Biodegradável ou não? 2 Glitter comum testado no IPT apresenta 53% de poliéster, 36% de sílica e 11% de outros aditivos](https://ipt.br/wp-content/uploads/2023/04/5305_maior.jpg)
O Laboratório de Análises Químicas do IPT testou algumas amostras de glitter convencional e estimou 53% de poliéster em sua composição. “Quando chega ao ambiente, acontece o que acontece com qualquer material não biodegradável: ele se acumula”, explica Débora. “No caso do glitter, considera-se a questão dos microplásticos. Esses pequenos fragmentos chegam aos rios e mares, entram na cadeia alimentar e,dependendo do sistema de tratamento, podem até chegar à água de consumo, no caso de água doce”, esclarece.
E os ‘bioglitters’? Atualmente, a maioria das empresas – ou adeptos do ‘faça você mesmo’ – dedicadas a eles apostam em uma produção artesanal, em um combo que reúne rótulos como‘natural’, ‘vegano’ e o conhecido de biodegradabilidade. O que acontece é que esses glitters possuem uma variedade grande em sua composição: podem ser feitos com sal, açúcar, amido de milho, goma vegetal, eucalipto, celulose, minerais e corantes naturais – enfim, uma infinidade de matérias-primas.
![Biodegradável ou não? 3 Bioglitter testado no IPT é composto por mica e corante natural, não podendo ser chamado de biodegradável](https://ipt.br/wp-content/uploads/2023/04/5304_maior.jpg)
Para a pesquisadora, o termo é utilizado pelo mercado para fazer uma contraposição ao glitter convencional, que se acumula no ambiente e é prejudicial à fauna. “A mica faz parte da composição da areia, e na quantidade em que são utilizados os glitters, não teriam potencial de causar um problema de sedimentação, entupimentos ou algo do tipo. Do ponto de vista ambiental, me parece bem melhor usar o glitter mineral ao invés do polimérico comum”, opina a pesquisadora.
Quanto às outras composições de glitter, que incluem matérias-primas orgânicas majoritárias em sua composição, incluindo os de base vegetal, é preciso atenção: materiais produzidos a partir de fontes ‘naturais’ não são sinônimos de biodegradáveis.
“Para dar um exemplo, o plástico do tipo polietileno produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar tem a mesma propriedade química do polietileno obtido a partir do petróleo, e não é biodegradável. O apelo, na verdade, é a fonte renovável, que é a cana. Então, para saber se uma substância orgânica é biodegradável, são necessários ensaios e estudos específicos que apontem essa característica”, conclui.