Inclusão digital

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A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) de São Paulo lançará, em maio, o Selo de Acessibilidade Digital, certificação que será concedida a empresas públicas e privadas que adaptarem seus meios de comunicação digitais (tais como websites) para serem acessíveis a pessoas com deficiência. O Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), entra como instituição parceira no projeto, cuja responsabilidade será avaliar se os sites e portais realmente atendem a parâmetros de acessibilidade para os usuários.

O anúncio foi feito pelo secretário Cid Torquato no evento ‘Desafios da Acessibilidade Digital’, promovido no IPT hoje, dia 20 de março.
Cid Torquato (à direita) e Fernando Landgraf na mesa de abertura do evento
Cid Torquato (à direita) e Fernando Landgraf na mesa de abertura do evento
“Somos mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, segundo o IBGE – ou seja, uma parcela considerável da população. Essas pessoas precisam, como todos, serem peças do desenvolvimento social do País. A questão da acessibilidade, tanto arquitetônica quanto digital, é básica e estrutural tanto para as empresas quanto para o poder público”, defendeu o secretário.

Sidney Tobias de Souza e Fabíola Calixto de Souza, ambos da equipe da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) da secretaria, responsável pelo projeto, explicaram que o fluxo de concessão do selo obedecerá a algumas regras de processo. Primeiramente, as empresas ou órgãos devem certificar automaticamente um nota mínima de 95% de acessibilidade do seu portal; depois, realizar a solicitação do selo (que pode ser feita por administração pública direta ou indireta, e também por pessoas físicas e jurídicas) e aguardar a avaliação de uma equipe técnica especialista em acessibilidade digital do IPT. Caso seja aprovado em todas as etapas, o website receberá o selo da CPA.

“Queremos estimular a acessibilidade social não só em São Paulo, mas no País. A validação automática, que é a primeira etapa do fluxo de concessão, poderá ser feita pelo próprio solicitante, de modo que apenas essa ação já ajudará a tornar o meio digital mais acessível aos usuários”, comentou Souza.

Fabíola complementou defendendo que garantir a acessibilidade não se trata mais de uma ação de cunho social, mas de uma necessidade organizacional.
Sidney Tobias de Souza e Fabíola Calixto de Souza: criação de portais acessíveis beneficia não só os cidadãos, mas também as próprias empresas
Sidney Tobias de Souza e Fabíola Calixto de Souza: criação de portais acessíveis beneficia não só os cidadãos, mas também as próprias empresas
“Existe uma lei federal que exige acessibilidade dos sítios da internet mantidos por empresas e órgãos de governo. Além disso, a criação de portais acessíveis beneficia não só os cidadãos como também as próprias empresas, uma vez que aponta para a responsabilidade social, aumenta o público e fortalece a marca”, salientou.

CENÁRIO E DESAFIOS – Segundo dados do IBGE, cerca de 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, entre mental, motora, visual e auditiva. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo se encaixam nessas condições, e que uma a cada cinco pessoas terá algum tipo de deficiência ao longo da vida.

Essa foi a introdução da apresentação de Marcelo Anjos, pesquisador do Samsung Instituto de Desenvolvimento para a Informática (SIDI), que trouxe como tema o desenvolvimento do documento ‘Guia de Acessibilidade Móvel: Um caminho para o desenvolvimento de aplicações móveis acessíveis’. Baseado em entrevistas com pessoas deficientes e sua experiência de uso de smartphones, além do desenvolvimento de protótipos, o material conta com a seleção de requisitos essenciais a aplicativos para que sejam considerados acessíveis, em termos de interface, interação e navegação. Também conta com seção reservada a apontar as responsabilidades de cada ator do processo de desenvolvimento de aplicativos – desde programadores até designers.

Segundo Anjos, é preciso considerar que garantir a acessibilidade digital é uma opção que beneficia a todos, pois mesmo pessoas que não possuem deficiência podem passar por situações temporárias da mesma condição. Além disso, esse tipo de ação garante mais recursos aos usuários.
Marcelo Anjos: garantir a acessibilidade digital é uma opção que beneficia a todos, pois mesmo pessoas que não possuem deficiência podem passar por situações temporárias da mesma condição
Marcelo Anjos: garantir a acessibilidade digital é uma opção que beneficia a todos, pois mesmo pessoas que não possuem deficiência podem passar por situações temporárias da mesma condição
“De acordo com nossa pesquisa, as pessoas não querem aplicativos específicos de acessibilidade; elas querem mais acessibilidade dos aplicativos em geral. É diferente. Por isso, isso precisa ser um esforço de equipe, de todos os atores da cadeia de desenvolvimento”, apontou.

Também participou do evento Lúcia Filgueiras, professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP) envolvida em projetos desenvolvidos junto à USP Legal, iniciativa que visa à superação das barreiras impostas às pessoas com deficiência na instituição. Segundo ela, todo trabalho educacional e profissional tem que ser pensado, desde a sua origem, para ser acessível, e não apenas em termos digitais. “Existe uma série de obstáculos a superar de organização, de atitude e até de conhecimento para não só compreender as tecnologias disponíveis, mas também entender as necessidades das pessoas”, destacou.

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