Tráfego inteligente

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Fabricantes, desenvolvedores e usuários de sistemas inteligentes de transporte (ITS) podem realizar agora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas ensaios de conformidade em equipamentos de controle de tráfego rodoviário, como controladores de semáforos e painéis de mensagens variáveis (PMVs), para as especificações do padrão NTCIP (National Transportation Communications for ITS Protocol). Os testes são feitos no Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade do IPT.

Sistemas com definições de dados privativos e protocolos de comunicações proprietários fazem parte da história do setor brasileiro de gerenciamento de tráfego e, ainda hoje, trazem como obstáculo a falta de interoperabilidade e de intercambiabilidade entre os dispositivos de campo e os sistemas fornecidos por diferentes fabricantes e desenvolvedores.
Painéis de mensagens variáveis e controladores de semáforos são dois exemplos de equipamentos de controle de tráfego rodoviários que podem agora ser testados no IPT...
Painéis de mensagens variáveis e controladores de semáforos são dois exemplos de equipamentos de controle de tráfego rodoviários que podem agora ser testados no IPT…
O resultado final é a limitação da expansão do sistema que, após a implantação inicial, fica restrita aos dispositivos do mesmo tipo e do mesmo fabricante.

O protocolo NTCIP foi um esforço de um grupo de estudos dos EUA, envolvendo entidades como AASHTO, ITE e Nema, para estabelecer um tipo de conexão de comunicação a ser usado pelos órgãos de controle de tráfego que facilitasse não apenas a troca de informações, mas de dispositivos do mesmo tipo em um canal idêntico de comunicações. “Ao adquirir um semáforo ou um painel, o comprador ficava ‘preso’ a um determinado fabricante, porque a comunicação dos equipamentos com a central era um protocolo exclusivo dele e não ‘conversava’ com nenhum outro. Não havia integração”, explica Henrique Frank Werner Puhlmann, pesquisador do IPT.

Para instituir o uso de protocolos padronizados no Brasil, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) baixou em 2009 uma resolução estabelecendo que, em todo o território nacional, os equipamentos de ITS deveriam adotar os padrões de protocolos de comunicação de dados e dicionários de padrões de dados do NTCIP. A decisão obrigou desenvolvedores, concessionárias e homologadores a adaptarem seus produtos e processos para cumprir a exigência, ou seja, uma ampla gama de players que poderão realizar ensaios nos laboratórios do IPT.

“Primeiramente, o IPT poderá auxiliar os fabricantes dos equipamentos. Os testes são complexos e, muitas vezes, as indústrias fazem os ensaios em suas próprias instalações por meio de softwares gratuitos, sem a garantia da conformidade do produto com o protocolo”, explica o pesquisador. O NTCIP fornece padrões de comunicação para dois tipos de estruturas de sistemas: o primeiro é do tipo ‘centro para campo’ e ocorre entre um centro de monitoramento e controle e os dispositivos de controle ou monitoramento gerenciados por esse centro; o segundo é do tipo ‘centro para centro’ e envolve as mensagens enviadas entre dois ou mais sistemas centrais de gerenciamento.

Os testes automatizados realizados no IPT demoram no máximo sete dias, pois grande parte do tempo é destinada à execução do set-up – no caso de ensaios manuais, explica o pesquisador, a duração seria entre 15 e 20 dias –,
...e garantir uma operação de tráfego de uma forma integrada, com a sincronização remota dos semáforos e até mesmo a passagem de uma ambulância em situações de emergência.
…e garantir uma operação de tráfego de uma forma integrada, com a sincronização remota dos semáforos e até mesmo a passagem de uma ambulância em situações de emergência.
e podem ser feitos tanto em laboratório (no caso dos controladores de semáforos) quanto no chão de fábrica ou até mesmo em campo, neste caso para os PMVs, em avaliações que incluem tanto os requisitos obrigatórios quanto os opcionais da especificação.

Os segundos clientes são os usuários, principalmente as prefeituras e as concessionárias, que poderão contratar o IPT para avaliar se os equipamentos comprados estão de acordo com as normas exigidas. “A resolução está em vigor desde a publicação, mas uma das únicas prefeituras que realiza os testes no Brasil é a de São Paulo. Existe muito espaço a ser ocupado”, explica Puhlmann. Os terceiros clientes são os responsáveis pelo desenvolvimento dos equipamentos, que precisam de algum tipo de consultoria para a criação dos produtos.

Os benefícios para os cidadãos comuns serão sentidos de maneira indireta, explica o pesquisador, em atividades rotineiras do dia a dia: “Sempre que é possível garantir a qualidade dos equipamentos e a operação de tráfego de uma forma integrada, é mais fácil realizar a sincronização remota dos semáforos, a fim de que eles permitam a passagem dos veículos nas vias sem paradas, a sinalização de ruas e avenidas congestionadas, a indicação de caminhos alternativos e até mesmo a passagem de uma ambulância em situações de emergência”, conclui o pesquisador.

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