Lixo urbano

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Atualizado em 23 de dezembro

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Prefeitura de Bertioga assinaram na tarde de ontem, 17 de dezembro, um convênio para um projeto-piloto que deverá auxiliar as prefeituras municipais do estado de São Paulo a reduzirem custos de investimentos e de operação no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e também incorporarem avanços tecnológicos no aproveitamento energético dos materiais e na minimização da massa e do volume destinados à disposição final.

O projeto denominado ‘RSU – Energia’ é resultado de uma demanda feita ao IPT pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, que visa estruturar uma plataforma de conhecimentos para apoiar os municípios na avaliação de rotas alternativas de tratamento de resíduos sólidos urbanos, levando-se em conta os aspectos socioambiental e econômico –
Assinatura do convênio entre o IPT e a Prefeitura de Bertioga: da esq. para a dir, a secretária Marisa Roitman, o prefeito Mauro Orlandini, o diretor-presidente do IPT, Fernando Landgraf, e a pesquisadora Cláudia Echevenguá Teixeira
Assinatura do convênio entre o IPT e a Prefeitura de Bertioga: da esq. para a dir, a secretária Marisa Roitman, o prefeito Mauro Orlandini, o diretor-presidente do IPT, Fernando Landgraf, e a pesquisadora Cláudia Echevenguá Teixeira
segundo a Lei 12.305, que instituiu em agosto de 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos sólidos urbanos são aqueles originários de atividades domésticas em residências urbanas (resíduos domiciliares) e também da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana (resíduos de limpeza urbana).

A previsão de duração do projeto é de 24 meses. Os pesquisadores do IPT irão avaliar o impacto dos processos de coleta seletiva, separação e pré-tratamento na eficiência das tecnologias (conteúdo energético dos resíduos), aplicar uma ou duas tecnologias em escala de demonstração em um bairro de Bertioga, estabelecer a infraestrutura (competências técnicas e laboratoriais) necessária para que o IPT possa apoiar os municípios nas decisões relativas aos resíduos e desenvolver ou adaptar novas tecnologias. “Os resíduos sólidos urbanos são uma matéria-prima complexa, pois incluem materiais heterogêneos, úmidos e variáveis em função do consumo e estações de ano. Na Baixada Santista, por exemplo, aproximadamente 54% do total coletado são materiais orgânicos”, explica Cláudia Echevenguá Teixeira, pesquisadora do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas do IPT e coordenadora do projeto.

ESCOLHA DE BERTIOGA – Com 55.660 habitantes, a cidade foi selecionada pela sua localização na Baixada Santista, região de alta suscetibilidade à contaminação (geologia local) e limitada quanto às opções de áreas de disposição de resíduos, assim como em razão da previsão de encerramento nos próximos anos da atual área destinada aos resíduos de Bertioga, que é o aterro sanitário Sítio das Neves na cidade de Santos.

Centro de gerenciamento e beneficiamento de resíduos de Bertioga foi inaugurado no primeiro semestre de 2015
Centro de gerenciamento e beneficiamento de resíduos de Bertioga foi inaugurado no primeiro semestre de 2015
Além disso, foram identificadas ações na gestão de resíduos da cidade que vão ao encontro dos objetivos do projeto, como a prática da coleta seletiva em 100% da área municipal, a instalação em maio de 2015 de um centro de gerenciamento e beneficiamento de resíduos e a existência de uma equipe técnica disponível. Segundo Marisa Roitman, secretária de Meio Ambiente de Bertioga, o município produz cerca de 2.100 toneladas de resíduos sólidos urbanos mensalmente, mas na alta temporada o volume aumenta de seis a oito vezes.

O projeto interdisciplinar será coordenado no IPT pelo Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas e contará com a participação de outras seis unidades do Instituto: o Laboratório de Processos Metalúrgicos, o Laboratório de Engenharia Térmica, o Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes, o Laboratório de Análises Químicas, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental e o Laboratório de Biotecnologia Industrial, que abordarão os processos de pré-tratamento físico dos resíduos, seguido de tratamento por biodigestão e/ou térmico de maneira integrada.

Os resultados do projeto deverão permitir a consolidação de um programa de atendimento na busca de soluções para os resíduos, o qual estará disponível a qualquer município paulista. “Este programa pretende que o IPT se torne um canal direto e permanente de apoio tecnológico aos municípios paulistas, para auxiliar a encontrar as soluções mais viáveis dos pontos de vista técnico, econômico e ambiental para os resíduos, prestando serviços como a avaliação das tecnologias de tratamento e dos limites de aplicação e demonstração de novas tecnologias”, explica Cláudia. “Além disso, será possível o treinamento de técnicos das prefeituras em tratamento de resíduos, além do apoio na implantação e monitoramento desses sistemas”.

TRÊS FASES, DOIS ANOS – O projeto está dividido em três etapas. A primeira é a criação de um projeto de planta de avaliação/demonstração, com mapeamento das alternativas tecnológicas, definição da escala de instalação, elaboração de layout das unidades e definição de prazo e custo. A previsão de duração é de três meses.

Equipe interdisciplinar do IPT visitou as instalações do centro de gerenciamento e beneficiamento de resíduos
Equipe interdisciplinar do IPT visitou as instalações do centro de gerenciamento e beneficiamento de resíduos
A segunda fase será a montagem e o desenvolvimento da planta, com memorial descritivo detalhado e contratação de fornecedores de máquinas e equipamentos que serão instalados. Estão incluídas nessa etapa, cuja previsão é de duração de 15 meses, a criação de um protocolo de coleta de amostras de resíduos, com mobilização e integração da população para o caso escolhido, o lançamento do programa de auxílio aos municípios, com um evento e divulgação dos mapeamentos, e a inauguração das unidades e realização de testes de monitoramento.

A terceira e última etapa será colocar em prática o programa pelo IPT, com operação, monitoramento e avaliação da planta instalada em Bertioga e a proposta de solução para o município. A previsão é de duração de seis meses, totalizando dois anos de projeto.

“O estudo pode ser considerado inédito porque está inserido na realidade local, considerando variáveis técnicas, econômicas e sociais, e também prevê a integração de diferentes rotas tecnológicas em escala piloto e laboratorial, assim como a sensibilização da população na responsabilidade compartilhada da geração dos resíduos, o que irá contribuir para a melhoria da qualidade da matéria-prima a ser usada para suprir os sistemas de tratamento e aproveitamento que serão montados”, afirma Cláudia.


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