IPT e Petrobras desenvolveram projeto para realizar estudos de corrosão em atmosferas reais de exposição
O crescimento da demanda energética, a prospecção e a exploração de petróleo e o transporte de produtos brutos e derivados (petróleo bruto, nafta, gasolina e diesel, entre outros) têm exigido estudos permanentes com novos materiais para proteção contra a corrosão de equipamentos e estruturas metálicas.
Normalmente, o desempenho de materiais de proteção anticorrosiva utilizados pela indústria de petróleo tem sido estudado por meio de ensaios acelerados de corrosão, em escala laboratorial. No entanto, tem-se a necessidade de resultados de estudos de corrosão desenvolvidos em atmosferas reais de exposição, o que fez o Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT e o CENPES/Petrobras a elaborar, em 2006, um projeto que resultou na construção de um laboratório flutuante instalado na cidade de São Sebastião. A embarcação construída foi denominada de Flutuante Isabel.
A pesquisadora Adriana de Araujo explica que os ensaios acelerados, chamados também de artificiais, são, em geral, realizados com uso de equipamentos especificamente desenvolvidos para propiciar a rápida degradação de revestimentos e/ou ataque ao substrato.
Na forma não-acelerada, chamados de ensaios naturais, de campo ou em serviço, os ensaios são realizados sob as condições ambientais locais, sendo requeridos longos prazos de exposição, os quais não são totalmente reproduzidos, já que as condições ambientais variam de local para local e são inconstantes com combinações que não se repetem.
Os ensaios naturais são considerados como os que melhor avaliam a ação conjunta de diferentes agentes e com condições climáticas, gerando resultados mais próximos do desempenho real de revestimentos.
Muitos estudos em campo incluem os mais variados tipos de atmosferas naturais; no entanto, poucos contemplam as atmosferas marinhas offshore e as condições de imersão parcial ou total em água do mar. Estas condições são essenciais, principalmente para aplicações de estruturas, fixas e móveis, utilizadas na prospecção e transporte de petróleo.
Assim, a concepção de um laboratório flutuante teve o objetivo de conduzir ensaios de corrosão em atmosferas marinhas offshore. O flutuante é uma estrutura metálica, que consta de dois flutuadores, sobre os quais tem-se o piso de instalação de painéis de exposição de corpos de prova a atmosfera marinha, e sob ele uma ampla área de exposição de corpos de prova à exposição parcial e/ou total a água do mar e suas marolas e respingos. Os corpos de prova são mantidos totalmente imersos no mar, por meio de sua fixação em caixas metálicas.
Essas condições de exposição criadas no Flutuante Izabel têm sido aplicadas para estudar novas tecnologias de revestimentos orgânicos e metálicos, especialmente para a proteção de dutos de transporte e de tanques de armazenamento, além de novos esquemas de pintura alternativos para a proteção de estruturas metálicas de plataformas e tintas anti-incrustantes, utilizando corpos de prova instalados em painéis de exposição emersos e em painéis que reproduzem as condições de imersão total, imersão parcial e zona de arrebentação de maré, além do próprio casco do elemento flutuante, como cita o pesquisador Neusvaldo Lira de Almeida.