Bacia do Rio Capivari em detalhes

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O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) entregou hoje, 17 de março, à Prefeitura Municipal de Campinas os resultados do projeto de delimitação da planície de inundação, refinamento da carta de suscetibilidade a inundações e mapeamento das áreas inundáveis da bacia do rio Capivari, no trecho percorrido pelo curso d’água na cidade – o rio nasce no município de Jundiaí e deságua no rio Tietê, na cidade de mesmo nome, passando ainda pelas municípios de Louveira, Vinhedo, Valinhos, Monte Mor, Elias Fausto, Capivari e Rafard.

As principais atividades realizadas ao longo do projeto, que teve início em fevereiro de 2022 e foi finalizado em fevereiro de 2023, envolveram o desenvolvimento de uma metodologia inovadora para o mapeamento das áreas inundáveis da bacia do Rio Capivari e afluentes, considerando, além de três cenários de precipitação, a ocupação do solo atual na bacia e um cenário futuro de ocupação, com maior percentual de urbanização e, consequentemente, maior impermeabilização do solo.
 
"Modelagens hidrológicas para transformar chuva em vazão e modelagens hidráulicas para determinação das manchas de inundação já são realizadas corriqueiramente, o diferencial desse projeto foi a associação inovadora das duas modelagens, incorporando também variáveis relativas ao planejamento urbano, para traçar uma relação de causa e efeito entre o aumento da urbanização e a consequente modificação no perímetro das áreas inundáveis”, salienta o pesquisador doutor Filipe Antônio Marques Falcetta,
Metodologia inovadora foi desenvolvida pelo IPT para o mapeamento das áreas inundáveis da bacia do Rio Capivari e afluentes, considerando, além de três cenários de precipitação, a ocupação do solo atual na bacia e um cenário futuro de ocupação, com maior percentual de urbanização e, consequentemente, maior impermeabilização do solo
Metodologia inovadora foi desenvolvida pelo IPT para o mapeamento das áreas inundáveis da bacia do Rio Capivari e afluentes, considerando, além de três cenários de precipitação, a ocupação do solo atual na bacia e um cenário futuro de ocupação, com maior percentual de urbanização e, consequentemente, maior impermeabilização do solo
da Seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento e Florestas do IPT e coordenador do projeto.
 
O trabalho incluiu ainda a delimitação da planície de inundação, utilizando diversos dados em escala de detalhe como, por exemplo, a morfometria e a pedologia, e também o refinamento da carta de suscetibilidade a inundações da bacia do Capivari e afluentes, usando a metodologia IPT/CPRM revisada, a qual leva em conta dados de padrão de relevo e altimetria em substituição à morfometria.
 
Segundo Falcetta, o resultado final do projeto inclui uma série de produtos cartográficos que permitirão à Prefeitura Municipal de Campinas balizar diretrizes de uso e ocupação do solo na bacia do rio Capivari: “Os mapeamentos entregues para a Prefeitura consistem em importantes ferramentas para a Prefeitura dirigir as suas políticas de planejamento territorial na bacia e, no caso específico do mapeamento das áreas inundáveis, fornecer mais uma justificativa para que tais áreas não sejam ocupadas e evitando-se, assim, a criação de novas áreas de risco a inundações”.
 
REFINAMENTO DOS DADOS – A primeira carta de suscetibilidade a inundação de Campinas foi feita pelo IPT em julho de 2014 e revisada, também pelo Instituto, em março de 2015. Agora, o trabalho executado pela equipe atingiu um refinamento por conta do acesso a dados de maior detalhe. 
 
“Conseguimos entregar para o município a carta de suscetibilidade para esta porção do território na escala 1:10.000; ela foi elaborada a partir de dados topográficos originados de um levantamento topográfico feito em LiDAR de alta resolução espacial, sendo que a carta anterior era na escala 1:25.000, tendo sido gerada com dados topográficos de menor resolução”, explica o pesquisador, referindo-se à tecnologia conhecida como LiDAR (Light Detection and Ranging) que não apresenta somente uma imagem de satélite ou fotografia aérea, mas uma representação geométrica de alta resolução de uma determinada área.
 
Para a execução do trabalho, foram realizadas diversas reuniões com os técnicos da Prefeitura, permitindo o acerto do passo do projeto ao longo do trabalho e garantindo, assim, o atendimento dos objetivos almejados pela administração municipal. Um total aproximado de cinquenta pontos foram visitados em campo, em equipe formada por pesquisadores e técnicos do IPT e técnicos da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura Municipal de Campinas, sempre acompanhados de integrantes da Defesa Civil Municipal.
 
“As informações fornecidas pelos técnicos da prefeitura, tais como locais de áreas de aterro, locais com antigas cavas de argila para indústria de cerâmica vermelha, áreas com lançamento de lixo, áreas urbanizadas e outras feições observadas em campo, como perfis dos solos expostos ao longo das drenagens e em erosões, contribuíram na classificação dos solos ali presentes, permitindo a correta caracterização das planícies aluviais, que era o principal objetivo do projeto”, explica o pesquisador do IPT.

Foram utilizadas no projeto duas abordagens complementares para proceder a delimitação da planície aluvial do rio Capivari, sendo uma delas denominada morfométrica e, a outra, pedológica.
Equipes do IPT e da Prefeitura Municipal de Campinas realizaram o mapeamento das áreas inundáveis do rio Capivari; em vermelho, os limites das planícies de inundação.
Equipes do IPT e da Prefeitura Municipal de Campinas realizaram o mapeamento das áreas inundáveis do rio Capivari; em vermelho, os limites das planícies de inundação.
A validação do mapeamento construído com a utilização das duas abordagens foi realizada por meio dos trabalhos de campo.

“As duas abordagens são complementares”, explica Falcetta. “A morfometria permite encontrar padrões de relevo compatíveis com a ocorrência de planícies de inundação, geralmente associadas a baixas declividades e proximidade com cursos d’água. Quando houve dúvida, geralmente pela modificação do meio físico proporcionada pela urbanização, foram feitos levantamentos de campo para obtenção de outras características associadas à ocorrência de planície de inundação, como a presença de solos chamados hidromórficos, que são aqueles com grande presença de matéria orgânica e de coloração mais escura – o que a população chama popularmente de ‘brejo’”, completa ele.

METODOLOGIA EM E-BOOK – A equipe técnica do IPT elaborou um e-book que contém os procedimentos metodológicos adotados no trabalho. A concepção do manual, explica Falcetta, foi uma ideia sua pois, desde o começo das negociações do projeto, a Prefeitura de Campinas manifestou interesse em replicar a metodologia construída e adotada na bacia do rio Capivari nas demais bacias do município, a fim de dar segurança jurídica para os técnicos da prefeitura, embasando tecnicamente as decisões relativas à não ocupação das áreas delimitadas como planícies de inundação.
 
“O público que esperamos que possa fazer uso do manual é, além dos técnicos da prefeitura, outras administrações municipais, empreendedores imobiliários, empresas de consultoria em engenharia que desenvolvem projetos hidrológicos/hidráulicos, assim como de empreendimentos imobiliários, e universidades.
“O público que esperamos que possa fazer uso do manual é, além dos técnicos da prefeitura, outras administrações municipais, empreendedores imobiliários, empresas de consultoria em engenharia que desenvolvem projetos hidrológicos/hidráulicos, assim como de empreendimentos imobiliários, e universidades", explica o pesquisador do IPT.
“O público que esperamos que possa fazer uso do manual é, além dos técnicos da prefeitura, outras administrações municipais, empreendedores imobiliários, empresas de consultoria em engenharia que desenvolvem projetos hidrológicos/hidráulicos, assim como de empreendimentos imobiliários, e universidades", explica o pesquisador do IPT.
O manual também serve para divulgar o trabalho do IPT e valorizar a metodologia de determinação das áreas inundáveis, inovadora e, de certa forma, inédita no país”, explica o pesquisador.
 
Em um cenário de mudanças climáticas em curso, o qual aponta para prevalência de cenários extremos de precipitação, com eventos de chuva cada vez mais intensos e concentrados no tempo e no espaço, associado ao crescimento das áreas urbanizadas em zonas de expansão urbana, com consequente aumento das taxas de impermeabilização do solo, a expectativa de Falcetta é de que estudos como o realizado pelo presente trabalho sejam adotados como instrumentos sistemáticos de planejamento urbano e como fomentadores de governança climática. 

“O material entregue para a Prefeitura de Campinas mostrou claramente que a urbanização não necessariamente aumenta a extensão das áreas sujeitas a inundação, mas mostra que chuvas mais frequentes já são suficientes para provocar transtornos e inundações que antes eram mais raras”, destaca Falcetta. “Os procedimentos desenvolvidos para a bacia do Capivari podem e devem ser replicados, na medida do possível, para todos os municípios que passam pelo processo de expansão da mancha urbana e impermeabilização do solo”, conclui ele.

Para fazer o download do e-book, acesse o link 

 
 

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