Umidade em fachadas

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A presença de umidade acima de certos limites na face interna das edificações pode contribuir para tornar os ambientes insalubres e comprometer a saúde dos usuários e a durabilidade de casas e prédios, assim como do mobiliário. As manifestações patológicas originárias do excesso de umidade no interior das edificações podem ser evitadas, uma vez que estão relacionadas a falhas de projeto, execução e materiais.   
 
Uma alternativa que tem sido adotada em diversos países é o emprego da simulação higrotérmica computacional que permite ao projetista e/ou construtor, ainda em fase de projeto ou retrofit, reproduzir o processo de transferência de calor e de transporte de umidade através da seção de uma parede, considerando um sistema construtivo real e as condições climáticas do local em que está a edificação.  
 
O desenvolvimento de ferramentas de simulação higrotérmica no Brasil tem sido objeto de estudos de pesquisadores ao longo das últimas décadas. Os estudos para a implantação do uso de simulação higrotérmica no IPT tiveram início no Laboratório de Materiais para Produtos de Construção há aproximadamente oito anos, a partir de investimentos como o treinamento do pesquisador Osmar Hamilton Becere no emprego do software WUFI realizado em marco de 2014 na cidade de Orlando (EUA), ministrado por Oak Ridge National Laboratory (ORNL) dos Estados Unidos e Fraunhofer Institute of Building Physics – Alemanha, assim como do pesquisador Alexandre Cordeiro dos Santos na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016, dentro do Programa de Desenvolvimento e Capacitação no Exterior (PDCE).

É por meio da simulação higrotérmica que as cargas de umidade nas envoltórias (conjunto de elementos construtivos que estão em contato com o meio exterior, ou seja, que compõem os fechamentos dos ambientes internos em relação ao ambiente externo) são quantificadas, assim como as suas condições de umidificação e secagem.
Manifestações patológicas originárias do excesso de umidade no interior das edificações podem ser evitadas, uma vez que estão relacionadas a falhas de projeto, execução e materiais
Manifestações patológicas originárias do excesso de umidade no interior das edificações podem ser evitadas, uma vez que estão relacionadas a falhas de projeto, execução e materiais

Avalia-se também o potencial de condições para o surgimento de manifestações patológicas devido à umidade, como o desenvolvimento de fungos e o descolamento de pinturas e/ou texturas por pressão de vapor de água, que resultam na perda de desempenho, qualidade e, consequentemente, na diminuição da vida útil dos edifícios.  
 
CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS – Paralelamente à implantação da simulação higrotérmica com a aquisição do software WUFI Pro 5.3 pelo IPT, o laboratório também desenvolveu capacitação para a execução de ensaios de caracterização física de materiais, principalmente no caso daqueles usados em fachadas de edifícios que permitem o transporte de umidade no estado líquido e em forma de vapor de água, tais como blocos cerâmicos e de concretos, paredes de concretos, revestimentos de argamassas inorgânicas, tintas e texturas. 
 
"O objetivo principal é estudar o comportamento higrotérmico de materiais de envoltórias e criar um banco de dados de desempenho dos materiais brasileiros, subsidiar as simulações higrotérmicas e melhorar os serviços do IPT nas demandas que envolvem diagnósticos de prováveis causas de manifestações patológicas relacionadas à umidade, de maneira rápida e com resultados confiáveis", completa Santos.  
 
Outra avaliação importante refere-se à capacidade de o material devolver a umidade à atmosfera, ou seja, a respirabilidade e/ou as condições de secagem. Se o material não apresentar capacidade de cura em velocidade suficiente para devolver a carga de umidade ao exterior, a sua durabilidade poderá estar comprometida, porque a umidade permanecerá presa nas envoltórias e, com o decorrer do tempo, contribuirá para o surgimento de manifestações patológicas. 
 
O uso da simulação higrotérmica pelo laboratório tem sido empregado com sucesso na avaliação de projetos de sistemas construtivos inovadores de clientes do IPT, permitindo a melhoria e/ou adequação desses sistemas de envoltória frente à ação de umidade de chuvas dirigidas. "Embora essa ferramenta computacional possua algumas limitações, ela permite ao projetista analisar o projeto e, se necessário, adotar medidas corretivas no sistema de envoltória de modo a evitar o surgimento de manifestações patológicas relacionadas ao excesso de umidade no interior da edificação", completa o pesquisador Becere.  
 
 
 
 



 

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