Caixões de papelão

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Realizar um funeral para despedir-se de um ente querido é uma prática comum ao redor do mundo, com diferenças culturais entre os países que a adotam. Flores, velas e caixões de madeira, suntuosos ou não, porém, costumam estar presentes na maioria deles. Contudo, com o atual preço elevado da madeira em países mais pobres ou em crise, como a Venezuela, por exemplo, os cidadãos nem sempre podem arcar com o custo de uma urna funerária convencional e buscam no papelão uma alternativa mais barata para a cerimônia.

Caixões de papelão, apesar de incomuns, não são novos no mercado e, desde que sejam bem produzidos, podem ter qualidade igual a seus rivais de madeira. Para que um caixão cumpra a função que se espera dele – aguente o peso do corpo durante o período do velório sem deformar-se ou vazar líquidos -, é preciso que atenda a certos requisitos, sendo ele de madeira ou papelão. Pensando nisso, o Laboratório de Embalagem e Acondicionamento do IPT elaborou uma norma de especificação de desempenho, a IPT-NEA 60, inédita no Brasil, para atestar a qualidade das urnas funerárias.

Segundo o pesquisador Rogério Parra, a ideia para criar a norma surgiu a partir de um fabricante de caixões que desejava vender seus produtos para a Prefeitura de São Paulo. “Como a prefeitura só adquiria caixões de madeira, procuramos saber porque eles acreditavam que eles eram melhores que o de papelão e, para cada motivo que recebemos, críamos um ensaio para verificar se o papelão também poderia possuir aquelas capacidades”, conta Parra.

A IPT-NEA 60, que não faz distinção quanto ao material do qual é fabricado o caixão, avalia a capacidade de carga e da alça. Posteriormente, percebeu-se a necessidade de testar mais aspectos da urna funerária, como a estanqueidade da água e a compatibilidade com o formol, e assim surgiu a IPT-NEA 74 para complementar a norma anterior.

Ainda de acordo com Parra, não existiam referências de normas similares na época da criação da IPT-NEA 60 e da IPT-NEA 74, na década de 1990. “Para elaborá-la, foram elencadas que características um bom caixão deveria possuir: as alças não poderiam arrebentar enquanto ele estivesse sendo carregado, não poderiam ocorrer vazamentos de líquidos, o formol não deveria interagir com o papelão e ele não poderia deformar-se em excesso durante o período do velório”, continua ele.

Para cada uma das características elencadas, o laboratório desenvolveu um ensaio. Para a capacidade de carga, por exemplo, uma carga nominal, acrescida de um fator de segurança, é aplicada uniformemente ao caixão durante 24 horas, enquanto este está apoiado em cavaletes que possibilitam a deformação caso ela venha a ocorrer. Assim, tanto fabricantes quanto compradores podem atestar a qualidade dos produtos e garantir que ele servirá a seu propósito sem causar inconvenientes.

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