Construção e meio ambiente

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Para analisar os impactos ambientais gerados durante a fabricação de materiais de construção, Laís David Vinhal, mestranda em Engenharia Civil na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), participou do Programa Novos Talentos do IPT com um projeto de avaliação do ciclo de vida (ACV) aplicada à fabricação de blocos cerâmicos estruturais. A proposta de Laís foi analisar os impactos ambientais gerados durante o período que corresponde desde a extração de recursos até a disponibilidade do produto ao mercado. As demais etapas do ciclo, como distribuição, uso e sua transformação em lixo ou resíduo, não foram analisadas no projeto.

Para a fabricação dos blocos, a matéria-prima (argila) passa por um processo fabril chamado de ‘beneficiamento’, ou seja, é misturada com outra argila (em fabricações que usam mais de um tipo de argila), acrescenta-se água e é realizada a laminação. Com a argila processada, é feita a moldagem dos blocos (extrusão e corte) e a produção é finalizada com o processo de queima e a ‘paletização’ dos blocos. A fase da queima é feita utilizando lascas de madeira e serragem como combustíveis. Em seguida, os blocos são disponibilizados para o consumo.

Blocos cerâmicos utilizados pela construção civil foram objetos de estudo de pesquisadora por meio de programa do IPT
Blocos cerâmicos utilizados pela construção civil foram objetos de estudo de pesquisadora por meio de programa do IPT
Como qualquer tipo de processo de fabricação gera algum tipo de impacto ambiental, o objetivo foi quantificar a intensidade desses impactos por meio de indicadores. Isso pode ser realizado mediante a análise do consumo de energia, de água, de matérias-primas e de insumos utilizados na fábrica, como os combustíveis, por exemplo”, explica ela. “Em resumo, queria analisar o consumo de recursos e insumos utilizados durante a fabricação do bloco, por meio da ACV, e avaliar as emissões que esse processo de fabricação produziu e quais etapas da fabricação mais contribuíram para isso”, completa ela.

Para coletar os dados, Laís visitou duas fábricas de blocos cerâmicos no estado de São Paulo. Com as informações em mãos, foi elaborado o inventário de ciclo de vida (ICV) e, a partir dele, foi realizada a avaliação de impacto do ciclo de vida. Entre as categorias de impacto analisadas constaram o aquecimento global, a geração de resíduos, o consumo de recursos e a toxicidade humana. No caso da categoria de aquecimento global, ela conseguiu comparar o resultado com indicadores europeus, concluindo que a fabricação desses blocos no Brasil tende a ser menos danosa ao meio ambiente do que no contexto da Europa.

“Medindo os indicadores de impactos ambientais, as empresas podem trabalhar no propósito de aplicar melhorias, ou seja, benefícios para a própria fábrica de maneira a contribuir com o meio ambiente. Assim, com o resultado X de uma categoria – por exemplo, aquecimento global – a empresa pode estabelecer como meta diminuir em 7% este resultado, tornando-se uma referência. Além disso, com o monitoramento dos indicadores as empresas podem utilizá-los como estratégia de marketing, fidelizando seus clientes e despertando interesse de novos clientes”, completa Laís.

Para executar o projeto, Laís contou com a orientação no IPT da pesquisadora Luciana Alves de Oliveira, responsável pelo Laboratório de Componentes e Sistemas Construtivos, que já havia realizado pesquisas sobre blocos de concreto, peças de madeira e outros materiais do setor da construção. Para a estudante, o programa do IPT foi fundamental para sua carreira e para a ampliação de horizontes técnicos na sua área de atuação: "Foi de grande valia para minha capacitação, assim como para o desenvolvimento da pesquisa realizada na UFSCar. Participar do projeto de capacitação foi uma oportunidade única de aprendizado, que possibilitou uma grande troca de experiências com profissionais capacitados e dedicados”.

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