Segurança de processos

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Foram realizados no Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) dois ensaios com a substância fenobarbital, princípio ativo comum em medicamentos anticonvulsionantes, hipnóticos e sedativos do mercado. Relacionados à severidade de explosão e energia mínima e ignição da substância, os ensaios foram solicitados por uma empresa do ramo farmacêutico, visando à garantia de segurança industrial no processo de fabricação do medicamento.

Os resultados indicaram que a substância pode explodir quando em suspensão no ar, ou seja, em etapas do processo de produção em que ela forma uma ‘nuvem’. Como explica José Ricardo Rezende Calça, químico industrial e pesquisador do IPT, “a suspensão do produto faz com que as partículas tenham uma interação maior com o oxigênio do ar, o que facilita a ocorrência de explosões, se a substância for propensa a isso”. Isso quer dizer que, com relação ao consumidor final, não há risco de explosão, uma vez que o fenobarbital está compactado em um comprimido e misturado a outro composto, o excipiente, uma substância inativa usada como veículo para o princípio ativo.

Os valores da severidade de explosão, caracterizada pela pressão máxima gerada na explosão e pela velocidade de aumento dessa pressão,
Amostra de fenobarbital testada no Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões do IPT
Amostra de fenobarbital testada no Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões do IPT
apontaram que a explosão da substância pode gerar danos significativos às pessoas e às instalações ao redor. Além disso, o segundo ensaio indicou uma energia mínima de ignição (EMI) em torno de 14 milijoules (mJ), o que significa que pequenos níveis de energia, como descargas de eletricidade estática ao manusear a substância, ou transferi-la de um ambiente para o outro, são suficientes para que ocorra a explosão da suspensão. Para materiais com EMI menores que 30 mJ, como é o caso do fenobarbital, recomenda-se ainda a determinação da resistividade elétrica, para associá-la à EMI e definir com segurança as medidas preventivas com relação a acidentes no ambiente de trabalho.

“Com esses dados, a empresa passa a conhecer os perigos aos quais sua linha de produção está exposta e a magnitude das consequências dos riscos para as pessoas, o meio ambiente e o seu patrimônio. Isso vai permitir que ela tome providências e consiga definir antecipadamente os limites de operação em termos de velocidade de processamento, temperatura, condições ambientais e treinamento das pessoas”, avalia Calça. O pesquisador ressalta que a segurança das construções, equipamentos e profissionais envolvidos no processo produtivo garante ainda a credibilidade do nome da empresa, que tem seu valor resguardado em um ramo que cresce em escala mundial.

Calça alerta para a necessidade da realização dos ensaios sobretudo por empresas menores, que podem colocar em risco seus empregados e instalações por desconhecimento das características de ignitabilidade e explosividade dos materiais manipulados. “Ao atender um cliente, temos de conhecer o processo produtivo da substância avaliada. Dessa forma, somos capazes de orientar que medidas devem ser tomadas com relação à proteção dos equipamentos industriais e das pessoas envolvidas na produção”, finaliza o pesquisador.

O Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões do IPT conta com 14 ensaios envolvendo a área de segurança contra explosões aplicada a processos industriais, armazenamentos e transporte de produtos, além de profissionais capacitados ao estudo de medidas mitigadoras de riscos. Além do ramo farmacêutico, pode atender os ramos alimentício, moveleiro, energético e do agronegócio, entre outros.

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