A inovação precisa ser cultivada porque é um processo de longo prazo, que exige persistência e envolve muitos erros, e o Brasil ainda penaliza excessivamente os fracassos, ao passo que a cultura da inovação em um país como os Estados Unidos valoriza os erros como uma experiência: foi sob esta perspectiva a apresentação do subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Marcos Cintra, no 1º Fórum Executivo de Inovação IPT-Grace, que aconteceu ontem, 27 de agosto, no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, com a presença de 128 convidados.
“Essa atribuição de culpas dificulta o processo de reerguimento do processo de inovação de indivíduos, projetos e empresas, e precisamos \’inocular\’ este modo de pensar na sociedade brasileira”, afirmou ele. “A inovação é maravilhosa quando acontece, e os efeitos positivos são rapidamente identificados, mas a falta de inovação é trágica e anestesia as pessoas, comportando-se como uma doença crônica que faz os organismos perderem sua eficácia de maneira lenta”.
As tendências da cadeia de construção civil foram apresentadas e discutidas durante todo o dia por profissionais da indústria, academia e governos estadual e federal. Uma ponte entre a criação do Gabinete de Resistência dos Materiais em 1899, embrião do IPT para apoiar a construção civil, e a organização do fórum em 2013 como iniciativa para aproximar as empresas do instituto foi construída na apresentação do diretor-presidente do Instituto, Fernando Landgraf, para mostrar o histórico de apoio ao setor. Enquanto em 1899 o conceito de tecnologia era relacionado à medição, em 1934 a novidade provocada pela adoção da denominação \’Instituto de Pesquisas Tecnológicas\’ foi a expansão dessa ideia para a execução de pesquisas. “Tecnologia começou a sair de um conceito de medir e avançou para o conceito de pesquisa; realizar uma pesquisa passou a ser experimentar e medir, correndo riscos e chegando a resultados positivos ou não”, afirmou ele.
Hoje, o investimento em pesquisa & desenvolvimento é considerado um indicador de modernidade, mas os números do Brasil mostram que a maior parte do investimento é feita pelo setor público e não pelas empresas, ao contrário do que acontece em países como Estados Unidos e Japão. “Este quadro não significa uma falta de visão de nossos empresários, mas são características de nossa timidez e do medo de errar”, afirmou ele, acrescentando como exemplo de mudança do paradigma o aumento das receitas provenientes de atividades de P&D&I de 13% da receita total do IPT em 2009 para 21% em 2012. “A onda de inovação está forte nos países desenvolvidos, mas estamos em seu início no Brasil. Precisamos considerar a inovação como fator de competitividade e produtividade”.
Os trabalhos executados pelo IPT atualmente estão concentrados na etapa conclusiva da cadeia produtiva da inovação, ou seja, no produto final da empresa, mas a intenção de Landgraf à frente da diretoria do Instituto é aumentar o apoio às empresas na geração das ideias e no desenvolvimento de plantas-piloto. “Esta linha de atuação mais estratégica permitiria um maior valor agregado e maior integração, em etapas de maior risco que permitem o uso de recursos governamentais para apoio aos estudos”, completou ele.
ESTUDOS DE CASO – Uma série de projetos executados ou em curso foi apresentado pelo responsável pelo Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT, Valdecir Quarcioni, como o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar que teve início em 2010 com a remoção de famílias nos núcleos habitacionais conhecidos como bairros cota, no município de Cubatão, o projeto para obter cimento de resíduos da construção civil, com parcerias da InterCement e do BNDES, a desconstrução de prédios da fábrica da General Motors em São Caetano do Sul e o plano de diagnóstico e gerenciamento para reciclagem dos resíduos de construção e demolição (RCD) na cidade de Novo Horizonte.
O gerente regional de produto para América Latina da Grace, Humberto Benini, trouxe em sua apresentação dois programas desenvolvidos pela fabricante de aditivos para processamento de cimento, misturas e fibras de concreto e sistemas para impermeabilização estrutural, entre outros produtos do segmento da construção civil. O primeiro deles é voltado para viabilizar o uso de agregados de menor qualidade ou aqueles conhecidos como ‘difíceis’ no concreto, e foi iniciado em 2011 para tratamento dos materiais diretamente na planta de agregados ou na concreteira para melhoria de desempenho; o segundo é um sistema automatizado de gerenciamento do concreto que foi criado para aumentar a produtividade e garantir a qualidade do material desde o transporte da planta de fabricação até o seu destino final.
PRÉ-SAL – Vencer as dificuldades de exploração dos novos ambientes do pré-sal foi o mote da apresentação de Cláudio Amaral, consultor sênior da Petrobras/Cenpes. O desafio de perfurar depósitos de 1.500 metros de folhelho e 2 mil metros de rochas salinas, de diferentes tipos e comportamentos, para chegar ao reservatório propriamente dito do pré-sal demanda grandes investimentos em tecnologia, entre os quais a caracterização de fluência de evaporitos (rochas de origem sedimentar), que foi executada pelo IPT entre 2000 e 2012.
Para atender à expectativa de produção em 2017 de um milhão de barris, Amaral explicou que a Petrobras está investindo em pesquisas a fim de reduzir os custos de R$ 200 milhões para colocar um poço em funcionamento, introduzindo soluções tecnológicas e logísticas para melhoria do desempenho, principalmente por meio de técnicas de perfuração mais rápidas e materiais mais adequados. A definição da qualidade do reservatório carbonático a partir de dados sísmicos e a geomecânica das camadas adjacentes, a qualificação dos risers flexíveis para lâminas de água ultraprofundas de 2.200 metros, considerando a presença de gás carbônico e altas pressões, e a garantia de escoamento para prevenir a formação de hidratos são algumas das linhas de pesquisas em andamento. “A integração com universidades e institutos de pesquisas, a reativação e ampliação de laboratórios e a integração com a comunidade técnica internacional são fundamentais para atingir estes objetivos”, completou ele.
POLÍTICAS HABITACIONAIS – “A inovação está no DNA das indústrias farmacêutica e petrolífera, mas não está na habitação, principalmente no segmento da habitação de interesse social”, afirmou Inês da Silva Magalhães, secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades em sua apresentação sobre as perspectivas de investimentos na área de políticas públicas habitacionais. A utilização de soluções construtivas e projetuais que minimizem os custos de manutenção é uma medida fundamental para a garantia de sustentabilidade do Programa Minha Casa Minha Vida que, segundo Inês, tem a previsão de contratação de 1,7 milhão de unidades habitacionais até dezembro de 2014.
Entre os desafios que exigem a participação ativa do setor da construção civil, Inês colocou o aumento da produtividade do setor, a utilização de soluções construtivas que garantam maior durabilidade às construções e a realização de empreendimentos mais sustentáveis, oferecendo variação tipológica, mix de usos e mix de renda. Algumas das ações mencionadas pela secretária para incentivar a inovação do setor são a implantação da ABNT NBR 15.575 – Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios e a recente publicação do edital Finep de subvenção econômica para o desenvolvimento de projetos inovadores de arquitetura, urbanismo e engenharia para habitação social, que integrem soluções tecnológicas segundo os princípios da construção sustentável, no valor de R$ 15 milhões.
Outra iniciativa citada é a avaliação de novos produtos usados nos processos de construção por meio do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SiNAT), do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, no qual o IPT coordenou a elaboração de algumas diretrizes técnicas.
SUSTENTABILIDADE – Segundo Marcelo Vespoli Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), a tecnologia e a inovação na construção civil podem ser importantes aliados na sustentabilidade. “Os estudos que temos desenvolvido indicam que é possível reduzir por meio da tecnologia o equivalente a 30% do consumo de energia em todo o mundo, ou seja, 1,6 trilhão de dólares. E há um estudo de Amory Lovins, do Rocky Mountain Institute, que amplia esta análise para fora do setor da construção civil, e que aponta para uma economia de energia mundial da ordem de 3,8 trilhões de dólares com o uso da tecnologia”.
Sérgio Cirelli Angulo, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre as alternativas sustentáveis de novos materiais cimentícios e destacou que “melhores soluções de engenharia, com aprimoramento do desempenho técnico, têm impacto social, ambiental e econômico”. Para o pesquisador, a otimização na formulação do concreto é ponto chave para a melhoria da ecoeficiência do material, mas a seleção de cimento não é suficiente: “Não adianta ter um cimento excelente e não usá-lo corretamente”.
O fórum terminou com uma apresentação sobre as perspectivas tecnológicas e a tendência de crescimento da construção civil no Brasil, apresentado por Paulo Safady Simão, presidente do conselho de administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Segundo ele, o setor da construção civil tem sido muito criticado pela opinião pública como um setor que se envolve em corrupção e agride a natureza e, para mudar esta imagem, é necessária uma maior interação com a sociedade. “A cadeia produtiva da construção civil representa 8,1% do Produto Interno Bruto do Brasil, segundo dados de 2011. Estão envolvidas na cadeia produtiva da construção 11,3 milhões de pessoas e havia, em 2010, 195.954 empresas, das quais cerca de 151 mil são pequenas, com menos de nove funcionários”, ponderou.
O setor da construção civil tem crescido consistentemente, completou ele, e de 2005 para 2013 o número de trabalhadores na construção civil saltou de 1,3 milhões para 3,3 milhões de pessoas. “Não vivemos uma bolha imobiliária. Esta possibilidade não existe, pois no Brasil ainda há um déficit habitacional. No setor da construção civil pode-se dizer que o momento é de pleno emprego. E programas como o PAC e o Minha Casa Minha Vida ampliam as perspectivas do setor”.
O evento encerrou-se com o debate entre os três palestrantes, mediado por Maria Salette de Carvalho Weber, coordenadora geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades. “Achei este fórum excelente, pois propiciou a interação entre governo federal, estadual, empresas, academia e institutos de pesquisas. É o setor público e o setor privado pensando juntos”, afirmou ela.
“Essa atribuição de culpas dificulta o processo de reerguimento do processo de inovação de indivíduos, projetos e empresas, e precisamos \’inocular\’ este modo de pensar na sociedade brasileira”, afirmou ele. “A inovação é maravilhosa quando acontece, e os efeitos positivos são rapidamente identificados, mas a falta de inovação é trágica e anestesia as pessoas, comportando-se como uma doença crônica que faz os organismos perderem sua eficácia de maneira lenta”.
As tendências da cadeia de construção civil foram apresentadas e discutidas durante todo o dia por profissionais da indústria, academia e governos estadual e federal. Uma ponte entre a criação do Gabinete de Resistência dos Materiais em 1899, embrião do IPT para apoiar a construção civil, e a organização do fórum em 2013 como iniciativa para aproximar as empresas do instituto foi construída na apresentação do diretor-presidente do Instituto, Fernando Landgraf, para mostrar o histórico de apoio ao setor. Enquanto em 1899 o conceito de tecnologia era relacionado à medição, em 1934 a novidade provocada pela adoção da denominação \’Instituto de Pesquisas Tecnológicas\’ foi a expansão dessa ideia para a execução de pesquisas. “Tecnologia começou a sair de um conceito de medir e avançou para o conceito de pesquisa; realizar uma pesquisa passou a ser experimentar e medir, correndo riscos e chegando a resultados positivos ou não”, afirmou ele.
Hoje, o investimento em pesquisa & desenvolvimento é considerado um indicador de modernidade, mas os números do Brasil mostram que a maior parte do investimento é feita pelo setor público e não pelas empresas, ao contrário do que acontece em países como Estados Unidos e Japão. “Este quadro não significa uma falta de visão de nossos empresários, mas são características de nossa timidez e do medo de errar”, afirmou ele, acrescentando como exemplo de mudança do paradigma o aumento das receitas provenientes de atividades de P&D&I de 13% da receita total do IPT em 2009 para 21% em 2012. “A onda de inovação está forte nos países desenvolvidos, mas estamos em seu início no Brasil. Precisamos considerar a inovação como fator de competitividade e produtividade”.
Os trabalhos executados pelo IPT atualmente estão concentrados na etapa conclusiva da cadeia produtiva da inovação, ou seja, no produto final da empresa, mas a intenção de Landgraf à frente da diretoria do Instituto é aumentar o apoio às empresas na geração das ideias e no desenvolvimento de plantas-piloto. “Esta linha de atuação mais estratégica permitiria um maior valor agregado e maior integração, em etapas de maior risco que permitem o uso de recursos governamentais para apoio aos estudos”, completou ele.
ESTUDOS DE CASO – Uma série de projetos executados ou em curso foi apresentado pelo responsável pelo Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT, Valdecir Quarcioni, como o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar que teve início em 2010 com a remoção de famílias nos núcleos habitacionais conhecidos como bairros cota, no município de Cubatão, o projeto para obter cimento de resíduos da construção civil, com parcerias da InterCement e do BNDES, a desconstrução de prédios da fábrica da General Motors em São Caetano do Sul e o plano de diagnóstico e gerenciamento para reciclagem dos resíduos de construção e demolição (RCD) na cidade de Novo Horizonte.
O gerente regional de produto para América Latina da Grace, Humberto Benini, trouxe em sua apresentação dois programas desenvolvidos pela fabricante de aditivos para processamento de cimento, misturas e fibras de concreto e sistemas para impermeabilização estrutural, entre outros produtos do segmento da construção civil. O primeiro deles é voltado para viabilizar o uso de agregados de menor qualidade ou aqueles conhecidos como ‘difíceis’ no concreto, e foi iniciado em 2011 para tratamento dos materiais diretamente na planta de agregados ou na concreteira para melhoria de desempenho; o segundo é um sistema automatizado de gerenciamento do concreto que foi criado para aumentar a produtividade e garantir a qualidade do material desde o transporte da planta de fabricação até o seu destino final.
PRÉ-SAL – Vencer as dificuldades de exploração dos novos ambientes do pré-sal foi o mote da apresentação de Cláudio Amaral, consultor sênior da Petrobras/Cenpes. O desafio de perfurar depósitos de 1.500 metros de folhelho e 2 mil metros de rochas salinas, de diferentes tipos e comportamentos, para chegar ao reservatório propriamente dito do pré-sal demanda grandes investimentos em tecnologia, entre os quais a caracterização de fluência de evaporitos (rochas de origem sedimentar), que foi executada pelo IPT entre 2000 e 2012.
Para atender à expectativa de produção em 2017 de um milhão de barris, Amaral explicou que a Petrobras está investindo em pesquisas a fim de reduzir os custos de R$ 200 milhões para colocar um poço em funcionamento, introduzindo soluções tecnológicas e logísticas para melhoria do desempenho, principalmente por meio de técnicas de perfuração mais rápidas e materiais mais adequados. A definição da qualidade do reservatório carbonático a partir de dados sísmicos e a geomecânica das camadas adjacentes, a qualificação dos risers flexíveis para lâminas de água ultraprofundas de 2.200 metros, considerando a presença de gás carbônico e altas pressões, e a garantia de escoamento para prevenir a formação de hidratos são algumas das linhas de pesquisas em andamento. “A integração com universidades e institutos de pesquisas, a reativação e ampliação de laboratórios e a integração com a comunidade técnica internacional são fundamentais para atingir estes objetivos”, completou ele.
POLÍTICAS HABITACIONAIS – “A inovação está no DNA das indústrias farmacêutica e petrolífera, mas não está na habitação, principalmente no segmento da habitação de interesse social”, afirmou Inês da Silva Magalhães, secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades em sua apresentação sobre as perspectivas de investimentos na área de políticas públicas habitacionais. A utilização de soluções construtivas e projetuais que minimizem os custos de manutenção é uma medida fundamental para a garantia de sustentabilidade do Programa Minha Casa Minha Vida que, segundo Inês, tem a previsão de contratação de 1,7 milhão de unidades habitacionais até dezembro de 2014.
Entre os desafios que exigem a participação ativa do setor da construção civil, Inês colocou o aumento da produtividade do setor, a utilização de soluções construtivas que garantam maior durabilidade às construções e a realização de empreendimentos mais sustentáveis, oferecendo variação tipológica, mix de usos e mix de renda. Algumas das ações mencionadas pela secretária para incentivar a inovação do setor são a implantação da ABNT NBR 15.575 – Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios e a recente publicação do edital Finep de subvenção econômica para o desenvolvimento de projetos inovadores de arquitetura, urbanismo e engenharia para habitação social, que integrem soluções tecnológicas segundo os princípios da construção sustentável, no valor de R$ 15 milhões.
Outra iniciativa citada é a avaliação de novos produtos usados nos processos de construção por meio do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SiNAT), do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, no qual o IPT coordenou a elaboração de algumas diretrizes técnicas.
SUSTENTABILIDADE – Segundo Marcelo Vespoli Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), a tecnologia e a inovação na construção civil podem ser importantes aliados na sustentabilidade. “Os estudos que temos desenvolvido indicam que é possível reduzir por meio da tecnologia o equivalente a 30% do consumo de energia em todo o mundo, ou seja, 1,6 trilhão de dólares. E há um estudo de Amory Lovins, do Rocky Mountain Institute, que amplia esta análise para fora do setor da construção civil, e que aponta para uma economia de energia mundial da ordem de 3,8 trilhões de dólares com o uso da tecnologia”.
Sérgio Cirelli Angulo, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre as alternativas sustentáveis de novos materiais cimentícios e destacou que “melhores soluções de engenharia, com aprimoramento do desempenho técnico, têm impacto social, ambiental e econômico”. Para o pesquisador, a otimização na formulação do concreto é ponto chave para a melhoria da ecoeficiência do material, mas a seleção de cimento não é suficiente: “Não adianta ter um cimento excelente e não usá-lo corretamente”.
O fórum terminou com uma apresentação sobre as perspectivas tecnológicas e a tendência de crescimento da construção civil no Brasil, apresentado por Paulo Safady Simão, presidente do conselho de administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Segundo ele, o setor da construção civil tem sido muito criticado pela opinião pública como um setor que se envolve em corrupção e agride a natureza e, para mudar esta imagem, é necessária uma maior interação com a sociedade. “A cadeia produtiva da construção civil representa 8,1% do Produto Interno Bruto do Brasil, segundo dados de 2011. Estão envolvidas na cadeia produtiva da construção 11,3 milhões de pessoas e havia, em 2010, 195.954 empresas, das quais cerca de 151 mil são pequenas, com menos de nove funcionários”, ponderou.
O setor da construção civil tem crescido consistentemente, completou ele, e de 2005 para 2013 o número de trabalhadores na construção civil saltou de 1,3 milhões para 3,3 milhões de pessoas. “Não vivemos uma bolha imobiliária. Esta possibilidade não existe, pois no Brasil ainda há um déficit habitacional. No setor da construção civil pode-se dizer que o momento é de pleno emprego. E programas como o PAC e o Minha Casa Minha Vida ampliam as perspectivas do setor”.
O evento encerrou-se com o debate entre os três palestrantes, mediado por Maria Salette de Carvalho Weber, coordenadora geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades. “Achei este fórum excelente, pois propiciou a interação entre governo federal, estadual, empresas, academia e institutos de pesquisas. É o setor público e o setor privado pensando juntos”, afirmou ela.