Desafios para inovação

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Para responder a uma pergunta complexa como “O que a cidade de São Paulo pode fazer pela pesquisa tecnológica”, o diretor-presidente do IPT, Fernando Landgraf, apresentou um panorama do cenário brasileiro em P&D&I em palestra ministrada em 10 de outubro durante reunião do Conselho de Ciência, Tecnologia & Inovação da cidade de São Paulo, realizada na sede do IPT. A partir de dados históricos e atuais das relações entre pesquisa e setor produtivo no País, Landgraf trouxe à discussão uma série de informações para auxiliar na compreensão dos gargalos da inovação no Brasil.

As dificuldades históricas em competir com produtos estrangeiros e as ações de proteção tarifária que não resultaram em aumento de competitividade para a indústria nacional foram dois exemplos apresentados por Landgraf para responder à questão de sermos ou não um país inovador. Ele mostrou os resultados de pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) junto a 40 grandes empresas (30 nacionais e 10 internacionais) para a compreensão de líderes empresariais sobre a inovação no Brasil. “A redução de custos foi considerada muito importante por mais de 60% dos consultados, o que é uma situação tipicamente brasileira, pois disputamos mercados em que não se busca vanguarda, mas sim a oferta de produtos mais baratos; além disso, as necessidades dos consumidores foram apontadas como de alta importância por 70%”, afirmou Landgraf.

Landgraf: "“Nossa competitividade está muito abaixo do previsível como nossa fração do PIB planetário"
Landgraf: "“Nossa competitividade está muito abaixo do previsível como nossa fração do PIB planetário"
O Brasil é hoje a sétima maior economia mundial, mas ainda está muito distante dos primeiros colocados em indicadores como renda per capita, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e competitividade – pelo ranking do Fórum Econômico Mundial em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral, o país recuou oito posições neste último, para o 56º lugar, entre 148 países. “Nossa competitividade está muito abaixo do previsível como nossa fração do PIB planetário, e a inovação faz parte disso: existe um consenso de que uma das razões da nossa baixa competitividade é que o Brasil não se esforça para inovar. O investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil é pequeno – enquanto a Coreia do Sul investiu 2,7% do PIB em 2010 em P&D, o Brasil investiu 1,2%”, afirmou ele.

“O investimento privado em pesquisas no Brasil é pequeno, mas não podemos dizer que esta situação é provocada pela presença das multinacionais, porque são elas quem mais destinam recursos ao P&D no Brasil, com destaque para a indústria automobilística”, explicou ele. “Outro exemplo pode ser encontrado no setor da metalurgia: após a compra da Villares Metals pelos austríacos e da antiga Acesita por franceses, os investimentos em atividades de pesquisas aumentaram nas duas empresas”.

Caso uma cidade como São Paulo queira investir em P&D, Landgraf deu algumas pistas e sugestões dos setores que podem colaborar para aumentar o PIB. “Um estudo do governo britânico apontou os maiores investidores mundiais em pesquisas e os setores que recebem mais recursos. A área farmacêutica e de biotecnologia é a primeira colocada, vindo a seguir o segmento de hardware e, em terceiro, o automotivo. Existe um incentivo para a indústria farmacêutica crescer, e nós aqui do IPT estamos sentindo isso, porque eles têm nos procurado e estamos estabelecendo parcerias, como as pesquisas da Embrapii. Uma cidade como São Paulo também pode pensar em pesquisas em torno do tema ‘cidades inteligentes’ e, como uma sugestão minha, em tecnologias para a limpeza dos rios da cidade.”

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