Oportunidades de inovação

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Uma modalidade relativamente nova no País de investimento em inovação e empresas de base tecnológica foi apresentada na terça-feira, 8 de maio, aos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), dando continuidade à série de encontros ‘Café com tecnologia’, que sempre enfoca um assunto relacionado à inovação. A motivação foi discutir critérios de seleção de temas inovadores que possam ser incluídos no portfólio de projetos autossustentados do Instituto.

Fernando Reinach (à dir.) fala sobre as etapas que o projeto precisa cumprir para garantir a continuidade do investimento pelo fundo de venture capital; à esq., o Diretor de Inovação do IPT, Fernando Landgraf
Fernando Reinach (à dir.) fala sobre as etapas que o projeto precisa cumprir para garantir a continuidade do investimento pelo fundo de venture capital; à esq., o Diretor de Inovação do IPT, Fernando Landgraf
Com o tema ‘Venture capital e desenvolvimento tecnológico’, Fernando Reinach, biólogo e sócio-gestor do Fundo Pitanga, que administra um capital de R$ 100 milhões voltado a empresas de alto risco e alto retorno, analisou os conceitos envolvidos nesse sistema, que nos Estados Unidos se consolidou depois dos anos 50, viabilizando uma forma alternativa de inovação na indústria.

Reinach abriu a discussão definindo os dois tipos de inovação, uma de caráter incremental, que busca como fazer melhor um produto ou serviço, e outra com sentido mais profundo, que é a mudança radical e que significa a substituição total de uma tecnologia por outra, como, por exemplo, quando os CDs ocuparam o lugar dos discos de vinil, em uma linha evolutiva que culminou com a música digital numa perspectiva até então impensada. As inovações desse segundo tipo, segundo Reinach, são as que realmente trazem retorno de investimentos, já que na maior parte das vezes essas transformações contam com um enorme potencial de mercado.

Reinach foi professor da USP, atuou no Projeto Genoma pela FAPESP e como gestor de um fundo de capital de risco do Grupo Votorantim por dez anos, período do qual ele fez o seguinte balanço: de 1,2 mil projetos analisados, 12 tiveram investimento viabilizado, oito deram errado e apenas quatro alcançaram sucesso. O retorno apurado nos projetos bem-sucedidos, no entanto, cobriu todo o investimento realizado, de cerca de 300 milhões de dólares nas 12 empresas. “As quatro empresas foram vendidas por R$ 3 bilhões de dólares”, afirmou, destacando que o capital foi multiplicado dez vezes.

O gestor também disse que as pequenas empresas são o berço da inovação, uma vez que historicamente as grandes companhias têm dado testemunhos de seu engessamento cultural. “As companhias modernas têm dificuldade em aceitar novas ideias”, disse Reinach, que também comentou alguns casos, como o de Ken Olsen, presidente da DEC Computer, que afirmou em 1977: “Não há razão para que as pessoas tenham computadores em suas casas”. Mas o caso mais emblemático dessa postura foi o de Harry Morris Warner, fundador da Warner Bros., que diante da invenção do cinema sonoro indagou: “Por que diabos alguém vai querer ouvir os atores falando?”

“Inovação radical precisa de pouco dinheiro no início”, disse Reinach e continuou: “O princípio não é apostar em um ou outro projeto, porque a maioria dá errado, mas apostar em muitos projetos”. Reinach disse que D. Manuel I, rei de Portugal que ascendeu ao trono em 1495, usou a lógica do ‘venture capital’ para investir em caravelas e viabilizar o comércio de especiarias. “Ele sabia estatisticamente que 50% das embarcações afundavam, 30% retornavam com mercadorias de baixo valor e 20% alcançavam sucesso”, comentou, destacando ainda que esses 20% de sucesso cobriam todo o investimento.

Reinach afirmou que toda a perspectiva de investimento, no entanto, só acontece se houver por parte do inventor ou pesquisador da grande ideia a disponibilidade de correr riscos. Ele diz que ao analisar uma proposta, um fundo de venture capital foca em alguns aspectos chaves: tamanho potencial do mercado, custos de desenvolvimento e a probabilidade de sucesso técnico. Em geral, o fundo prioriza propostas nas quais o tamanho de mercado é significativo e nesse caso a única preocupação é então a probabilidade de sucesso. Entretanto, a decisão de investimento depende crucialmente do comprometimento do proponente com o projeto. Isto é, o proponente tem entrar de “cabeça” no projeto e só então o gestor do fundo entra com dinheiro.

Mais informações sobre o Fundo Pitanga: http://pitangainvest.com/pt/

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