O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) recebeu na manhã de quinta-feira, 11 de novembro, o “Prêmio Procel Cidade Eficiente em Energia Elétrica” pela parceria no projeto de implantação do gerenciamento dos recursos de iluminação pública da cidade paulista de Guarulhos. A prefeitura foi premiada na categoria Gestão Energética Municipal, assim como a outra parceria envolvida nos trabalhos, a distribuidora de energia elétrica EDP Bandeirante.
A premiação é promovida pela Eletrobrás, no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e em parceria com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), como reconhecimento das boas práticas em eficiência energética realizadas por administrações municipais. A execução em Guarulhos das principais ações apontadas no Plano Municipal de Gestão da Energia Elétrica (Plamge) trouxe como resultado a redução no consumo de energia elétrica de 16.280 MW/ano, o equivalente a uma economia de quase R$ 3,9 milhões por ano nos gastos da prefeitura. As ações contempladas abrangeram programas implantados simultaneamente no sistema de iluminação pública, semáforos, conjuntos habitacionais de interesse social, prédios públicos municipais e sistema de abastecimento de água.
O projeto resultou de uma negociação do IPT com a Diretoria de Iluminação Pública da prefeitura da cidade, que apresentou ao Instituto uma demanda de suporte técnico para implantação da gestão própria dos recursos de iluminação pública da cidade. O Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos (LEO) avaliou o nível de maturidade da estrutura disponível em Guarulhos e propôs a especificação e montagem de um laboratório de manutenção, que seria usado basicamente para recuperar equipamentos de iluminação e ensaios de recebimento de lotes de produtos novos.
“Realizamos ações de suporte para implantação deste laboratório, que foi o primeiro passo na implantação de uma capacitação da prefeitura para promover sua autonomia em relação às ações de intervenção na manutenção do sistema”, explica Oswaldo Sanchez Jr., pesquisador do IPT e participante do projeto. “A intenção era permitir que a prefeitura estudasse as causas dos problemas e recuperasse parte dos equipamentos, evitando novas falhas. Isso aumentaria a capacidade da prefeitura na gestão dos recursos”.
A segunda etapa do trabalho foi a implementação de um banco de dados que compila informações sobre localização e características dos equipamentos, assim como a discriminação de gastos. Foi desenvolvido então um sistema georreferenciado para a prefeitura trabalhar na gestão do patrimônio. “Desenvolvemos a estrutura do banco de dados, com a importação de alguns dados da concessionária, e acrescentamos informações colhidas por nós, criando um plano de trabalho para auditar a confiabilidade das informações”, completa Sanchez. Para este trabalho, cerca de mil pontos dentro da cidade foram visitados, de forma aleatória, para coleta de informações e inserção no software.
Segundo Mario Leite Pereira Filho, responsável pelo Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos do IPT, o projeto foi significativo não somente em razão da parceria com a prefeitura e a EDP, mas também pelo cruzamento de competências com outra unidade do Instituto, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental, o Labgeo. “Eles têm uma grande experiência na área de georreferenciamento de recursos minerais. Aproveitamos esta experiência para montar o sistema de informações com os dados da iluminação pública de Guarulhos”, explica ele. “Foi importante o auxílio desses profissionais na concepção do banco de dados, que permite hoje à prefeitura a gestão global da iluminação pública da cidade, como a programação dos períodos de manutenção preventiva ou corretiva”.
PARCEIROS – Segundo Paulo de Tarso Carvalhaes, diretor do Departamento de Iluminação Pública de Guarulhos, as competências do IPT no projeto foram fundamentais para que a prefeitura possa questionar o custo e a qualidade dos serviços de iluminação. “Com a consultoria do IPT, somos hoje capazes de saber o desempenho de lâmpadas e reatores. Há um campo de cooperação muito grande para o IPT trabalhar, que poderá ser incrementado pelo fato de o Brasil estar em um momento de mudança de política de gestão da iluminação pública, que em dois anos deverá sair das mãos das concessionárias e passar a ser de responsabilidade das cidades”, explica ele.
A tríplice parceria é citada também por Miguel Setas, diretor-presidente e de relações com investidores da EDP, como um exemplo de resultados mais amplos alcançados por meio de uma relação colaborativa.