Cacos cerâmicos no cimento

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Fonte: Jornal Regional – 4 de março de 2015

Resultado da pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) mostra que o caco usualmente descartado como lixo pelas indústrias cerâmicas do polo oleiro-cerâmico regional contém propriedade cimentícia capaz de melhorar a qualidade do cimento e torná-lo ecologicamente sustentável reduzindo a emissão de gases poluentes.

O estudo levou em consideração a coleta de resíduos cerâmicos produzidos por quatro empresas do setor levados a um laboratório de análises do IPT, em São Paulo, onde transformou todo esse material em pó.

Nesse trabalho, duas hipóteses de reutilização do caco moído foram levantadas. A primeira seria usar novamente na produção de peças cerâmicas, o que apresentou limitações pelo fato de apresentar redução na resistência do material e aumentar a absorção de água depois de queimado.

Resultado que, na opinião do pesquisador do Instituto, Marsis Cabral Júnior, o reaproveitamento do pó de caco na argila, denominado ‘chamote’, pode ser incorporado sim, mas de uma maneira muito cautelosa.

Já a incorporação do chamote no cimento, o resultado foi excelente, acima das expectativas e das médias que se tem em outras regiões do estado onde existem materiais idênticos.

“Este material presta para esta finalidade sem problema nenhum”, afirma Marsis, que apresentou duas unidades de processamento industrial para moer todo caco produzido na cerâmica.

CUSTO – A unidade denominada ‘estacionária’ e que ficará permanente na empresa custa R$ 2 milhões. A unidade móvel que percorreria todas as cerâmicas fazendo o mesmo serviço que a fixa tem seu custo estimado em R$ 700 mil. Pelo projeto, o financiamento se daria ou por investimento próprio de cada empresa, parcerias com governo ou empresas cimenteiras interessadas na ideia.

MERCADO – O pesquisador afirma ter demanda para esse tipo de material com essas propriedades na região de Araçatuba e Presidente Prudente, mas como nunca foi usado antes, o único inconveniente dessas cimenteiras (fábricas de blocos, vigas e artefatos em geral) seria relacionado à cor do material.

“Incorporar de 12% a 15% a cor do cimento alteraria pouco. Adições maiores é que fariam mudar a cor. O tom é só uma questão de preconceito, porque qualidade não altera em nada”, garante Marsis.

O setor oleiro-cerâmico agora deverá fazer uma divulgação para avaliar as possibilidades deste novo mercado e sair em busca das empresas analisando junto a elas questões no que dizem respeito à distância, frete e potenciais financiadores dessas unidades moedoras de caco para extração do ‘chamote’.
 

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