Recuperação de trilhas

Compartilhe:
IPT entrega plano de trilhas revitalizadas na Vila de Paranapiacaba, na Serra do Mar

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) elaborou e executou o plano de recuperação de três trilhas localizadas no distrito de Paranapiacaba, que integra o município de Santo André (SP): as Trilhas da Pedra Lisa, da Cachoeira Escondida e do Mirante compreendem, juntas, seis quilômetros lineares no Núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM).

Os objetivos principais do projeto foram o resgate histórico do uso da área, a adequação dos traçados existentes, a estabilização dos processos de movimento de massa, e a recuperação das áreas degradadas e da cobertura vegetal, com vistas à estruturação das trilhas para sua reabertura (no caso específico da Trilha da Pedra Lisa) à visitação pública. O projeto foi executado pela Seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento e Florestas e pela Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental, ambas da Unidade Cidades, Infraestrutura e Meio Ambiente do IPT, em parceria com a Fundação Florestal.

A Vila de Paranapiacaba é um pequeno vilarejo rodeado pela Mata Atlântica que preserva grande acervo histórico cultural, arquitetônico, industrial, tecnológico e ambiental, e seu patrimônio é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), desde 1987; pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 2002; e pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanistico e Paisagístico de Santo André (COMDEPHAAPASA), desde 2003. Além disso, a vila está na lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para ser reconhecida como patrimônio da humanidade, o que faz de Paranapiacaba um importante destino turístico, principalmente nas atividades de ecoturismo e histórico cultural.

Mirante 5 1
Inventário dos aspectos físicos, biológicos e fatores de degradação mais significativos, que poderiam ser responsáveis pelo agravamento de riscos ao uso turístico e danos ambientais, foi executado. A partir dos resultados obtidos, foi possível traçar um plano de intervenção que atendesse às necessidades do local, sem alterar as características do percurso, e mantendo o acesso aos seus elementos históricos, culturais e ambientais tão importantes

Em 2003, após o registro de alguns acidentes nas trilhas na região de Paranapiacaba, incluindo vítimas fatais, foi interditada a Trilha da Pedra Lisa ou Trilha do Zigue-Zague. Por estes motivos, a partir de 2009 a Fundação Florestal e o IPT iniciaram o diálogo para elaborar um projeto objetivando a execução de medidas estruturais não convencionais para adequação dos trajetos, garantindo maior segurança no percurso e visando sua reabertura para visitação pública.

Em 2018, com a assinatura de convênio para o financiamento do Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos (FID) da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e com recursos advindos do Ministério Público – Promotoria de Justiça de Santos, um amplo e complexo estudo teve início, incluindo o levantamento e a identificação de registros arqueológicos, por se tratar de uma região de ocupação antiga e de grande importância econômica no desenvolvimento do Estado.

Foi realizado um inventário dos aspectos físicos, biológicos e fatores de degradação mais significativos, que poderiam ser responsáveis pelo agravamento de riscos ao uso turístico e danos ambientais. A partir dos resultados obtidos foi possível traçar um plano de intervenção que atendesse às necessidades do local, sem alterar as características do percurso, e mantendo o acesso aos seus elementos históricos, culturais e ambientais tão importantes.

O projeto atingiu resultados significativos, contribuindo para a valorização e preservação ambiental das áreas contempladas. Para a pesquisadora Mariana Carneseca, coordenadora do projeto, a entrega de aproximadamente seis quilômetros de trilhas recuperadas e estruturadas, equipadas com bancos e placas de sinalização, representa um avanço na infraestrutura do PESM, importante Unidade de Conservação do Estado de São Paulo, proporcionando maior segurança e conforto aos visitantes. 

DEZ ETAPAS – O projeto foi dividido em dez etapas e teve início com a realização de um diagnóstico arqueológico para a verificação da existência de elementos de uso antigo destas trilhas. Em seguida, foi feita a delimitação e a caracterização do traçado das trilhas, a partir da identificação do seu caminho original.

Os pesquisadores começaram então a identificação e o mapeamento dos processos erosivos decorrentes da ação hídrica e processos de movimento de massa que poderiam atingir ou já tinham atingido as trilhas. Também foram avaliadas as condições de drenagem superficial do entorno da trilha e as condições da vegetação. Partiu-se para o plano de recuperação das trilhas, que incluiu soluções de engenharia, estabilização das encostas no seu entorno e direcionamento adequado do escoamento das águas superficiais e de subsuperfície. Além disso, foi analisado o uso de vegetação em técnicas de bioengenharia de solos e em modelos de recuperação/reabilitação das áreas degradadas da trilha e de seu entorno.

A etapa seguinte foi a elaboração de projeto básico-executivo com nível de detalhamento suficiente para execução da obra, devido às particularidades do terreno.

Foi dado então início à execução do plano de recuperação, com a implantação das soluções de engenharia, priorizando a utilização de técnicas não convencionais (bioengenharia de solos) associadas aos modelos de recuperação da vegetação. Nesta etapa foram realizadas visitas periódicas na área para verificar a realização das medidas propostas e sugestão de ajustes.

Os pesquisadores partiram para a definição dos indicadores de monitoramento, a partir de parâmetros do meio físico e biótico para avaliação do desempenho das medidas e monitoramento dos processos estudados. Como produto desta etapa foi elaborado um manual de recuperação de trilhas, com foco em mitigação de riscos e segurança, para orientar a gestão destas trilhas, mas que também poderá ser usado em outras trilhas, especialmente aquelas localizadas em áreas serranas.

As últimas etapas do projeto foram a estruturação da trilha, por meio da execução das ações necessárias a fim de tornar a trilha apta à abertura para visitação pública, tais como sinalização e interpretação da trilha, e a realização de curso de capacitação para monitores de turismo e habitantes de Paranapiacaba, com a produção e a divulgação de material informativo (disponível abaixo) para utilização das trilhas.

“Esse conjunto de ações evidencia a importância de uma relação equilibrada entre o uso público e a conservação ambiental, criando bases sólidas para a sustentabilidade das trilhas e a conscientização dos visitantes quanto à importância da preservação dos recursos naturais”, ressalta a pesquisadora do IPT.

Guia de Trilhas da Serra do Mar


INSCREVA-se em nossa newsletter

Receba nossas novidades em seu e-mail.

SUBSCRIBE to our newsletter

Receive our news in your email.

Pular para o conteúdo