Dois laboratórios do IPT participam de projeto em parceria para o desenvolvimento de tecnologias protéticas e ortopédicas utilizando materiais poliméricos e compósitos
O desenvolvimento de tecnologias protéticas e ortopédicas por meio de materiais poliméricos e compósitos é o objetivo do projeto PdComp, coordenado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e que teve início no último mês de junho. Neste contexto, será desenvolvida uma prótese de membro inferior (pé) em material compósito, satisfazendo exigências de conforto, durabilidade e baixo custo aos pacientes, em comparação com as soluções existentes no Brasil.
No mercado brasileiro, a maior parte dos usuários depende atualmente de próteses de pés convencionais rígidos do tipo SACH (Solid Ankle Cushioned Heel), que são mais indicadas para pacientes com baixa atividade física, para viabilizar a dinâmica da marcha. Neste caso, o ideal é o uso de pés protéticos que permitam armazenar e liberar a energia elástica envolvida, os quais são feitos de compósitos e geralmente importados e de alto custo.
Com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e suporte administrativo da Fundação de Apoio ao IPT (FIPT), o projeto será desenvolvido em parceria com outras instituições, onde o Laboratório de Estruturas Leves do IPT é responsável pela seleção e pelo desenvolvimento de componentes em compósitos, além de ser responsável pela coordenação e pelo projeto de manufatura destes componentes e sua avaliação física, enquanto o Laboratório de Celulose, Papel e Embalagem, também do IPT, é responsável pela seleção e desenvolvimento de componentes poliméricos, sendo responsável pela manufatura dos elementos poliméricos da prótese, lembrando que um dos desafios do projeto é a adequada seleção de materiais e processos que permita conciliar desempenho, peso e custo.
Outra instituição que participa deste projeto é o INT (Instituto Nacional de Tecnologia), com o Laboratório de Modelos Tridimensionais, que neste projeto é responsável pelo design otimizado para o pé protético, além do Laboratório de Tecnologia Assistiva e Inclusão (especializado no desenvolvimento de metodologias e equipamentos em biomecânica) executará as avaliações e analisará as respostas corporais dos pacientes de acordo com a realização de certos movimentos pelos mesmos.
Finalmente, a empresa MAXi Science, que trabalha com o desenvolvimento de negócios de tecnologia e inovação em saúde e esporte, será a responsável pela supervisão médica, lembrando que, para a avaliação da funcionalidade do protótipo desenvolvido, o projeto do protótipo será levado para apreciação e aprovação de um comitê de ética em pesquisa, que também foi considerado para o projeto.
PROJETOS DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS – Este não é o primeiro projeto do IPT destinado à elaboração de próteses: em 2016, o Laboratório de Processos Metalúrgicos do Instituto foi responsável por um estudo via manufatura aditiva metálica para o desenvolvimento de próteses do tipo interna, com ligas metálicas, que tinham o objetivo de substituir uma estrutura óssea. O desafio estava em desenvolver e fabricar um componente capaz de suportar cargas mecânicas em um meio corrosivo sem agredir tecidos orgânicos.
“O projeto PdComp busca utilizar materiais compósitos e poliméricos para viabilizar a mobilidade de pessoas com membros amputados, via uma prótese do tipo externa”, explica o pesquisador do Laboratório de Estruturas Leves, Mario Henrique Fernandes Batalha. “O maior desafio é combinar o tipo e a proporção de materiais de modo a adequar a absorção e a liberação de energia que envolve a dinâmica da marcha. O estudo também considera o conforto do usuário por meio do acompanhamento de especialistas, além de viabilidade comercial”.
Segundo o pesquisador, existem iniciativas para o desenvolvimento de próteses utilizando materiais poliméricos e compósitos, em sua grande maioria em nível acadêmico, mas contemplando apenas parte do desenvolvimento – por exemplo, estudos com foco no design da prótese.
“A proposta desse projeto busca combinar de maneira integrada as diferentes áreas do conhecimento necessárias para o desenvolvimento de uma prótese desde o seu conceito, sua fabricação, avaliação física e funcional. Essas visões complementares sobre o mesmo desafio permitem identificar e superar barreiras associadas ao custo, à funcionalidade e à adoção pelo usuário, viabilizando a escolha dessa tecnologia pelo mercado nacional e usuários de próteses”, afirma o pesquisador.
Após a finalização do atual projeto, a rede tecnológica criada poderá difundir o conhecimento gerado e desenvolver ou agregar valor a produtos ortopédicos e protéticos fornecidos por empresas brasileiras via colaborações por projetos de P&D&I ou serviços tecnológicos.