Restauração do Museu de Arte de São Paulo conta com a participação do IPT na implantação de sistema de monitoramento da corrosão na estrutura de concreto
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) iniciou no mês de abril o restauro da estrutura do prédio localizado na Avenida Paulista e, entre as obras, está a execução de reparos nos pilares e nas vigas da estrutura do edifício, que estão sujeitos à corrosão das armaduras induzida pela carbonatação do concreto. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) participa do projeto com a avaliação da corrosão e a instalação de um sistema de monitoramento em diferentes áreas da estrutura.
Técnicas tradicionais de restauro serão aplicadas, seguidas da impregnação da superfície com inibidor de corrosão e de sistema de pintura protetiva. Como parte das atividades de restauro, o MASP solicitou ao IPT a instalação de um sistema de monitoração do estado das armaduras para dar subsídios à tomada de decisões de desempenho das técnicas aplicadas contra a corrosão.
“Com isso, pode ser otimizado o planejamento de atividades de manutenção e, portanto, prolongada a vida útil da estrutura e preservado o aspecto estético da superfície do concreto. Isso é muito importante para obras do patrimônio moderno”, explica a pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT, Adriana de Araujo.
No exterior, o monitoramento da corrosão é realizado usualmente por meio da inserção de eletrodos de referência e sensores nas estruturas. Estão disponíveis diferentes fornecedores desses componentes, de reconhecida efetividade, sendo os mesmos embutidos no concreto para a obtenção de dados por leitura direta, pelo armazenamento de dados ou, ainda, por transmissão remota em tempo real.
“Não temos disponíveis no mercado brasileiro sistemas de monitoramento para concreto armado. Eles são pouco conhecidos e utilizados. Por conta disso, a instalação de sistemas completos e eficientes aqui no país demanda a importação de sensores e equipamentos, o que resulta em custos elevados e prazos de execução longos”, afirma a pesquisadora.
Com os conhecimentos adquiridos pelo laboratório do IPT de técnicas aplicadas, está sendo desenvolvido um dispositivo simples que possibilitará o monitoramento dos estados passivo e ativo de corrosão da armadura na região de reparos estruturais localizados. O sistema de monitoramento proposto será instalado em seis regiões definidas pela equipe responsável pelos trabalhos de reabilitação.
Este dispositivo será constituído de eletrodos de referência que permitem obter o potencial de circuito aberto (PCA) da armadura e, também, de um elemento de aço inoxidável que possibilita obter o potencial da macrocélula (PM) e, assim, determinar a carga acumulada (CA) que indica a intensidade de corrosão.
Esses elementos serão embutidos em áreas de reparo, sendo previamente realizada na região uma série de ensaios, com destaque para mapas de potencial de corrosão das armaduras e medição da resistividade elétrica do concreto. O dispositivo é fixado no concreto atrás da armadura mais externa, após o seu tratamento superficial. Nessa armadura, é necessário instalar um terminal elétrico para possibilitar a sua avaliação pelas técnicas aplicadas.
A argamassa de reparo é aplicada logo em seguida da fixação do dispositivo. Após a cura da argamassa, é fixado na superfície do concreto um quadro de medição, constando os terminais dos eletrodos de referência e do sistema de avaliação do potencial da macrocélula.