P&D em áreas contaminadas

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A revitalização de antigas áreas industriais, também conhecidos como brownfields, quase sempre está associada a grandes desafios técnicos, por conta de sua extensão, tempo de exposição e, muitas vezes, pela mudança das ocupações vizinhas, estando cada vez mais caracterizadas por construções residenciais.

Para solucionar o problema ambiental e desenvolver técnicas e soluções que considerem particularidades como clima, solo e microrganismos, a equipe da Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) continua as ações de investigação ambiental, iniciadas em 2014, para a recuperação do terreno contaminado de sua antiga unidade de tratamento de madeira localizada no bairro do Jaguaré (UTM Jaguaré), na cidade de São Paulo. Seguindo uma abordagem com os princípios da ESG aplicados na gestão do projeto, o objetivo não é apenas resolver o problema, mas otimizar os recursos e propiciar o desenvolvimento de métodos e tecnologias para a população.
 
Ao longo do ano de 2022, foram realizadas diversas intervenções para remoção da contaminação, nas quais a equipe do IPT aplicou no terreno uma série de métodos desenvolvidos com foco em hidrocarbonetos, como a delimitação e a cubagem do projeto de escavação realizado por modelagem matemática, integrando informações de múltiplas origens, como ferramentas de HSRC, dados químicos e geofísica, possibilitando uma precisão e otimização dos recursos do projeto.

Foi feita também a identificação das zonas de fluxo e o acompanhamento dos processos biogeoquímicos de atenuação natural –
Ensaios de identificação e potencial de biodegradação estão sendo realizados no Laboratório de Biotecnologia Industrial do IPT
Ensaios de identificação e potencial de biodegradação estão sendo realizados no Laboratório de Biotecnologia Industrial do IPT
foram aplicados, além das técnicas convencionais de análise química, métodos de perfilagem de raios gamma e classificações microbiológicas. 
 
REDE DE PESQUISAS – Por conta da complexidade do comportamento do creosoto (produto utilizado durante o período de operação da unidade de tratamento, que foi desativada em 1997), diversas pesquisas estão sendo conduzidas paralelamente ao projeto de mitigação, com foco na caracterização e identificação indireta dos contaminantes, no comportamento de fluxo subterrâneo e na remediação.
 
Antes mesmo do início da execução dos trabalhos de intervenção, um hub de desenvolvimento foi criado em 2017 para avaliar a área do terreno em um projeto-piloto. Hoje, a rede continua suas atividades e conta com professores e pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia Industrial do IPT, do IAG-USP, do Departamento de Engenharia Química Poli-USP, da UNIFESP e da Seequent, atuando de diversas formas em ensaios de laboratório e campo, interpretação de dados e fornecimento de software. Os grupos estão explorando diversos métodos, incluindo desde sistemas indiretos de aquisição de dados, passando por modelagem matemática integrada  e indo até a classificação metagenômica de microrganismos.
 
Este hub, que está sob a coordenação do pesquisador Alexandre Muselli Barbosa, trouxe como frutos nestes cinco anos a geração de 28 produções técnico-científicas (nacionais e internacionais) e 17 formações acadêmicas entre TCCs, mestrados e doutorados.



“Esta iniciativa demonstra como a pesquisa aplicada é importante e que é viável o desenvolvimento do conhecimento atrelado aos projetos de recuperação ambiental”, afirma o pesquisador. “Existem no Brasil diversas áreas impactadas com cenários complexos e que poderiam utilizar esta abordagem, envolvendo parcerias com centros de pesquisas para a construção de uma solução otimizada e adequada ao problema, a fim de garantir o sucesso do projeto”.
 
Para a execução dos trabalhos de intervenção, por exemplo, uma novidade está no fornecimento pela empresa Seequent de uma licença gratuita do software ‘Leapfrog’ para aplicação em áreas contaminadas, que está permitindo o uso de várias informações simultâneas para a modelagem matemática. “É uma ferramenta usada há muito tempo em mineração e agora estamos explorando seu potencial em projetos de remediação de terrenos complexos”, exemplifica Barbosa.
 
O projeto de reabilitação da UTM Jaguaré tem estimativa de encerramento em 2027 e atualmente se encontra em sua segunda fase, na qual será realizada a determinação das extensões do impacto. 
 
 

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