*IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
**IO-USP–Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
***Applied Science Consultoria Ltda.–ASA South
Resumo:
Os métodos geofísicos constituem ferramentas de investigação fundamentais para o desenvolvimento de projetos em áreas submersas, principalmente pela característica de inacessibilidade destas áreas pelos métodos convencionais de investigação. Em projetos de construção ou ampliação de portos, de dragagem ou escolha de áreas de descarte, ou no mapeamento de obstáculos à navegação (embarcações naufragadas, afloramentos rochosos, etc.) são os métodos geofísicos, como a batimetria, a sonografia e a perfilagem sísmica contínua, que possibilitam a identificação de características geológicas e geotécnicas da superfície de fundo e da subsuperfície, como nenhum outro método de investigação. Espessura da coluna d’água e da coluna sedimentar, profundidade do embasamento rochoso, localização de estruturas sedimentares resultantes da ação das marés e das correntes, mapeamento de afloramentos rochosos e localização de embarcações naufragadas, que são obstáculos à navegação e também aos projetos de dragagem, são algumas das características de superfícies submersas que podem ser dimensionadas a partir da execução de levantamentos geofísicos. (Prior & Hooper 1999, Souza 2006, 2008, Blondel 2009 e IPT 2010a,b). Projetos de construção ou ampliação de portos sempre concentraram esforços de investigação, por meio de métodos diretos e indiretos, na área portuária propriamente dita. Até muito recentemente não havia preocupação específica com a área de descarte do material a ser dragado, e, portanto estas áreas não eram adequadamente avaliadas. Com a necessidade de maior controle ambiental em projetos desta natureza, o estudo detalhado do ambiente de deposição do material dragado passou a ser também relevante. Assim, nos dias atuais, o controle ambiental de projetos de obras portuárias passou também a contemplar extenso processo de investigação das áreas de descarte.Os métodos de investigação tradicionalmente utilizados em áreas portuárias são também aplicáveis nos estudos de áreas de descarte, tendo em vista que, para o conhecimento detalhado destas áreas, há necessidade de se conhecer as características originais da superfície de fundo e as características adquiridas durante o processo de deposição dos materiais dragados. Existem várias experiências na Europa, Canadá e EUA mostrando a importância do uso destas ferramentas de investigação em projetos desta natureza (Wright et al., 1987; Kayabali 1996, Mosher & Currie, 1997; Chavez & Karl, 1995;Torresan et al. 1995; Du Four & Lanckera 2008, Blondel, 2009;Tauber 2009, ). Basicamente a geofísica pode contribuir em estudos de áreas de descarte utilizando-se de 3 métodos sísmicos distintos, que podem ser utilizados separadamente ou simultaneamente, o que seria o ideal:
1 – BATIMETRIA: Método sísmico que, por meio da propagação do som na água, detecta a espessura da coluna d’água. A simples comparação entre perfis batimétricos obtidos em períodos distintos, permite identificar as alterações na topografia de fundo no período, a qual por sua vez tem íntima relação com a ocorrência ou não de acúmulo de sedimentos. Métodos ecobatimétricos mais modernos permitem ainda obter subprodutos de dados batimétricos que podem ser diretamente relacionados com a natureza do fundo.
2 – SONOGRAFIA: Método sísmico que lida com altas freqüências, comumente superiores a 100khz, gerando imagens do assoalho marinho análogas a fotografias aéreas. A comparação entre as texturas das imagens do fundo oceânico obtidas em períodos distintos permite o monitoramento da superfície de fundo ao longo do
processo de deposição. Mosher & Currie 1997, executaram monitoramento de área de descarte no Canadá utilizando sonar de varredura lateral com interessantes resultados. Alterações na textura da superfície de fundo identificada por esses autores permitiu concluírem sobre o desenvolvimento do processo de deposição e o mapeamento das alterações faciológicas ocorridas no processo de deposição e dispersão dos sedimentos.
3 – PERFILAGEM SÍSMICA CONTÍNUA: Método sísmico que utiliza fontes acústicas com sinais de freqüências inferiores a 10 kHz, e que penetram na superfície de fundo, possibilitando a identificação da espessura das camadas sedimentares acumuladas no período e, portanto, o acompanhamento ou o monitoramento, do processo de deposição e erosão, conseqüência dos movimentos de descarte nas operações de dragagem.
Os resultados dos três métodos geofísicos descritos acima serão sempre melhor analisados quando confrontados com outras informações (sondagens, outros dados geofísicos etc), a se destacar: medidas de correntes, análises de sedimentos de fundo, sedimentos em suspensão, fotografias de fundo etc. Cada um dos métodos descritos contribui individualmente para o processo de mapeamento detalhado da superfície de fundo da área de interesse, mas, se executados simultaneamente, o produto final certamente conduzirá a uma melhor compreensão dos processos sedimentares atuantes na área de descarte, e por sua vez, das questões ambientais correlacionadas. Finalmente, o produto do uso conjunto destas ferramentas de investigação, associado às demais contribuições de outros métodos de investigação (amostragens de sedimentos de fundo, em suspensão, medidas de vazão, correntes etc.) contribuem efetivamente para o processo de validação do modelo dinâmico proposto para a área.
Referência:
SOUZA, Luiz Antonio Pereira de; TESSLER, Moysés Gonsalez; YASSUDA, Eduardo. Importância dos métodos geofísicos no estudo de áreas de descarte. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 45., 2010, Belém. Resumo expandido… 4 p.
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https://escriba.ipt.br/pdf_restrito/169176.pdf
**IO-USP–Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
***Applied Science Consultoria Ltda.–ASA South
Resumo:
Os métodos geofísicos constituem ferramentas de investigação fundamentais para o desenvolvimento de projetos em áreas submersas, principalmente pela característica de inacessibilidade destas áreas pelos métodos convencionais de investigação. Em projetos de construção ou ampliação de portos, de dragagem ou escolha de áreas de descarte, ou no mapeamento de obstáculos à navegação (embarcações naufragadas, afloramentos rochosos, etc.) são os métodos geofísicos, como a batimetria, a sonografia e a perfilagem sísmica contínua, que possibilitam a identificação de características geológicas e geotécnicas da superfície de fundo e da subsuperfície, como nenhum outro método de investigação. Espessura da coluna d’água e da coluna sedimentar, profundidade do embasamento rochoso, localização de estruturas sedimentares resultantes da ação das marés e das correntes, mapeamento de afloramentos rochosos e localização de embarcações naufragadas, que são obstáculos à navegação e também aos projetos de dragagem, são algumas das características de superfícies submersas que podem ser dimensionadas a partir da execução de levantamentos geofísicos. (Prior & Hooper 1999, Souza 2006, 2008, Blondel 2009 e IPT 2010a,b). Projetos de construção ou ampliação de portos sempre concentraram esforços de investigação, por meio de métodos diretos e indiretos, na área portuária propriamente dita. Até muito recentemente não havia preocupação específica com a área de descarte do material a ser dragado, e, portanto estas áreas não eram adequadamente avaliadas. Com a necessidade de maior controle ambiental em projetos desta natureza, o estudo detalhado do ambiente de deposição do material dragado passou a ser também relevante. Assim, nos dias atuais, o controle ambiental de projetos de obras portuárias passou também a contemplar extenso processo de investigação das áreas de descarte.Os métodos de investigação tradicionalmente utilizados em áreas portuárias são também aplicáveis nos estudos de áreas de descarte, tendo em vista que, para o conhecimento detalhado destas áreas, há necessidade de se conhecer as características originais da superfície de fundo e as características adquiridas durante o processo de deposição dos materiais dragados. Existem várias experiências na Europa, Canadá e EUA mostrando a importância do uso destas ferramentas de investigação em projetos desta natureza (Wright et al., 1987; Kayabali 1996, Mosher & Currie, 1997; Chavez & Karl, 1995;Torresan et al. 1995; Du Four & Lanckera 2008, Blondel, 2009;Tauber 2009, ). Basicamente a geofísica pode contribuir em estudos de áreas de descarte utilizando-se de 3 métodos sísmicos distintos, que podem ser utilizados separadamente ou simultaneamente, o que seria o ideal:
1 – BATIMETRIA: Método sísmico que, por meio da propagação do som na água, detecta a espessura da coluna d’água. A simples comparação entre perfis batimétricos obtidos em períodos distintos, permite identificar as alterações na topografia de fundo no período, a qual por sua vez tem íntima relação com a ocorrência ou não de acúmulo de sedimentos. Métodos ecobatimétricos mais modernos permitem ainda obter subprodutos de dados batimétricos que podem ser diretamente relacionados com a natureza do fundo.
2 – SONOGRAFIA: Método sísmico que lida com altas freqüências, comumente superiores a 100khz, gerando imagens do assoalho marinho análogas a fotografias aéreas. A comparação entre as texturas das imagens do fundo oceânico obtidas em períodos distintos permite o monitoramento da superfície de fundo ao longo do
processo de deposição. Mosher & Currie 1997, executaram monitoramento de área de descarte no Canadá utilizando sonar de varredura lateral com interessantes resultados. Alterações na textura da superfície de fundo identificada por esses autores permitiu concluírem sobre o desenvolvimento do processo de deposição e o mapeamento das alterações faciológicas ocorridas no processo de deposição e dispersão dos sedimentos.
3 – PERFILAGEM SÍSMICA CONTÍNUA: Método sísmico que utiliza fontes acústicas com sinais de freqüências inferiores a 10 kHz, e que penetram na superfície de fundo, possibilitando a identificação da espessura das camadas sedimentares acumuladas no período e, portanto, o acompanhamento ou o monitoramento, do processo de deposição e erosão, conseqüência dos movimentos de descarte nas operações de dragagem.
Os resultados dos três métodos geofísicos descritos acima serão sempre melhor analisados quando confrontados com outras informações (sondagens, outros dados geofísicos etc), a se destacar: medidas de correntes, análises de sedimentos de fundo, sedimentos em suspensão, fotografias de fundo etc. Cada um dos métodos descritos contribui individualmente para o processo de mapeamento detalhado da superfície de fundo da área de interesse, mas, se executados simultaneamente, o produto final certamente conduzirá a uma melhor compreensão dos processos sedimentares atuantes na área de descarte, e por sua vez, das questões ambientais correlacionadas. Finalmente, o produto do uso conjunto destas ferramentas de investigação, associado às demais contribuições de outros métodos de investigação (amostragens de sedimentos de fundo, em suspensão, medidas de vazão, correntes etc.) contribuem efetivamente para o processo de validação do modelo dinâmico proposto para a área.
Referência:
SOUZA, Luiz Antonio Pereira de; TESSLER, Moysés Gonsalez; YASSUDA, Eduardo. Importância dos métodos geofísicos no estudo de áreas de descarte. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 45., 2010, Belém. Resumo expandido… 4 p.
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https://escriba.ipt.br/pdf_restrito/169176.pdf