Com o intuito de avaliar aspectos de ordem tecnológica e de desempenho, o engenheiro civil Daniel Farias da Silva Bernardo está realizando a documentação do Edifício Copan a fim de caracterizar suas fundações e o meio físico ao redor da edificação.
O estudo é parte da sua dissertação de mestrado, sob a orientação da professora Fabiana Lopes de Oliveira, do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e a coorientação da pesquisadora Gisleine Coelho Campos, da Seção de Obras Civis do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Considerado o maior complexo habitacional do Brasil,
a construção em concreto armado possui 1.160 apartamentos, distribuídos em 32 andares e 115 mil metros quadrados de área construída.
A documentação passa tanto pelo resgate dos projetos e dos documentos técnicos originais (dispersos em diferentes acervos, tais como o do próprio condomínio Copan, o da FAUUSP e o do IPT, entre outros), dos registros históricos da literatura nacional e pela aquisição de novos dados pelo estado da arte de levantamentos geométricos e da investigação geotécnica.
"O resgate da tecnologia envolvida em sua concepção estrutural é essencial tanto para a manutenção e a preservação de sua integridade física, como para a documentação e manutenção de sua história", afirma Oliveira. "A história do Copan se confunde, de certa forma, com a própria história do desenvolvimento tecnológico nacional, como em tantos outros edifícios históricos espalhados pela cidade de São Paulo, que aguardam a devida atenção", completa Campos.
HISTÓRIA – O Copan começou a ser construído em 1952 e foi tombado em 2012 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), por seu notável valor histórico, arquitetônico, urbanístico e paisagístico.
O projeto arquitetônico, que ficou a cargo do arquiteto Oscar Niemeyer, com a colaboração de Carlos Lemos, possui características alinhadas com o movimento moderno (como a presença do pilotis, que é o sistema construtivo em que uma edificação é sustentada através de uma grelha de pilares em seu pavimento térreo) que teriam grande impacto nas soluções estruturais adotadas.
"Ao longo dos anos iniciais de desenvolvimento da tecnologia do concreto armado no Brasil, o aumento exponencial dos níveis de exigência, imposto pelas demandas do setor da construção civil e pela incorporação de edifícios altos, desafiou os campos de projetos estruturais e de fundações, acostumados a outras ordens de grandeza e de controle", explica Bernardo. " A consolidação do IPT como instituição capacitada para orientação no controle tecnológico destas obras em São Paulo foi fundamental para tais feitos da arquitetura e da engenharia".
O estudo deve contemplar grandes nomes da engenharia, tais como o pesquisador Milton Vargas (IPT), os engenheiros Oswaldo de Moura Abreu, Waldemar Tietz, Nelson de Barros Camargo e Paulo Franco da Rocha, além de importantes empresas do setor da época, como a Geotécnica S.A., a Companhia Nacional da Indústria e da Construção (CNI) e a Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas (Civilhidro); cujas participações foram decisivas para a materialização do Copan.