Bons ventos no esporte

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A bola da Penalty que será utilizada no Campeonato Paulista de Futebol em 2020 manteve a mesma “pegada” ecológica do ano anterior, mas trouxe um novo design, agora com 14 gomos. A nova configuração não tem a ver apenas com estética, mas com aerodinâmica: a evolução tecnológica da S11 Ecoknit, que resultou em uma bola mais veloz, é fruto de uma parceria da Penalty com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a partir da qual diversos testes foram realizados para garantir a eficiência da bola.

Bola que será utilizada no Paulistão 2020 passou por testes no túnel de vento do IPT
Bola que será utilizada no Paulistão 2020 passou por testes no túnel de vento do IPT
“A Penalty trabalha junto ao IPT há alguns anos e testou bolas com diversas construções para chegar ao modelo atual”, conta Gilder Nader, pesquisador do IPT e coordenador do trabalho. “Diferente das tradicionais, de 32 gomos, ela foi construída com 14 gomos, o que a torna mais veloz, mas também contém soldas profundas e pequenos sulcos ao longo de toda a sua superfície (chanfros), que aumentam a resistência contra o ar, oferecendo um bom controle aerodinâmico”, explica.

A aerodinâmica das bolas de futebol vem recebendo mais atenção desde a polêmica bola da Copa do Mundo de 2010. Sua construção lisa e com apenas seis gomos foi pensada para torná-la extremamente rápida, mas teve um efeito colateral: a bola ficou conhecida pelas trajetórias para lá de erráticas, que deixavam jogadores e goleiros desconcertados.

Isso acontecia por conta de um fenômeno denominado crise do arrasto, em que a resistência do ar aumenta subitamente sobre o objeto em determinada velocidade, causando oscilação. Como a estrutura da bola baixava a sua resistência contra o ar, a crise do arrasto acontecia em velocidades altas – cerca de 90 km/h, mais ou menos a velocidade de um chute forte de um jogador. A flutuação provocada pelo fenômeno fazia com que ela mudasse muito de direção, e muito rápido.

Os ensaios em túnel de vento, em velocidades de 30 km/h a 140 km/h para avaliar a aerodinâmica, e em canhão, a 100 km/h para avaliar a trajetória, mostram que na S11 Ecoknit a crise do arrasto acontece em velocidades mais baixas – de 50 km/h a 60 km/h, como na maioria das bolas de futebol. Só que nessa bola, a força exercida pelo ar em sua superfície durante a crise do arrasto se mantém constante, e o resultado é que a flutuação quase não acontece – a bola é, portanto, muito mais precisa.

“Usando uma analogia, para a bola é mais ou menos como seria estar andando ou correndo na areia em direção ao mar. Se você estiver em uma velocidade alta, vai sentir a oscilação com muito mais intensidade quando entrar na água do que se estiver andando”, compara. “Por isso, a crise do arrasto em velocidades mais baixas provoca menor oscilação, e no caso dessa bola, quase nenhuma”.

Apesar de os gomos não serem todos idênticos, Nader conta ainda que a bola formatada pela Penalty é bastante simétrica, o que ajuda ainda mais na precisão do jogador – bolas que contêm estrelas, por exemplo, ou gomos muito distintos, podem apresentar saliências, o que faz com que tenham trajetórias diferentes dependendo do ponto em que forem chutadas ou quicarem no chão.

“A Penalty chegou em uma construção excelente (da bola) para as melhores competições do mundo. Talvez os jogadores possam ter uma sensação de que ela é levemente mais pesada em comparação às outras, por exemplo, mas na verdade ela só é mais resistente ao ar. É uma bola muito precisa”, avalia.

Segundo o pesquisador, o estudo da aerodinâmica das bolas foi muito importante para o futebol, uma vez que permitiu o desenvolvimento de novos formatos e designs, pensados especificamente para garantir a qualidade cada vez mais alta do esporte – sempre voltada a salientar a habilidade do jogador.

“Por muitas décadas, nós utilizamos a bola tradicional de 32 gomos, que realmente é muito boa. Mas com o estudo da aerodinâmica, já tivemos bolas excelentes com construções totalmente diferentes, tanto em campeonatos brasileiros quanto na Copa do Mundo, por exemplo. Percebemos que os resultados assegurados pelos ensaios correspondem à opinião dos jogadores quando a bola está em jogo”, conclui Nader.

A S11 ECOKNIT – A S11 Ecoknit foi apresentada em 2018 como a primeira bola de futebol profissional sustentável do mundo, revestida por tecido ecológico confeccionado com garrafas PET recicladas. Sua estreia foi no Campeonato Paulista de 2019. Para 2020, a Penalty continuou reciclando quatro garrafas e meia para cada unidade produzida.

Certificada pela FIFA, a S11 Ecoknit possui superfície externa que favorece a aerodinâmica. Por dentro, é composta por uma câmara 6D que proporciona equilíbrio total à bola e camada de NEOTEC que a torna menos rígida, sem perder elasticidade. Para a união dos 14 gomos com a estrutura interna, a empresa utiliza tecnologia Termotec, de termofusão, que garante 0% absorção de água, mantém as propriedades de peso e velocidade da bola, mesmo em condições de chuva forte.

Além dos testes laboratoriais no IPT, a marca apostou em avaliações em campo e no feedback de atletas e instituições sobre o modelo anterior, segundo os quais a bola foi aprovada nos quesitos precisão, maciez, velocidade e controle.

Além do Campeonato Paulista de Futebol e mais seis estaduais, a S11 Ecoknit também foi utilizada na Copa São Paulo de Futebol Junior, e marcará presença na Série B do Campeonato Brasileiro.

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