Realizado em São Paulo no dia 9 de outubro, o segundo evento do ciclo de painéis ‘C&T&I para a Sustentabilidade (CTI – ODS 2030)’ colocou em debate o tema ‘Mulheres na Ciência’. Realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o encontro contou com a participação de pesquisadoras, gestoras da área de C&T&I erepresentantes da comunidade científica e tecnológica de todo o Brasil, além de representantes de governos e iniciativa privada.
Os eventos são realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O ciclo de painéis conta, ainda, com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O painel ‘Mulheres na ciência’ começou com uma apresentação da presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, e teve como debatedoras a presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Zehbour Panossian; a líder de Diversidade e Inclusão da Oracle na América Latina, Daniele Botaro; e Alice Rangel de Paiva Abreu, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretora do GenderInSITE, um programa internacional para a questão de gênero em ciência, tecnologia, inovação e engenharia.
A cofundadora da Rede ODS Brasil, Patrícia Menezes, contextualizou os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Em seguida, as participantes do painel discutiram aspectos das contribuições das mulheres na ciência, e como isso pode ser um vetor para promover o alcance dos ODS. O ciclo é formado por seis painéis realizados ao longo de 2018. Os demais debates serão promovidos em diferentes cidades brasileiras. O primeiro realizou-se em Belém (PA), com foco em biodiversidade.
O QUE É – O Projeto Painéis CTI ODS 2030 visa expandir a conscientização da sociedade sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação no atendimento da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para isso, o MCTIC e o CGEE, em articulação com o PNUD, organizaram o ciclo de painéis, com seis grandes temas: biodiversidade; mulheres na ciência; tecnologia & emprego; conhecimento científico; Nexus: segurança hídrica, energética e alimentar; e transformações sociais.
Em cada evento há um(a)conferencista/mediador(a) e três debatedores(as) que tratam de temas relacionados com sustentabilidade, considerando as contribuições da C&T&I para o alcance dos ODS. Cada debate é orientado por um conjunto de sínteses produzidas previamente a cargo de conferencistas. O formato do ciclo considera as diferentes visões dos produtores e consumidores de C&T&I e procura facilitar os debates, empregando tecnologias de informação e comunicação. Os achados do ciclo de conferências são consolidados em um documento propositor de política (policy paper), a ser divulgado em novembro deste ano.
DEBATES – Transmitida ao vivo no canal do CGEE no Youtube, a seção dos debates, nesta edição do ‘Mulheres na ciência’, encerrou o evento e esteve aberta a perguntas do público, permitindo assim variedade e diversidade nos enfoques dos temas abordados. No início dos trabalhos, a atriz e apresentadora Maria Paula, que é também embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano do Ministério da Saúde, falou de um estereótipo feminino na sociedade brasileira que reforça a cultura machista. “Buscamos a pacificação em nossas relações. No I Ching (oráculo chinês), o oposto de paz não é guerra, mas estagnação. Paz é atitude, é a prática da não-violência ativa, como pregava Gandhi”, comentou.
Alice Abreu analisou as questões do dia a dia da pesquisadora em seu ambiente de trabalho. “Não são propriamente os grandes problemas que causam impactos psicológicos maiores, mas as pequenas ‘picadas de mosquito’. Aqueles comentários que discriminam questionando, muitas vezes em tom de brincadeira, a capacidade das mulheres”.
Para Daniele Botaro, a igualdade de gênero beneficiará não só às mulheres, mas também os homens. As políticas públicas poderiam ajudar em questões de igualdade como, por exemplo, no caso do IPT, em que homens pedem acesso à creche para seus filhos: "O direito deveria mesmo contemplar homens e mulheres igualmente. Igualdade enriquece e é sempre bem-vinda.”
A palestrante do evento, Helena Nader, destacou o papel da ciência, e das mulheres em particular, no resgate de parcela mais fragilizada da população por meio de políticas públicas como o programa Fome Zero: “Os ministérios que cuidam de ciência e tecnologia e de educação são os mais importantes para se alcançar os 17 objetivos de sustentabilidade em nosso país. O Brasil dispõe de terra e água para dar suporte a programas de segurança alimentar e depende da geração de conhecimento para isso. O papel das redes também é fundamental para o trabalho de cientistas e mulheres. Precisamos ter condições de garantir aos nossos jovens que eles podem ser o que quiserem. Lembrando que a construção de instituições sólidas leva tempo. A Capes, por exemplo, foi criada há 68 anos”.
Zehbour Panossian, diretora-presidente e membro do Conselho de Administração do IPT, apontou as mudanças na sua linha do tempo. “Quando entrei no Instituto de Física da USP (1981), éramos 150 alunos e só duas mulheres. Hoje, muitas meninas cursam Física na instituição. A igualdade tem que estar presente em tudo. Quando assumi a direção do IPT, falei a vários grupos que criei para facilitar a conversa. Havia grupos de jovens e idosos, pesquisadores e administrativos, profissionais de políticas públicas e indústria, homens e mulheres. A partir desses grupos pudemos pensar e reforçar nossa compreensão sobre a importância da igualdade no local de trabalho. Se pensarmos de modo desigual, idosos e jovens, por exemplo, podemos imaginar-nos eliminando uns aos outros. Com isto, todos perdem. Se jovens descartam os mais idosos, perderão a oportunidade de ter acesso ao seu conhecimento. Por outro lado, se os idosos eliminarem os jovens, o próprio Instituto estará condenado. Da mesma forma, a cooperação entre homens e mulheres é a mais produtiva”.
Os eventos são realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O ciclo de painéis conta, ainda, com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O painel ‘Mulheres na ciência’ começou com uma apresentação da presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, e teve como debatedoras a presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Zehbour Panossian; a líder de Diversidade e Inclusão da Oracle na América Latina, Daniele Botaro; e Alice Rangel de Paiva Abreu, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretora do GenderInSITE, um programa internacional para a questão de gênero em ciência, tecnologia, inovação e engenharia.
A cofundadora da Rede ODS Brasil, Patrícia Menezes, contextualizou os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Em seguida, as participantes do painel discutiram aspectos das contribuições das mulheres na ciência, e como isso pode ser um vetor para promover o alcance dos ODS. O ciclo é formado por seis painéis realizados ao longo de 2018. Os demais debates serão promovidos em diferentes cidades brasileiras. O primeiro realizou-se em Belém (PA), com foco em biodiversidade.
O QUE É – O Projeto Painéis CTI ODS 2030 visa expandir a conscientização da sociedade sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação no atendimento da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para isso, o MCTIC e o CGEE, em articulação com o PNUD, organizaram o ciclo de painéis, com seis grandes temas: biodiversidade; mulheres na ciência; tecnologia & emprego; conhecimento científico; Nexus: segurança hídrica, energética e alimentar; e transformações sociais.
Em cada evento há um(a)conferencista/mediador(a) e três debatedores(as) que tratam de temas relacionados com sustentabilidade, considerando as contribuições da C&T&I para o alcance dos ODS. Cada debate é orientado por um conjunto de sínteses produzidas previamente a cargo de conferencistas. O formato do ciclo considera as diferentes visões dos produtores e consumidores de C&T&I e procura facilitar os debates, empregando tecnologias de informação e comunicação. Os achados do ciclo de conferências são consolidados em um documento propositor de política (policy paper), a ser divulgado em novembro deste ano.
DEBATES – Transmitida ao vivo no canal do CGEE no Youtube, a seção dos debates, nesta edição do ‘Mulheres na ciência’, encerrou o evento e esteve aberta a perguntas do público, permitindo assim variedade e diversidade nos enfoques dos temas abordados. No início dos trabalhos, a atriz e apresentadora Maria Paula, que é também embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano do Ministério da Saúde, falou de um estereótipo feminino na sociedade brasileira que reforça a cultura machista. “Buscamos a pacificação em nossas relações. No I Ching (oráculo chinês), o oposto de paz não é guerra, mas estagnação. Paz é atitude, é a prática da não-violência ativa, como pregava Gandhi”, comentou.
Alice Abreu analisou as questões do dia a dia da pesquisadora em seu ambiente de trabalho. “Não são propriamente os grandes problemas que causam impactos psicológicos maiores, mas as pequenas ‘picadas de mosquito’. Aqueles comentários que discriminam questionando, muitas vezes em tom de brincadeira, a capacidade das mulheres”.
Para Daniele Botaro, a igualdade de gênero beneficiará não só às mulheres, mas também os homens. As políticas públicas poderiam ajudar em questões de igualdade como, por exemplo, no caso do IPT, em que homens pedem acesso à creche para seus filhos: "O direito deveria mesmo contemplar homens e mulheres igualmente. Igualdade enriquece e é sempre bem-vinda.”
A palestrante do evento, Helena Nader, destacou o papel da ciência, e das mulheres em particular, no resgate de parcela mais fragilizada da população por meio de políticas públicas como o programa Fome Zero: “Os ministérios que cuidam de ciência e tecnologia e de educação são os mais importantes para se alcançar os 17 objetivos de sustentabilidade em nosso país. O Brasil dispõe de terra e água para dar suporte a programas de segurança alimentar e depende da geração de conhecimento para isso. O papel das redes também é fundamental para o trabalho de cientistas e mulheres. Precisamos ter condições de garantir aos nossos jovens que eles podem ser o que quiserem. Lembrando que a construção de instituições sólidas leva tempo. A Capes, por exemplo, foi criada há 68 anos”.
Zehbour Panossian, diretora-presidente e membro do Conselho de Administração do IPT, apontou as mudanças na sua linha do tempo. “Quando entrei no Instituto de Física da USP (1981), éramos 150 alunos e só duas mulheres. Hoje, muitas meninas cursam Física na instituição. A igualdade tem que estar presente em tudo. Quando assumi a direção do IPT, falei a vários grupos que criei para facilitar a conversa. Havia grupos de jovens e idosos, pesquisadores e administrativos, profissionais de políticas públicas e indústria, homens e mulheres. A partir desses grupos pudemos pensar e reforçar nossa compreensão sobre a importância da igualdade no local de trabalho. Se pensarmos de modo desigual, idosos e jovens, por exemplo, podemos imaginar-nos eliminando uns aos outros. Com isto, todos perdem. Se jovens descartam os mais idosos, perderão a oportunidade de ter acesso ao seu conhecimento. Por outro lado, se os idosos eliminarem os jovens, o próprio Instituto estará condenado. Da mesma forma, a cooperação entre homens e mulheres é a mais produtiva”.