Árvores no museu

Compartilhe:
Uma equipe do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou no mês de outubro uma avaliação das condições biológicas e do risco de queda de 15 árvores do Museu Lasar Segall, na capital paulista. O diagnóstico feito pelo Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis envolveu a análise de espécies popularmente conhecidas como sibipirunas, aglaias (também denominadas murta-do-campo), espatódeas, abacateiro, eritrina, fícus e flamboyant, a fim de verificar seus riscos e o manejo mais adequado.

O Museu Lasar Segall foi criado em 1967 como uma associação civil sem fins lucrativos e está instalado na antiga residência e ateliê (projetados em 1932) do pintor lituano.

Os exemplares arbóreos foram avaliados com o software Arbio quanto ao seu estado fitossanitário, condições de entorno, estado geral, dendrometria (medidas da árvore) e risco de queda.
Avaliação das condições biológicas e do risco de queda de 15 árvores, e também uma inspeção no museu com o objetivo de avaliar a sanidade biológica do madeiramento, compuseram o escopo do projeto...
Avaliação das condições biológicas e do risco de queda de 15 árvores, e também uma inspeção no museu com o objetivo de avaliar a sanidade biológica do madeiramento, compuseram o escopo do projeto…
Na primeira etapa do trabalho, que foi a análise externa das 15 árvores localizadas nas dependências do museu, a equipe técnica do IPT coletou informações como a dendrometria (altura total, diâmetro a altura do peito, diâmetro do colo e ângulo de inclinação aproximado do exemplar arbóreo), o estado fitossanitário (presença de cupins, brocas e fungos apodrecedores) e as condições de entorno que pudessem causar alguma influência no desenvolvimento das árvores, como as interferências com elementos urbanos (caixas de inspeção, instalações subterrâneas, fachadas e itens de edificações, como muros e grades).

O estado geral da raiz aparente, do tronco e da copa também foram alvos de avaliações a fim de verificar a existência de raízes dobradas, feridas ou apodrecimentos, copas desequilibradas e ramos secos/deteriorados, assim como de ações humanas, como a fixação de objetos.

Esses dados foram usados para a classificação de cada árvore em três categorias: morta (sem fluxo de seiva), em declínio (apresentando casca solta, galhos secos ou com parte dela já morta) ou vigorosa (sem ou com processo inicial de doença).

Todas as 15 árvores foram também analisadas internamente, a fim de levantar as condições de deterioração e a quantificação do lenho sadio. Esta avaliação foi feita com um aparelho tipo penetrógrafo, que é equipado com uma broca de 0,9 mm de diâmetro. Esse tipo de análise baseia-se na informação de que, durante o processo de degeneração do lenho, ocorre a diminuição da sua resistência à perfuração. Além disso, cinco delas foram avaliadas com o tomógrafo de impulso mecânico, devido à alta densidade do lenho.

Para três (20%) das 15 árvores analisadas não foi sugerido qualquer manejo e para 12 (80%) foram feitas as seguintes recomendações: monitoramento; adequação às interferências; poda de limpeza e manutenção; e supressão do exemplar (no caso, somente de um deles).

Para o planejamento de novos plantios, a equipe técnica fez algumas sugestões, explica o biólogo Reinaldo Araújo de Lima, a partir do cenário encontrado nas dependências do museu: “Cinco das 15 árvores estão plantadas junto às edificações, o que impede um bom desenvolvimento e pode vir a causar algum dano aos troncos ou à estrutura dos prédios. Para futuros plantios, a equipe indicou que sejam analisadas as dimensões que a árvore escolhida atingirá quando adulta, a fim de evitar conflitos”, afirma ele.

CUPINS – Uma inspeção no museu com o objetivo de avaliar a sanidade biológica do madeiramento, principalmente quanto à infestação de cupins, também foi executada no mês de outubro. O levantamento incluiu todas as salas e áreas de circulação da instituição, e consistiu na avaliação visual e táctil dos componentes de madeira, com o objetivo de caracterizar o ataque de insetos pelas alterações na aparência e na resistência mecânica das peças. Os cupins encontrados durante a inspeção foram coletados e levados ao laboratório do IPT para identificação.

As dependências do museu já haviam sido objeto de avaliação e tratamento de controle de cupins pelo IPT nos anos de 1999 e 2000, não havendo, desde então, novos relatos de biodeterioração nas edificações.
...que incluiu a avaliação por tomógrafo, o qual permite a execução de ensaios com um maior rastreamento da seção transversal e a visualização dos resultados em imagens bi e tridimensionais, sem causar danos à árvore.
…que incluiu a avaliação por tomógrafo, o qual permite a execução de ensaios com um maior rastreamento da seção transversal e a visualização dos resultados em imagens bi e tridimensionais, sem causar danos à árvore.
O principal problema encontrado na nova inspeção foi o ataque de cupins subterrâneos, presente nas áreas da biblioteca, ateliê, área de circulação em frente ao auditório e na área administrativa. Foram também constatados, em menor escala, ataques de cupim de madeira seca e de fungos apodrecedores.

“Os problemas observados e a presença de cupins vivos indicam a importância da adoção de medidas curativas. Duas medidas podem ser empregadas: o uso de produtos químicos e/ou o sistema de iscas”, afirma Gonzalo Antonio Carballeira Lopez, pesquisador do laboratório do IPT, ressaltando ainda que os resultados da inspeção servem de subsídio primordial para a construção, a reforma e/ou o restauro de edificações.

INSCREVA-se em nossa newsletter

Receba nossas novidades em seu e-mail.

SUBSCRIBE to our newsletter

Receive our news in your email.

Pular para o conteúdo