Ruído em São Paulo

Compartilhe:
Mostrar, em tempo real, a que nível de ruído a população está sendo exposta em determinado local: esta é a função dos dois equipamentos de medição de ruído que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concederá à cidade de São Paulo. Apelidados de “barulhômetros”, os totens compostos por painel luminoso e sistema de medição de ruído e controle serão instalados no Parque do Ibirapuera, ao lado da Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (Umapaz), e no Largo da Batata, visando conscientizar a sociedade a respeito do problema da poluição sonora no ambiente urbano.

Segundo Marcelo de Mello Aquilino, pesquisador do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios do IPT, os locais foram escolhidos por contrastarem duas realidades diferentes: a tranquilidade encontrada nos parques urbanos, supostamente isolados dos barulhos mais extremos da cidade, e um local de intensa movimentação de pessoas, trânsito veicular e rotas de aviões. "São locais onde poderão ser observadas duas realidades, uma de \’ruído urbano típico\’ e outra de \’silêncio em boa parte do tempo\’", completa ele.

O problema da poluição sonora ultrapassa as fronteiras da cidade, do estado e do País: a Organização Mundial da Saúde já considera o ruído como o segundo maior poluidor ambiental, ficando atrás somente da poluição do ar. Além disso, diversos estudos epidemiológicos associam à exposição ao ruído, além da perda auditiva, doenças como a hipertensão arterial, diabetes, problemas cardiovasculares, além de problemas psicológicos, baixa produtividade e deficiência de cognição.

“O excesso de ruído nas cidades é um problema de saúde pública que deve ser tratado com urgência pelo poder público, pela área científica e pela sociedade civil”, alerta Aquilino. “É também um problema ligado à educação, já que as campanhas para a redução de ruído urbano deveriam abranger questões técnicas, de gestão urbana e de saúde. Por isso, o objetivo primeiro da instalação dos equipamentos é conscientizar a população sobre o barulho ao qual ela está exposta e a importância de diminuí-lo”, diz.

Os barulhômetros contarão com a transmissão de informações por rede e seu armazenamento em um banco de dados. Estes dados serão traduzidos de maneira didática em uma plataforma online aberta e, por meio dela, os cidadãos poderão consultar a situação de ruído nos pontos onde os equipamentos serão instalados, além obter informações básicas sobre o ruído urbano, suas causas e consequências.

Segundo Aquilino, o sistema pode funcionar como um protótipo de pesquisa para um equipamento que seria utilizado para monitorar o ruído na cidade de modo remoto. “Seria possível transmitir informações por rede e indicar o nível de ruído gerado nas diversas regiões da cidade, facilitando o desenvolvimento de mapeamentos sonoros dinâmicos”, revela o pesquisador.

MAPEAMENTO SONORO NAS CIDADES – O IPT trabalha e estuda a questão de ruído urbano desde a década de 1970. Aquilino afirma que uma das principais ferramentas para entender o problema da poluição sonora nas cidades e propor soluções é o mapeamento sonoro, estudo baseado em simulações computacionais dos ambientes urbanos e em medições em campo para sua validação.

Hoje a ferramenta de simulação e muito confiável e importante, pois mapeamentos somente com medição seriam inviáveis devido a magnitude das cidades. O IPT foi pioneiro junto à Prefeitura de São Paulo e fez um mapeamento de ruído da cidade, em 1978, pelo método de medição, uma vez que na época ainda não existiam métodos de simulação.

Dados de 2013 da Ouvidoria Geral do Município indicam que o barulho é a terceira maior causa de reclamação dos paulistanos. Diante desse cenário, o IPT vem atuando junto a parlamentares, especialistas em acústica e a sociedade civil nas discussões sobre ruído urbano e participou ativamente na elaboração das três conferências municipais sobre ruído, vibração e perturbação sonora, que foram realizadas em 2014, 2015 e 2016 na Câmara Municipal de São Paulo.

Como resultado das conferências, foi elaborado o projeto de lei PL 75/2013, para que a cidade de São Paulo tivesse, de fato, um mapa de ruído. O projeto foi aprovado e a lei sancionada em 20 de julho de 2016. “O mapeamento em si não resolve o problema de ruído, ele é um diagnóstico, mas é uma ferramenta essencial para que o poder público, a população e os projetistas tomem ações voltadas à prevenção, evitando criar novas fontes de ruído excessivo, e a correção das fontes já existentes, mitigando o problema e garantindo uma paisagem sonora adequada”, finaliza o pesquisador.


INSCREVA-se em nossa newsletter

Receba nossas novidades em seu e-mail.

SUBSCRIBE to our newsletter

Receive our news in your email.

Pular para o conteúdo