Florestas urbanas

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Em um país como o Brasil que tem uma concentração de 84% da população em áreas urbanas, é fundamental discutir a presença das árvores não somente nos parques naturais, mas também em parques urbanos, praças e no chamado ‘verde viário’ que inclui as espécies plantadas em avenidas, ruas e canteiros centrais: a opinião é do pesquisador Sérgio Brazolin, responsável pelo Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis do IPT, que discutiu na 15ª Conferência Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas os serviços ambientais proporcionados às cidades pelas florestas urbanas na melhoria da qualidade de vida e também a necessidade de planejamento. O evento aconteceu na quinta-feira, 30 de junho, na cidade de São Paulo.

Floresta urbana é um termo ainda pouco explorado no Brasil e alvo de polêmicas na definição: o conceito de urban forestry teve origem no Canadá na década de 1960 para designar a arborização nativa ou urbana, e países como a Finlândia e a Alemanha consideram floresta urbana
Brazolin: conceito de floresta urbana integra diversos fragmentos, desde as unidades de conservação até a árvore plantada na residência, junto ao espaço construído nas cidades
Brazolin: conceito de floresta urbana integra diversos fragmentos, desde as unidades de conservação até a árvore plantada na residência, junto ao espaço construído nas cidades
apenas as áreas de florestas nativas que se situam dentro ou próximas ao perímetro urbano, enquanto os Estados Unidos utilizam o termo de modo geral para qualquer tipo de fragmento, seja nativo ou projetado.

Existem cidades que, segundo Brazolin, não consideram o ‘verde viário’ como parte do sistema de áreas verdes, o que pode levar à ideia de que as árvores de ruas e avenidas, por exemplo, não necessitem de cuidados. “A floresta urbana se relaciona com o espaço construído: ela inclui as unidades de conservação, que estão nas áreas limítrofes à cidade, os parques naturais, os parques urbanos, as praças, o ‘verde viário’ e as árvores plantadas nas residências. Este conceito de floresta urbana integra todos esses fragmentos junto ao espaço construído, pois é importante pensar a área verde de uma cidade como uma de suas partes integrantes”, explicou ele.

Brazolin enfatizou em sua apresentação a associação entre arborização e qualidade de vida, lembrando que as árvores funcionam como verdadeiros ‘filtros’ nas grandes cidades ao desempenharem os chamados serviços ambientais, ou ecossistêmicos, pelos quais as populações obtêm da natureza, direta ou indiretamente, uma série de benefícios. “Os índices de poluição do ar em uma cidade como São Paulo são altos, com uma grande concentração de material particulado; as árvores conseguem reter em suas copas essas partículas, as quais seguirão seu ciclo após as chuvas – em outras palavras, plantar árvores é melhorar a gestão pública na saúde”, explicou ele.

A queda de árvores nas grandes cidades no período do verão, no entanto, pode contribuir para alterar a percepção de muitas pessoas sobre a importância da arborização, mas o principal problema a ser discutido está, na opinião do pesquisador, na falta de planejamento: “A responsabilidade sobre serviços como plantio, poda e remoção é das prefeituras municipais, mas sempre se levanta a questão de restrição de verbas. Não se pode esquecer, no entanto, o principio da eficiência na administração pública: ela precisa ser eficiente por lei e fornecer serviços de qualidade, mas faltam nas prefeituras profissionais treinados para avaliar as árvores, equipamentos e ferramentas de gestão – ou seja, tudo o que é necessário para executar o planejamento”, afirmou ele.

Ações isoladas, no entanto, apontam saídas para enfrentar os desafios: em uma parceria com a prefeitura de Belo Horizonte desde 2009, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por meio de um programa de manejo integrado de árvores e redes, desenvolve ações relacionadas à arborização junto à rede elétrica na capital, e a inclusão em 2015 da elaboração de um plano municipal de arborização urbana no Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo deverá funcionar como um instrumento para definir o planejamento, a implantação e o manejo no município. “Esse foi um grande avanço: poucas cidades incluíram a arborização urbana em seus planos diretores, o que é uma conquista para a silvicultura urbana, pois estabelece a necessidade de um inventário qualitativo e quantitativo das árvores na cidade e também a definição das espécies mais adequadas para o plantio, mas é preciso que o plano saia do papel”, concluiu ele.


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