No dia 28 de junho, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) recebeu o ‘Workshop de Inovação’, iniciativa em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Com a apresentação de cases de empresas associadas da instituição e de parcerias realizadas pelo IPT, o evento apresentou um panorama dos incentivos e linhas de financiamento para inovação tanto no setor em questão quanto na indústria brasileira em geral.
A gerente de suporte à gestão da Coordenadoria de Planejamento e Negócios do IPT, Flávia Motta, apresentou as possibilidades de fomento à inovação no Brasil, levando em conta o cenário imediato de crise que se apresenta no País. “Há oportunidades para inovar com financiamento. É possível dar apoio a planos de inovação em geral, projetos em P&D na fase pré-competitiva (de desenvolvimento da tecnologia) e competitiva (de desenvolvimento de produtos e processos que tornam a empresa mais eficiente no mercado), e também serviços tecnológicos, sobretudo para adequação de produtos e processos”, explicou ela.
Segundo Flávia, as linhas de fomento podem ser classificadas em dois tipos: reembolsáveis, nas quais a empresa paga pelo financiamento obtido, e não-reembolsáveis, nas quais não há a necessidade de retorno da empresa, embora ela se responsabilize a dar uma contrapartida financeira. Para a gerente, o ideal é que as empresas unam as duas formas de fomento em suas estratégias de negócio. “É possível partir de projetos com financiamento não-reembolsável cujo recurso financeiro aportado pela empresa seja obtido com financiamentos reembolsáveis. E além disso, através de leis, ela pode garantir algum tipo de isenção fiscal com a realização do projeto”, salientou.
Instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o governo do estado e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) são exemplos que oferecem ambos os tipos de fomento visando à inovação. Para que isso seja realizado com inteligência, Flavia destacou ser essencial a elaboração de um plano de inovação dentro das empresas que ajude a traçar as linhas de investimento desejáveis e estratégias que otimizem os resultados.
Com esses planos, a parceria com instituições científicas e tecnológicas (ICTs) é facilitada. “Quando as empresas necessitarão de uma ICT como parceira? Quando elas não tiverem estrutura laboratorial suficiente para o desenvolvimento dos projetos que obtiverem o fomento. Em outros casos, como na Embrapii, o avaliado é o instituto de pesquisa, não os projetos da empresa, então o intercâmbio entre as instituições é ainda mais necessário”, avalia. “É essencial buscar essas parcerias, e o IPT está aberto a recebê-las. É a missão da instituição atuar no desenvolvimento tecnológico e inovador”.
SETOR DA CONSTRUÇÃO – A pesquisadora Luciana Alves de Oliveira, do Laboratório de Componentes e SIstemas Construtivos do IPT, abordou em sua apresentação a importância de uma atuação multilaboratorial no setor da construção e as linhas de atuação do Instituto que podem ser mais interessantes para a parceria com fornecedores, sistemistas, construtores, instituições de classe e órgãos governamentais diante das novas demandas do mercado.
“O laboratório está dentro do Centro Tecnológico do Ambiente Construído, uma das doze unidades de negócio do IPT. Temos contato com outros laboratórios com capacitações específicas necessárias ao desenvolvimento de nosso trabalho, como em madeiras, química e corrosão, e somos capazes de fazer essa interface. É um diferencial que nos permite exercer um trabalho eficiente e multidisciplinar”, expôs Luciana.
A pesquisadora explicou ainda que o laboratório atua em diversas fases de construção de edifícios, englobando a elaboração de projetos, a gestão da execução das obras, a realização de ensaios in situ e uma ampla gama de ensaios e avaliações de sistemas e componentes. Com um novo portfólio de serviços, baseado em análise cuidadosa do mercado, o foco da unidade está em manter os serviços oferecidos e se debruçar em alguns específicos, como o apoio ao desenvolvimento de produtos e sistemas, a gestão da qualidade das obras e a análise e ensaios para desempenho ambiental.
“Na área de desempenho técnico, queremos continuar dando escopo para a criação de normas e especificações, mas também estabelecer estudos de durabilidade e vida útil de componentes de sistemas construtivos que permitam a produtores e fornecedores fornecer garantias ao consumidor do que estão produzindo. A ideia não é só avaliar, mas dar apoio ao desenvolvimento dos produtos”, destacou.
Sobre a questão de sustentabilidade ambiental, Luciana esclareceu que discussões sobre certificações e declarações ambientais estão ocorrendo em órgãos como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Requisitos de desempenho ambiental e avaliação de ciclo de vida (ACV) de componentes e sistemas, além de indicadores ambientais de obras, em breve devem ser obrigatórios para o setor.
“Podemos assessorar empresas ou associações, reorganizar o setor e a indústria para atendimento das novas especificações técnicas. Também podemos atuar dentro da linha de qualidade da construção, tanto no estabelecimento de critérios de homologação quanto na gestão dos canteiros de obras”, concluiu.
PARCERIAS DE SUCESSO – Tanto Luciana quanto Flávia trouxeram ao evento alguns cases envolvendo a participação do IPT em projetos de P&D&I no setor da construção e em outros ramos de atuação. Confira abaixo alguns deles:
Nanoencapsulação em cosméticos – Projeto cooperativo realizado no âmbito da Embrapii com quatro empresas concorrentes do ramo de cosméticos – Grupo Boticário, Natura, Theraskin Farmacêutica e Yamá. Projeto teve duas fases: a pré-competitiva, em que as empresas compartilharam uma plataforma de conhecimento baseada em duas rotas de nanoencapsulação de ativos, e a competitiva, em que as empresas escolheram sigilosamente um ativo para empregar a tecnologia adquirida. Com fomento não-reembolsável, as empresas ratearam entre si a contrapartida financeira de 47% e dividiram os riscos tecnológicos do investimento (no caso do setor da construção, o foco poderia ser o desenvolvimento de novos materiais).
Cimento com baixa emissão de gás carbônico – Parceria entre InterCement e IPT, via fomento não reembolsável do BNDES, para o desenvolvimento de cimento com baixa emissão de gás carbônico, a fim de diminuir impactos ambientais e solucionar problemas de pavimentação. O banco financiou 60% do projeto, que encontra-se em fase-piloto: produção e análise de desempenho do material desenvolvido.
Desenvolvimento de sistemas construtivo – Projeto de 2005 financiado pela Fapesp e fruto de parceria empresa-IPT, buscou estabelecer a viabilidade técnica para o desenvolvimento de um sistema de paredes em painéis pré-fabricados em concreto armado com núcleo em poliestireno expandido (EPS). Os resultados negativos para a empresa auxiliaram-na a desenvolver o produto (que hoje está no mercado) na fase anterior à de produção.
Qualificação de blocos cerâmicos – Projeto desenvolvido via Programa de Qualificação para o Mercado Interno (Qualimint), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, cujo objetivo foi apoiar o setor cerâmico para a qualificação de blocos e o atendimento às especificações técnicas de acústica. A cobertura do programa prevê ensaios e análises com subsídio à inovação para as sete empresas contempladas e um financiamento de R$ 16 mil por CNPJ, com contrapartida de ¼ do valor por cada uma das empresas (R$ 4 mil).
A gerente de suporte à gestão da Coordenadoria de Planejamento e Negócios do IPT, Flávia Motta, apresentou as possibilidades de fomento à inovação no Brasil, levando em conta o cenário imediato de crise que se apresenta no País. “Há oportunidades para inovar com financiamento. É possível dar apoio a planos de inovação em geral, projetos em P&D na fase pré-competitiva (de desenvolvimento da tecnologia) e competitiva (de desenvolvimento de produtos e processos que tornam a empresa mais eficiente no mercado), e também serviços tecnológicos, sobretudo para adequação de produtos e processos”, explicou ela.
Segundo Flávia, as linhas de fomento podem ser classificadas em dois tipos: reembolsáveis, nas quais a empresa paga pelo financiamento obtido, e não-reembolsáveis, nas quais não há a necessidade de retorno da empresa, embora ela se responsabilize a dar uma contrapartida financeira. Para a gerente, o ideal é que as empresas unam as duas formas de fomento em suas estratégias de negócio. “É possível partir de projetos com financiamento não-reembolsável cujo recurso financeiro aportado pela empresa seja obtido com financiamentos reembolsáveis. E além disso, através de leis, ela pode garantir algum tipo de isenção fiscal com a realização do projeto”, salientou.
Instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o governo do estado e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) são exemplos que oferecem ambos os tipos de fomento visando à inovação. Para que isso seja realizado com inteligência, Flavia destacou ser essencial a elaboração de um plano de inovação dentro das empresas que ajude a traçar as linhas de investimento desejáveis e estratégias que otimizem os resultados.
Com esses planos, a parceria com instituições científicas e tecnológicas (ICTs) é facilitada. “Quando as empresas necessitarão de uma ICT como parceira? Quando elas não tiverem estrutura laboratorial suficiente para o desenvolvimento dos projetos que obtiverem o fomento. Em outros casos, como na Embrapii, o avaliado é o instituto de pesquisa, não os projetos da empresa, então o intercâmbio entre as instituições é ainda mais necessário”, avalia. “É essencial buscar essas parcerias, e o IPT está aberto a recebê-las. É a missão da instituição atuar no desenvolvimento tecnológico e inovador”.
SETOR DA CONSTRUÇÃO – A pesquisadora Luciana Alves de Oliveira, do Laboratório de Componentes e SIstemas Construtivos do IPT, abordou em sua apresentação a importância de uma atuação multilaboratorial no setor da construção e as linhas de atuação do Instituto que podem ser mais interessantes para a parceria com fornecedores, sistemistas, construtores, instituições de classe e órgãos governamentais diante das novas demandas do mercado.
“O laboratório está dentro do Centro Tecnológico do Ambiente Construído, uma das doze unidades de negócio do IPT. Temos contato com outros laboratórios com capacitações específicas necessárias ao desenvolvimento de nosso trabalho, como em madeiras, química e corrosão, e somos capazes de fazer essa interface. É um diferencial que nos permite exercer um trabalho eficiente e multidisciplinar”, expôs Luciana.
A pesquisadora explicou ainda que o laboratório atua em diversas fases de construção de edifícios, englobando a elaboração de projetos, a gestão da execução das obras, a realização de ensaios in situ e uma ampla gama de ensaios e avaliações de sistemas e componentes. Com um novo portfólio de serviços, baseado em análise cuidadosa do mercado, o foco da unidade está em manter os serviços oferecidos e se debruçar em alguns específicos, como o apoio ao desenvolvimento de produtos e sistemas, a gestão da qualidade das obras e a análise e ensaios para desempenho ambiental.
“Na área de desempenho técnico, queremos continuar dando escopo para a criação de normas e especificações, mas também estabelecer estudos de durabilidade e vida útil de componentes de sistemas construtivos que permitam a produtores e fornecedores fornecer garantias ao consumidor do que estão produzindo. A ideia não é só avaliar, mas dar apoio ao desenvolvimento dos produtos”, destacou.
Sobre a questão de sustentabilidade ambiental, Luciana esclareceu que discussões sobre certificações e declarações ambientais estão ocorrendo em órgãos como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Requisitos de desempenho ambiental e avaliação de ciclo de vida (ACV) de componentes e sistemas, além de indicadores ambientais de obras, em breve devem ser obrigatórios para o setor.
“Podemos assessorar empresas ou associações, reorganizar o setor e a indústria para atendimento das novas especificações técnicas. Também podemos atuar dentro da linha de qualidade da construção, tanto no estabelecimento de critérios de homologação quanto na gestão dos canteiros de obras”, concluiu.
PARCERIAS DE SUCESSO – Tanto Luciana quanto Flávia trouxeram ao evento alguns cases envolvendo a participação do IPT em projetos de P&D&I no setor da construção e em outros ramos de atuação. Confira abaixo alguns deles:
Nanoencapsulação em cosméticos – Projeto cooperativo realizado no âmbito da Embrapii com quatro empresas concorrentes do ramo de cosméticos – Grupo Boticário, Natura, Theraskin Farmacêutica e Yamá. Projeto teve duas fases: a pré-competitiva, em que as empresas compartilharam uma plataforma de conhecimento baseada em duas rotas de nanoencapsulação de ativos, e a competitiva, em que as empresas escolheram sigilosamente um ativo para empregar a tecnologia adquirida. Com fomento não-reembolsável, as empresas ratearam entre si a contrapartida financeira de 47% e dividiram os riscos tecnológicos do investimento (no caso do setor da construção, o foco poderia ser o desenvolvimento de novos materiais).
Cimento com baixa emissão de gás carbônico – Parceria entre InterCement e IPT, via fomento não reembolsável do BNDES, para o desenvolvimento de cimento com baixa emissão de gás carbônico, a fim de diminuir impactos ambientais e solucionar problemas de pavimentação. O banco financiou 60% do projeto, que encontra-se em fase-piloto: produção e análise de desempenho do material desenvolvido.
Desenvolvimento de sistemas construtivo – Projeto de 2005 financiado pela Fapesp e fruto de parceria empresa-IPT, buscou estabelecer a viabilidade técnica para o desenvolvimento de um sistema de paredes em painéis pré-fabricados em concreto armado com núcleo em poliestireno expandido (EPS). Os resultados negativos para a empresa auxiliaram-na a desenvolver o produto (que hoje está no mercado) na fase anterior à de produção.
Qualificação de blocos cerâmicos – Projeto desenvolvido via Programa de Qualificação para o Mercado Interno (Qualimint), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, cujo objetivo foi apoiar o setor cerâmico para a qualificação de blocos e o atendimento às especificações técnicas de acústica. A cobertura do programa prevê ensaios e análises com subsídio à inovação para as sete empresas contempladas e um financiamento de R$ 16 mil por CNPJ, com contrapartida de ¼ do valor por cada uma das empresas (R$ 4 mil).