Abordagem sustentável

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Atualizada em 07/06/16

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Um grupo multidisciplinar de pesquisadores do IPT vem discutindo há dois meses alternativas para que o instituto possa se capacitar em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), um método utilizado para estabelecer e quantificar os impactos ambientais associados a produtos e serviços, desde sua concepção, manufatura, uso e descarte. Esta metodologia pode ser um suporte importante a políticas públicas no campo da sustentabilidade ambiental. O grupo trabalha para que essa abordagem seja transversal aos diferentes centros do IPT, permitindo assim que o viés da sustentabilidade possa permear o desenvolvimento de projetos.

“Estamos fazendo um levantamento da competência instalada no instituto”, afirma Cláudia Echevenguá Teixeira, pesquisadora do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas no CETAE (Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas). De posse dos dados, o grupo planeja estabelecer uma estratégia de abordagem em ACV em comum acordo com a diretoria para então disseminar essa cultura no IPT. “Em setembro, vamos apresentar o trabalho à diretoria e ver qual é o Norte a seguir”, afirma Mauro Ruiz, pesquisador do NEAT (Núcleo de Economia e Administração de Tecnologia) e coordenador das discussões sobre o tema.

A abordagem ambiental é tradicional no IPT e no próprio mercado mundial de tecnologia desde que a crise do petróleo, nos anos 70, ensejou a busca por alternativas energéticas. Como estratégia de desenvolvimento de projetos, no entanto, a ACV ainda não está amplamente difundida no Brasil. Uma das dificuldades diz respeito à necessidade de compatibilizar o processo de concepção existente e a abordagem ecológica. Muitas vezes, as ferramentas de ecodesign não podem ser aplicadas sem exigir algum tipo de processo específico de adaptação antes da utilização que, por sua vez, pode atuar como uma barreira à adoção. Além disso, existe uma grande lacuna de dados e informações consistentes para se ter estudos de qualidade, lacuna esta que pode ser suprida por institutos de pesquisa como o IPT, segundo Cláudia.

Para Mauro Ruiz, um dos setores de mercado que poderá se beneficiar dos projetos de ACV é o exportador, como já vem acontecendo no segmento de eletrodomésticos de linha branca fabricados pela Whirlpool, que congrega as marcas Brastemp e Cônsul. Para assegurar suas vendas à Europa, a fabricante teve de se adaptar a barreiras técnicas, como a diretiva ROHS (Restriction Of Hazardous Substances), que impede a compra de produtos com metais pesados, como o chumbo, cádmio e mercúrio, que causam danos ambientais. “No recebimento, os europeus submetem os produtos a uma avaliação por Raio-X e os rejeitam se encontram essas substâncias em proporções acima do nível tolerado”, afirma Ruiz. O trabalho da Whirlpool envolveu a certificação de toda a cadeia de fornecedores e os que não tiveram fôlego para responder à demanda ambiental acabaram por ser substituídos.

ILUMINAÇÃO PÚBLICA – Paralelamente às discussões sobre uma estratégia de ação integrada e transversal do IPT nessa área, um projeto que tem buscado inspiração na filosofia de ACV está em desenvolvimento no âmbito do Laboratório de Equipamentos Elétricos e Óticos do CINTEQ (Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos). Segundo o pesquisador Oswaldo Sanchez Junior, o objeto específico é a avaliação de produtos para iluminação pública. “Estamos procurando estruturar serviços técnicos especializados para dar suporte ao desenvolvimento de produtos pelas empresas deste segmento”, afirma.

Esse projeto começou com suporte da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), do governo federal, que destinou aproximadamente R$ 1 milhão para a capacitação do laboratório. Outro parceiro é a Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação), que representa os fabricantes de luminárias. Os recursos do projeto estão sendo aplicados na importação de equipamentos, processo que estará concluído até o fim deste ano. Estão sendo adquiridos um goniofotômetro, para caracterizar as luminárias públicas, uma câmara de pó, que permite avaliar o desempenho das luminárias perante as intempéries, e um túnel fotométrico. Esses equipamentos serão fundamentais para otimizar os projetos de fabricação de luminárias e também para que os órgãos públicos tirem o melhor proveito ao contratar o fornecimento de projetos de iluminação.

Sanchez afirma que outra peça fundamental, uma das fases da técnica de ACV, é o inventário da cadeia de produção das luminárias. Esse recurso é produzido com base em softwares e planilhas para levantamento de dados junto aos fabricantes e prestadores de serviços do segmento estudado. “O desenvolvimento do inventário pode ocorrer em ambiente suportado por softwares comerciais apropriados, mas os modelos para avaliação do impacto ambiental de cada atividade devem considerar especificidades que demandam um conhecimento detalhado do processo”, diz.

O levantamento de informações tem uma série de pressupostos. São considerados quais são os consumos de energia, de materiais e os níveis de emissão. É preciso mapear todo o processo produtivo. O levantamento é quantitativo e isso revela o impacto ambiental de cada unidade. Sanchez se considera um entusiasta dessa perspectiva para o IPT. “A ideia importante a ser considerada é que temos condições de desenvolver competências transversais e complementares às áreas técnicas do IPT, incluindo a possibilidade de desenvolvermos bancos de dados para utilização na ACV elaborada em vários segmentos, por vários agentes interessados no tema”, afirma.

Conheça a série NBR ISO, que trata de ACV:

ABNT NBR ISO 14040:2009 – Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura

ABNT NBR ISO 14044:2009 – Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e orientações

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