A recuperação e a comercialização dos rejeitos de mineração estão entre as possíveis soluções tecnológicas para minimizar o conteúdo das barragens ou mesmo extingui-las. Como segundo maior produtor de minério de ferro do mundo e extrator de outros importantes minerais, o Brasil é também detentor de enormes lagoas de decantação criadas a partir da construção de barragens para armazenar os rejeitos desse processo industrial. A tragédia de Mariana, com o rompimento de uma dessas barragens e consequente contaminação da região, serve como alerta máximo para que esse problema seja atacado.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) acaba de iniciar um projeto de capacitação que busca mapear a produção de rejeitos das empresas de mineração e a maturidade das tecnologias aplicadas para sua recuperação e comercialização. Com o mapeamento, que deve ser finalizado em meados de maio de 2016, será possível propor rotas tecnológicas para recuperar os rejeitos, levando em consideração as especificidades do cenário brasileiro.
De acordo com Sandra Lúcia de Moraes, pesquisadora do Laboratório de Processos Metalúrgicos e coordenadora do projeto, o estudo encontra ressonância tanto na sociedade quanto na indústria. “O minério é um agregado rico em determinado mineral ou elemento químico que é viável, do ponto de vista econômico e tecnológico, para extração. No processo industrial é preciso separar este material de interesse de todo o resto, que é descartado como rejeito. Num cenário em que já não há reservas brasileiras de alto teor, essa quantidade de rejeitos só tende a crescer. Recuperar esses resíduos, portanto, possui um fim tanto ambiental quanto econômico, pois é possível dar outra destinação comercial ao que geralmente é descartado, diminuindo também a quantidade de resíduos para o meio”.
O montante de rejeitos gerados nos processos de produção de substâncias minerais pode ser estimado a partir da diferença entre a produção bruta e a produção beneficiada. A quantidade de rejeitos, em alguns casos, é igual à da substância produzida. Para cada tonelada de minério de ferro processado, por exemplo, temos cerca de 0,4 toneladas de rejeitos. Projeção para o período 2010-2030 aponta que o beneficiamento de minério de ferro irá contribuir com cerca de 41% do total de rejeitos gerados pelas mineradoras no Brasil.
Hoje, a forma mais comum de lidar com esses rejeitos é o armazenamento em barragens. O Brasil possui tecnologias, tanto de engenharia quanto de métodos geofísicos, para definir o projeto, a construção e o monitoramento do processo de acúmulo de sedimentos nas barragens, assim como para investigar o estado de conservação das estruturas ao longo de sua vida útil. No entanto, se essa tecnologia não for aplicada, elas seguem oferecendo sérios riscos. “O aproveitamento dos rejeitos como um minério de baixo teor reduziria a quantidade de resíduo alocado nas barragens, amenizando as dificuldades de manutenção e estabilidade e, em alguns casos, até mesmo tornando-as desnecessárias”, afirma Sandra.
Hoje esses rejeitos, também chamados de finos e ultrafinos, são simplesmente ignorados, tratados como um material sem aproveitamento comercial. Para Sandra, é evidente o potencial econômico e ambiental do desenvolvimento e aperfeiçoamento das tecnologias no beneficiamento de rejeitos minerais. “As tendências da indústria da mineração apontam para um cenário de maior competitividade em decorrência do empobrecimento, nas últimas décadas, dos teores dos minérios lavrados e beneficiados. Assim, o aumento da recuperação de mineral útil é uma vantagem competitiva preponderante para o sucesso futuro dos empreendimentos mineiros”, declara.
INOVA MINERAL – A recuperação de rejeitos começa aos poucos a ganhar projeção. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão articulando um plano de apoio tecnológico ao setor de mineração e metais, chamado Inova Mineral. O objetivo é fomentar e selecionar planos de negócios baseados em PD&I com foco em produção e agregação de valor em minerais estratégicos e em processos mais eficientes e sustentáveis.
As tecnologias para aproveitamento de resíduos também serão contempladas, já que o Inova Mineral leva em conta o declínio dos teores de concentração nas jazidas de diversos minerais e as consequentes oportunidades de aproveitamento dos rejeitos e de redução do impacto ambiental. A previsão é que o primeiro edital seja lançado no segundo trimestre de 2016.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) acaba de iniciar um projeto de capacitação que busca mapear a produção de rejeitos das empresas de mineração e a maturidade das tecnologias aplicadas para sua recuperação e comercialização. Com o mapeamento, que deve ser finalizado em meados de maio de 2016, será possível propor rotas tecnológicas para recuperar os rejeitos, levando em consideração as especificidades do cenário brasileiro.
De acordo com Sandra Lúcia de Moraes, pesquisadora do Laboratório de Processos Metalúrgicos e coordenadora do projeto, o estudo encontra ressonância tanto na sociedade quanto na indústria. “O minério é um agregado rico em determinado mineral ou elemento químico que é viável, do ponto de vista econômico e tecnológico, para extração. No processo industrial é preciso separar este material de interesse de todo o resto, que é descartado como rejeito. Num cenário em que já não há reservas brasileiras de alto teor, essa quantidade de rejeitos só tende a crescer. Recuperar esses resíduos, portanto, possui um fim tanto ambiental quanto econômico, pois é possível dar outra destinação comercial ao que geralmente é descartado, diminuindo também a quantidade de resíduos para o meio”.
O montante de rejeitos gerados nos processos de produção de substâncias minerais pode ser estimado a partir da diferença entre a produção bruta e a produção beneficiada. A quantidade de rejeitos, em alguns casos, é igual à da substância produzida. Para cada tonelada de minério de ferro processado, por exemplo, temos cerca de 0,4 toneladas de rejeitos. Projeção para o período 2010-2030 aponta que o beneficiamento de minério de ferro irá contribuir com cerca de 41% do total de rejeitos gerados pelas mineradoras no Brasil.
Hoje, a forma mais comum de lidar com esses rejeitos é o armazenamento em barragens. O Brasil possui tecnologias, tanto de engenharia quanto de métodos geofísicos, para definir o projeto, a construção e o monitoramento do processo de acúmulo de sedimentos nas barragens, assim como para investigar o estado de conservação das estruturas ao longo de sua vida útil. No entanto, se essa tecnologia não for aplicada, elas seguem oferecendo sérios riscos. “O aproveitamento dos rejeitos como um minério de baixo teor reduziria a quantidade de resíduo alocado nas barragens, amenizando as dificuldades de manutenção e estabilidade e, em alguns casos, até mesmo tornando-as desnecessárias”, afirma Sandra.
Hoje esses rejeitos, também chamados de finos e ultrafinos, são simplesmente ignorados, tratados como um material sem aproveitamento comercial. Para Sandra, é evidente o potencial econômico e ambiental do desenvolvimento e aperfeiçoamento das tecnologias no beneficiamento de rejeitos minerais. “As tendências da indústria da mineração apontam para um cenário de maior competitividade em decorrência do empobrecimento, nas últimas décadas, dos teores dos minérios lavrados e beneficiados. Assim, o aumento da recuperação de mineral útil é uma vantagem competitiva preponderante para o sucesso futuro dos empreendimentos mineiros”, declara.
INOVA MINERAL – A recuperação de rejeitos começa aos poucos a ganhar projeção. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão articulando um plano de apoio tecnológico ao setor de mineração e metais, chamado Inova Mineral. O objetivo é fomentar e selecionar planos de negócios baseados em PD&I com foco em produção e agregação de valor em minerais estratégicos e em processos mais eficientes e sustentáveis.
As tecnologias para aproveitamento de resíduos também serão contempladas, já que o Inova Mineral leva em conta o declínio dos teores de concentração nas jazidas de diversos minerais e as consequentes oportunidades de aproveitamento dos rejeitos e de redução do impacto ambiental. A previsão é que o primeiro edital seja lançado no segundo trimestre de 2016.