Uma das principais obras do Porto Maravilha, que é o projeto de requalificação da região portuária da cidade do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã será inaugurado no próximo sábado, dia 19 de dezembro. São aproximadamente 15 mil metros quadrados de área construída e 30 mil metros quadrados de área externa, com jardins, um espelho d’água, ciclovia e área de lazer localizados no Píer Mauá, que também abriga desde março de 2013 o Museu de Arte do Rio (MAR). O túnel de vento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) realizou em 2011 uma série de ensaios de determinação dos esforços devidos ao vento para o projeto do museu.
Concebido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o prédio tem dois andares conectados por rampas. Além da exposição principal, na qual o público será levado a percorrer uma narrativa estruturada em cinco grandes áreas (Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Agora), o museu contará com um laboratório de experiências em inovação; um observatório, que mapeia os sinais vitais do planeta, e serviços como cafeteria, restaurante e loja. Segundo os administradores, o Museu do Amanhã será um museu de ciências em que o público será convidado a examinar o passado, conhecer as transformações atuais e imaginar cenários possíveis para os próximos 50 anos, por meio de ambientes audiovisuais imersivos, instalações interativas e jogos disponíveis em português, inglês e espanhol.
O museu tem um sistema construtivo que lembra um casco de navio invertido e o esqueleto principal da obra é formado em chapas de aço, com perfis de peso elevado, o que garantirá o enrijecimento e a resistência ao vento da região. Com uma cobertura de 41 metros de largura, 28 metros de altura e 340 metros de comprimento, o edifício terá sua aparência exterior alterada de acordo com a hora do dia. Os quatro conjuntos de asas instalados no prédio acompanharão o movimento do sol e captarão energia graças à instalação de células fotovoltaicas em cada uma delas.
Para realização do ensaio em túnel de vento foi construído um modelo reduzido na escala 1:200, mantendo toda a semelhança arquitetônica com a edificação real, incluindo as aberturas e a movimentação das asas, que acompanham a posição do Sol. No modelo foram instaladas 160 tomadas de pressão, e o ensaio para cada combinação de abertura de asas foi realizado a cada 15º de incidência do vento, com o modelo posicionado em uma mesa giratória graduada que permitia a simulação das ações do vento em todos os sentidos.
O vento da região na qual o edifício está localizado – zona portuária do Rio de Janeiro – pode ter uma rajada de 126 km/h, de acordo com a NBR 6123:1998, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que estipula as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento, para efeitos de cálculo de edificações. Segundo Gilder Nader, pesquisador do IPT, “nesse ensaio foram reproduzidas as características do vento natural do entorno do empreendimento, como por exemplo, perfil de velocidade do vento, turbulência e comprimento de rugosidade”.
Os ensaios forneceram coeficientes de pressão, forma, força e momento, que deram subsídios aos projetistas para o dimensionamento seguro das estruturas metálicas.
(Crédito da foto usada na abertura da reportagem: Bruno Bartolhini)