Preservação da memória

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O seminário ‘Preservação da Memória de Ciência & Tecnologia no Brasil’, promovido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas no dia 2 de dezembro, foi palco de discussão sobre conceitos, orientações e ações para a preservação do patrimônio cultural de C&T no país. Nesse cenário, pesquisadores do Instituto apresentaram o projeto para a organização e sistematização do acervo histórico do IPT, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Coordenado pela pesquisadora Mirian Cruxen Barros de Oliveira, do Laboratório de Materiais de Construção Civil, o projeto gira em torno da identificação, organização, higienização, catalogação e disseminação de documentos da antiga Seção de Metalografia do IPT.
Miriam Cruxen, pesquisadora do IPT e coordenadora do projeto
Miriam Cruxen, pesquisadora do IPT e coordenadora do projeto
O acervo, que data do período entre 1907 e 1960, é composto por documentos textuais (relatórios técnico-científicos, registros de viagens científicas e publicações), iconográficos (fotos, negativos em vidro e quadros) e tridimensionais (instrumentos e equipamentos).

Segundo Miriam, os objetivos do trabalho são a criação de uma política de preservação de patrimônio histórico no Instituto, de maneira a garantir os recursos materiais e humanos necessários para a conservação dos documentos, além da elaboração de uma proposta de digitalização do acervo iconográfico. “Esperamos como produtos finais do trabalho o catálogo digital dos documentos e a disponibilização do acervo por meio de publicações e exposições”, afirmou a pesquisadora.

PALESTRANTES – O evento contou ainda com as palestras de Marcus Granato, vice-coordenador e professor do programa de pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) e do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), e de Sonia Maria Troitiño Rodriguez, coordenadora do Centro de Memória e Documentação da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Marcus Granato, vice-coordenador e professor do programa de pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) e do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)
Marcus Granato, vice-coordenador e professor do programa de pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) e do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)
Em sua apresentação, Granato ressaltou alguns aspectos importantes a serem considerados para a escolha de documentos ou objetos que serão preservados por uma instituição, como raridade do artefato, acesso ao objeto e estado de conservação. Além disso, destacou valores a serem atribuídos ao longo do processo, como os cognitivos (relacionados à produção de conhecimento), afetivos (relação do profissional ou instituição com o objeto), formais (fatores estéticos) e pragmáticos (potencial de uso do bem cultural).

O professor ofereceu ainda um panorama da preservação da memória de C&T no Brasil, levantado durante o projeto ‘Valorização do patrimônio cultural de ciência e tecnologia brasileiro’, que incluiu um levantamento em âmbito nacional de instituições detentoras de artefatos históricos no campo da ciência e tecnologia. Como resultado, foi encontrado um acervo de cerca de 36 mil objetos, distribuídos em mais de 300 universidades, museus, instituições de ensino médio e institutos de pesquisa pelo Brasil.

Granato valorizou a ação do IPT para preservação de seu acervo histórico. “Na maioria dos institutos de pesquisa, tudo o que havia já foi jogado fora. Por isso ressalto a importância do IPT fazer esse centro de memória, preservar os objetos que aqui tem, que são históricos, porque será um dos pouquíssimos casos nesse tipo de instituição no Brasil”.

Sonia Maria Troitiño Rodriguez, coordenadora do Centro de Memória e Documentação da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Sonia Maria Troitiño Rodriguez, coordenadora do Centro de Memória e Documentação da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Sonia Rodriguez concentrou sua apresentação na conceituação correta dos termos utilizados na área das Ciências da Informação, como unidades de informação, arquivo e centros de memória. Sobre o último, a pesquisadora afirmou ser uma entidade híbrida, responsável por organizar e adquirir documentos históricos e agregar valor ao marketing cultural das instituições.

Segundo ela, os objetivos dos centros girariam em torno da preservação do patrimônio e da produção do conhecimento, com a articulação da informação a fim de transformá-la em um produto, e do estímulo ao reforço dos vínculos identitários da instituição em âmbito interno (funcionários) e externo (sociedade). Ela também ressaltou a importância da preservação do acervo pelas instituições, sobretudo o trabalho do IPT. “Documento é o que fica do que aconteceu, é a materialidade, são materiais da memória que servem à instituição. Por isso devemos entender os documentos de arquivo como um patrimônio”.

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