Prateleira de luz

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A utilização de dispositivos redirecionadores de luz natural pode contribuir de maneira significativa para a redução do uso de luz artificial e, consequentemente, para a diminuição dos custos com energia elétrica. Foi o que apontou um estudo realizado pelo engenheiro civil Ary Rodrigues Alves Netto, que finalizou recentemente sua pesquisa no âmbito do Novos Talentos, programa do IPT que apoia atividades de estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado em temas científicos e tecnológicos de interesse do Instituto.

O trabalho de Alves Netto testou a eficiência de uma prateleira de luz na iluminação de uma sala de aula de edifício da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Ao incidir na prateleira, que pode ser fixada na parte externa ou interna do prédio, a luz solar reflete para o teto e para outros pontos, se espalhando pelo ambiente. O objetivo do projeto era determinar quanto o dispositivo, melhorando o índice de iluminação natural, reduziria o uso da luz artificial na sala durante o dia.
Imagem computacional de modelo proposto para o uso do dispositivo: a prateleira é um suporte que pode ser feito de diferentes materiais e que é posicionado no prédio de maneira que a luz solar que nela incida reflita para o interior do ambiente
Imagem computacional de modelo proposto para o uso do dispositivo: a prateleira é um suporte que pode ser feito de diferentes materiais e que é posicionado no prédio de maneira que a luz solar que nela incida reflita para o interior do ambiente


A partir de uma simulação computacional, a prateleira foi fixada na parte externa do prédio, em toda a extensão das amplas janelas, medindo 9,8 metros de comprimento e 1,5 metro de largura, em três diferentes alturas: 1,8 metro, 2,2 metros e 2,6 metros. Além da iluminância, variáveis como transmissão de calor e ocorrência de ofuscamento também foram levadas em conta, de maneira que a prateleira oferecesse condições ideais para o desenvolvimento das atividades previstas para uma sala de aula. Fatores como cor e tamanho da prateleira, altura da instalação em relação ao chão e da distância em relação à janela, assim como inclinação em relação ao sol, impactam essas variáveis.

Para o espaço estudado, uma instituição pública de ensino que tem uso cotidiano e que se vale de luzes artificiais durante todo o dia, a solução se mostrou efetiva, podendo proporcionar economia de até 56% de energia em alguns pontos. “A NBR 8995/14 indica que o índice mínimo de iluminância para uma sala de aula é de 300 lux. Analisei cerca de 20 pontos em toda a sala, a cada 15 minutos, e medi esse índice. Se o ponto apresentasse iluminância menor que 300 lux, a luz artificial seria necessária, sob pena de prejudicar a visão do aluno. Se fosse igual ou maior, a luz natural seria suficiente. Consegui medir quantos períodos usei luz natural e luz artificial. E o resultado é que as luzes se mantiveram apagadas durante 27% mais tempo do que antes de instalar a prateleira”, explica Alves Netto.

De acordo com o pesquisador, a prateleira é uma solução com um custo relativamente baixo e de fácil instalação para economizar energia. “O ideal é adotar a solução desde o começo, na fase do projeto arquitetônico, de maneira a melhor incorporá-la ao edifício, mas instalá-la depois também é possível. Além da prateleira, há outros dispositivos redirecionadores de luz natural, como fibra óptica ou duto de luz, que podem ser facilmente usados. Basta as pessoas terem consciência e boa vontade”.

A pesquisa ‘Melhorias no desempenho energético de edifícios com sistema não convencional de iluminação natural’ foi desenvolvida durante o mestrado de Alves Netto na Ufscar. Bolsista do Novos Talentos, ele contou com a coorientação da pesquisadora Maria Akutsu, do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT, e com a infraestrutura do Instituto para seus experimentos. “O IPT me ajudou muito com a expertise dos pesquisadores, assim como com computadores e equipamentos, mas meu maior ganho no Instituto foi o conhecimento absorvido, não apenas para o trabalho de mestrado, mas a própria atividade de pesquisa. Aqui foi muito trabalhado comigo a importância de ser curioso, de entender todas as etapas do processo em que se está envolvido”, conclui Alves Netto, que, tendo finalizado o mestrado, no momento integra o quadro do IPT como pesquisador visitante.

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