Cerca de 300 representantes de 110 prefeituras municipais do estado de São Paulo estiveram presentes no seminário ‘Desafios da Gestão de Arborização Urbana’, que foi realizado no dia 2 de julho no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas. O evento foi uma parceria do IPT com o Programa Município VerdeAzul, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com o objetivo de discutir o planejamento da arborização urbana e as ferramentas e tecnologias para sua gestão.
Juliana Avellar, coordenadora do Programa VerdeAzul, explicou que a iniciativa viabiliza o compartilhamento do conhecimento técnico para a gestão ambiental dos municípios e chamou a atenção para as dificuldades em sua efetivação: “A gestão ambiental requer um comprometimento intersetorial entre as diversas secretarias de um governo para resultados efetivos e, apesar dos desafios, 615 das 645 cidades do estados já estão inscritas no programa”. E a difusão de conhecimento é importante, continuou ela, para que os munícipios possam realizar o planejamento: “Planejar é agir preventivamente e isso requer um conhecimento técnico e recursos financeiros – a ideia não é simplesmente que as pessoas saiam do seminário e comecem a plantar árvores indiscriminadamente, e tampouco as ações se restringem ao paisagismo”.
O pesquisador do IPT Sérgio Brazolin ressaltou a participação da instituição na avaliação de risco de queda de árvores, principalmente mediante a atuação de duas de suas unidades, o Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis e a Seção de Soluções de Software e Sistemas para Engenharia. Brazolin destacou o papel do Instituto como portador de tecnologias e especialistas que permitem avaliar os fatores que levariam às quedas, e como solucioná-los, dentro da proposta de difusão de conhecimentos defendida por Juliana: “Diante da dificuldade de instrumentação dos municípios devido aos custos, esse trabalho é importante para a tomada de decisões em relação às árvores do ambiente urbano, evitando riscos ou acidentes aos moradores”.
Brazolin foi enfático em relação à importância do armazenamento de dados pelas prefeituras, e ressaltou o uso de ferramentas como o Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas (Sisgau) e o Arbio, desenvolvidos no IPT, que podem oferecer aos municípios meios de planejar a arborização da cidade: “É o papel do Instituto fazer pesquisas e produzir critérios para os administradores municipais tomarem decisões”. Além disso, ele citou exemplos da presença do Instituto no planejamento da arborização de cidades, como ocorre atualmente no município de Mauá. “O objetivo é melhorar e potencializar os serviços ambientais, estéticos e de segurança dos cidadãos”, explicou.
Demóstenes Ferreira da Silva Filho, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP, explicou no início de sua apresentação que o seu segmento de atuação é a silvicultura urbana, uma das poucas dentro da universidade que tratam de questões relativas às cidades e está preocupada em fornecer subsídios para o diagnóstico que auxiliará a gestão e o planejamento nas prefeituras.
“É importante desenvolver ideias, conceitos e instrumentos de gestão ambiental urbana. Um conceito diferente é o de florestas urbanas, por exemplo, que é a somatória de todos os indivíduos arbóreos e arbustivos da cidade, desde a árvore ornamental na calçada até a frutífera plantada em uma residência. Todos esses componentes fazem parte de um sistema”, afirmou ele, lembrando que não é possível fazer um programa de política ambiental sem executar previamente um diagnóstico. “Será que o melhor local para plantar uma árvore é onde existe espaço? Com certeza, será mais fácil, mas será que essa é a área que mais necessita de árvores?”, completou.
Uma das primeiras pesquisas feitas sobre clima urbano e conforto no departamento foi realizada pela bióloga Isadora Mendes da Silva em sua dissertação de mestrado que tratou dos efeitos dos diferentes arranjos espaciais de floresta urbana sobre o conforto higrotérmico na cidade de Rio Claro (SP), com a orientação de Silva Filho. A ideia era saber se um fragmento florestal de um determinado bairro influenciava a umidade relativa e a temperatura do ar de todo o município. Sessenta sensores de temperatura foram distribuídos pela cidade, e os resultados mostraram que a influência dos conjuntos arborizados isolados não se estendia por toda a área do município, daí a importância de uma distribuição homogênea principalmente em áreas asfaltadas.
ABORDAGEM MAIS AMPLA – Cristina Maria do Amaral Azevedo, secretária adjunta da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo, lembrou no seminário que as políticas públicas municipais, locais ou regionais têm influência em políticas internacionais e chamou a atenção para a necessidade de ampliação do escopo no tema da arborização: “As vegetações urbanas encontradas nas várzeas não são arbóreas, mas desempenham um papel tão importante quanto as árvores, assim como a revitalização de córregos e rios. Todos eles são fundamentais para o controle de inundações, a melhoria da qualidade das águas, o conforto térmico e o aumento da biodiversidade”.
Alexandre Batista do Carmo, chefe do gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de São José do Rio Preto, fez uma apresentação sobre a experiência do município em arborização urbana. Com uma equipe de 30 funcionários, que conta com engenheiros agrônomos, biólogos e arquitetos, o município adotou medidas como a obrigatoriedade de plantação de duas mudas de árvores para a obtenção do Habite-se (documento que autoriza a ocupação de construções), a preferência por espécies de médio porte (para não afetar as calçadas e nem a rede elétrica), além da obrigatoriedade do plantio de árvores, por parte de empresários, para a obtenção de alvará de funcionamento de estabelecimentos. O município também tem se esforçado para a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), como as matas ciliares, na mesma linha proposta por Cristina.
Entre os desafios da cidade, Carmo mencionou a estruturação do Plano Diretor de Arborização da cidade e a ampliação da recuperação de recursos hídricos (como córregos e nascentes) por meio de planos de arborização, além da otimização e da capacitação dos processos de poda. Ao final da apresentação, ele ressaltou a importância do Programa Município VerdeAzul para o município: “O programa tem metas objetivas. Todo o trabalho ambiental está pautado pelas suas diretrizes, e ele se tornou um plano de gestão municipal que temos que seguir fielmente”.
FINANCIAMENTO PARA PROJETOS DE ARBORIZAÇÃO – Noventa e duas cidades do estado de São Paulo e 37 de outros estados, principalmente em serviços de assessoria e consultoria, foram atendidas pelo IPT no ano de 2014, afirmou o diretor-presidente do Instituto, Fernando Landgraf, no início de sua apresentação sobre os planos de apoio tecnológico aos municípios paulistas. Para colocar à disposição as capacitações técnicas alcançadas nos 116 anos de existência da instituição, Landgraf detalhou as soluções que podem aumentar a aproximação entre o Instituto e os municípios.
Os contratos com as prefeituras podem ser viabilizados por meio do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), oferecido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, pelo atendimento direto com a contratação dos serviços pelas próprias prefeituras e também pelo atendimento indireto com recursos de programas dos governos estadual e federal, assim como de órgãos como a CPRM (como o projeto de cartas de suscetibilidade) e Casa Militar de São Paulo (mapeamento de áreas de risco).
Marcio França, vice-governador de São Paulo e secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, enfatizou que a criação do IPT buscou desde a sua fundação o apoio tecnológico tanto às empresas quanto aos municípios e lembrou as menções à instituição quando foi prefeito da cidade de São Vicente: “O nome do IPT era sempre lembrado em situações graves nas quais era necessário um relatório do Instituto para chegar a uma solução. No entanto, o Instituto tem uma ampla gama de serviços disponíveis a diversas demandas, e os administradores municipais nem sempre têm esse conhecimento assim como as ferramentas de financiamento tanto para grandes quanto pequenas cidades”.
Juliana Avellar, coordenadora do Programa VerdeAzul, explicou que a iniciativa viabiliza o compartilhamento do conhecimento técnico para a gestão ambiental dos municípios e chamou a atenção para as dificuldades em sua efetivação: “A gestão ambiental requer um comprometimento intersetorial entre as diversas secretarias de um governo para resultados efetivos e, apesar dos desafios, 615 das 645 cidades do estados já estão inscritas no programa”. E a difusão de conhecimento é importante, continuou ela, para que os munícipios possam realizar o planejamento: “Planejar é agir preventivamente e isso requer um conhecimento técnico e recursos financeiros – a ideia não é simplesmente que as pessoas saiam do seminário e comecem a plantar árvores indiscriminadamente, e tampouco as ações se restringem ao paisagismo”.
O pesquisador do IPT Sérgio Brazolin ressaltou a participação da instituição na avaliação de risco de queda de árvores, principalmente mediante a atuação de duas de suas unidades, o Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis e a Seção de Soluções de Software e Sistemas para Engenharia. Brazolin destacou o papel do Instituto como portador de tecnologias e especialistas que permitem avaliar os fatores que levariam às quedas, e como solucioná-los, dentro da proposta de difusão de conhecimentos defendida por Juliana: “Diante da dificuldade de instrumentação dos municípios devido aos custos, esse trabalho é importante para a tomada de decisões em relação às árvores do ambiente urbano, evitando riscos ou acidentes aos moradores”.
Brazolin foi enfático em relação à importância do armazenamento de dados pelas prefeituras, e ressaltou o uso de ferramentas como o Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas (Sisgau) e o Arbio, desenvolvidos no IPT, que podem oferecer aos municípios meios de planejar a arborização da cidade: “É o papel do Instituto fazer pesquisas e produzir critérios para os administradores municipais tomarem decisões”. Além disso, ele citou exemplos da presença do Instituto no planejamento da arborização de cidades, como ocorre atualmente no município de Mauá. “O objetivo é melhorar e potencializar os serviços ambientais, estéticos e de segurança dos cidadãos”, explicou.
Demóstenes Ferreira da Silva Filho, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP, explicou no início de sua apresentação que o seu segmento de atuação é a silvicultura urbana, uma das poucas dentro da universidade que tratam de questões relativas às cidades e está preocupada em fornecer subsídios para o diagnóstico que auxiliará a gestão e o planejamento nas prefeituras.
“É importante desenvolver ideias, conceitos e instrumentos de gestão ambiental urbana. Um conceito diferente é o de florestas urbanas, por exemplo, que é a somatória de todos os indivíduos arbóreos e arbustivos da cidade, desde a árvore ornamental na calçada até a frutífera plantada em uma residência. Todos esses componentes fazem parte de um sistema”, afirmou ele, lembrando que não é possível fazer um programa de política ambiental sem executar previamente um diagnóstico. “Será que o melhor local para plantar uma árvore é onde existe espaço? Com certeza, será mais fácil, mas será que essa é a área que mais necessita de árvores?”, completou.
Uma das primeiras pesquisas feitas sobre clima urbano e conforto no departamento foi realizada pela bióloga Isadora Mendes da Silva em sua dissertação de mestrado que tratou dos efeitos dos diferentes arranjos espaciais de floresta urbana sobre o conforto higrotérmico na cidade de Rio Claro (SP), com a orientação de Silva Filho. A ideia era saber se um fragmento florestal de um determinado bairro influenciava a umidade relativa e a temperatura do ar de todo o município. Sessenta sensores de temperatura foram distribuídos pela cidade, e os resultados mostraram que a influência dos conjuntos arborizados isolados não se estendia por toda a área do município, daí a importância de uma distribuição homogênea principalmente em áreas asfaltadas.
ABORDAGEM MAIS AMPLA – Cristina Maria do Amaral Azevedo, secretária adjunta da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo, lembrou no seminário que as políticas públicas municipais, locais ou regionais têm influência em políticas internacionais e chamou a atenção para a necessidade de ampliação do escopo no tema da arborização: “As vegetações urbanas encontradas nas várzeas não são arbóreas, mas desempenham um papel tão importante quanto as árvores, assim como a revitalização de córregos e rios. Todos eles são fundamentais para o controle de inundações, a melhoria da qualidade das águas, o conforto térmico e o aumento da biodiversidade”.
Alexandre Batista do Carmo, chefe do gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de São José do Rio Preto, fez uma apresentação sobre a experiência do município em arborização urbana. Com uma equipe de 30 funcionários, que conta com engenheiros agrônomos, biólogos e arquitetos, o município adotou medidas como a obrigatoriedade de plantação de duas mudas de árvores para a obtenção do Habite-se (documento que autoriza a ocupação de construções), a preferência por espécies de médio porte (para não afetar as calçadas e nem a rede elétrica), além da obrigatoriedade do plantio de árvores, por parte de empresários, para a obtenção de alvará de funcionamento de estabelecimentos. O município também tem se esforçado para a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), como as matas ciliares, na mesma linha proposta por Cristina.
Entre os desafios da cidade, Carmo mencionou a estruturação do Plano Diretor de Arborização da cidade e a ampliação da recuperação de recursos hídricos (como córregos e nascentes) por meio de planos de arborização, além da otimização e da capacitação dos processos de poda. Ao final da apresentação, ele ressaltou a importância do Programa Município VerdeAzul para o município: “O programa tem metas objetivas. Todo o trabalho ambiental está pautado pelas suas diretrizes, e ele se tornou um plano de gestão municipal que temos que seguir fielmente”.
FINANCIAMENTO PARA PROJETOS DE ARBORIZAÇÃO – Noventa e duas cidades do estado de São Paulo e 37 de outros estados, principalmente em serviços de assessoria e consultoria, foram atendidas pelo IPT no ano de 2014, afirmou o diretor-presidente do Instituto, Fernando Landgraf, no início de sua apresentação sobre os planos de apoio tecnológico aos municípios paulistas. Para colocar à disposição as capacitações técnicas alcançadas nos 116 anos de existência da instituição, Landgraf detalhou as soluções que podem aumentar a aproximação entre o Instituto e os municípios.
Os contratos com as prefeituras podem ser viabilizados por meio do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), oferecido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, pelo atendimento direto com a contratação dos serviços pelas próprias prefeituras e também pelo atendimento indireto com recursos de programas dos governos estadual e federal, assim como de órgãos como a CPRM (como o projeto de cartas de suscetibilidade) e Casa Militar de São Paulo (mapeamento de áreas de risco).
Marcio França, vice-governador de São Paulo e secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, enfatizou que a criação do IPT buscou desde a sua fundação o apoio tecnológico tanto às empresas quanto aos municípios e lembrou as menções à instituição quando foi prefeito da cidade de São Vicente: “O nome do IPT era sempre lembrado em situações graves nas quais era necessário um relatório do Instituto para chegar a uma solução. No entanto, o Instituto tem uma ampla gama de serviços disponíveis a diversas demandas, e os administradores municipais nem sempre têm esse conhecimento assim como as ferramentas de financiamento tanto para grandes quanto pequenas cidades”.