Resíduos em movimento

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O Sistema de Gerenciamento de Resíduos de Laboratório (SGRL) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), planejado e operacionalizado pelo Grupo Permanente do Meio Ambiente (GPMA), caminha para o encerramento de seu segundo ano de operação. Desde agosto de 2013, quando entrou em vigor, o SGRL visa à universalização dos processos de identificação, coleta, transporte, armazenamento e tratamento de resíduos laboratoriais do Instituto, além de colocá-lo em sintonia com as demandas ambientais atuais, impulsionadas sobretudo pelo estabelecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010. A equipe do IPT poderá compartilhar suas experiências com outras organizações interessadas. 
Grupo Permanente do Meio Ambiente em reunião no IPT
Grupo Permanente do Meio Ambiente em reunião no IPT


Concebido entre 2006 e 2010, a partir de um projeto de pesquisa apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o sistema foi elaborado para que os resíduos resultantes de projetos, análises e ensaios, que antes recebiam destinações diferentes e independentes por parte de cada um dos 42 laboratórios do IPT, fossem organizados em um processo uniformizado.

Segundo Cláudia Echevenguá Teixeira, pesquisadora do Centro de Tecnologias Geoambientais e membro do GPMA, a ideia de criar uma ação institucionalizada dentro da estrutura organizacional do Instituto traz uma série de vantagens. "Se ocorrer uma avaliação dos fornecedores, por exemplo, o IPT consegue mostrar que tem ações concretas com relação ao tratamento dos seus resíduos. Além disso, evita o acúmulo de resíduos, e há a questão da sensibilização da comunidade ipeteana de que a responsabilidade é de todos na geração", avalia.

A lógica de funcionamento do SGRL se baseia na responsabilidade compartilhada entre laboratórios e o GPMA, grupo operador do sistema. Aos laboratórios, cabe a identificação dos resíduos de acordo com as orientações da ABNT, classificando-os como perigosos – caracterizados por inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade – ou não-perigosos, desprovidos dessas características. Cabe também a eles o acondicionam​​ento em recipientes adequados, a identificação dos recipientes e a solicitação da coleta por meio de um formulário, disponibilizado online.

Solicitada a coleta, o GPMA pode entrar em ação. Composto por membros de diversos centros e setores do IPT, é dele a responsabilidade de retirar os resíduos dos laboratórios e encaminhá-los às duas centrais de armazenamento, construídas de acordo com o caráter dos materiais recebidos: à primeira destinam-se os resíduos considerados perigosos, e à segunda os resíduos não-perigosos.

Realizado esse processo, o GPMA deve identificar quais são os melhores destinos para cada tipo de resíduo. Claudia explica que apesar de a massa de lixo ativo gerada ser relativamente baixa – uma estimativa de 13,3 toneladas ao ano – a variedade na origem e composição dos resíduos precisa ser levada em consideração, a fim de encaminhá-los a soluções ambientalmente mais adequadas.

"Se você deixa acumular, você não consegue observar e dar um tratamento diferenciado, acaba indo tudo para a incineração, tudo para o co-processamento. Depois do projeto, começamos a olhar com mais detalhe a composição dos resíduos, a quantidade gerada, as alternativas para ele, tentando encontrar soluções que agregassem algum valor", detalha.

Dentro dessa premissa, os resíduos podem receber diversos destinos após o armazenamento. Em geral, os resíduos perigosos são encaminhados para os métodos de incineração e co-processamento, citados pela pesquisadora, e os não-perigosos, para aterros industriais. Em ambos os casos, ocorrem processos de licitação para contratação de serviços externos, promovidos pelo GPMA.

Porém, alguns resíduos podem seguir outros caminhos, financeira e ambientalmente mais vantajosos (ver gráfico). Os mais comuns, segundo Claudia, são as \’bolsas de resíduos\’, doações de materiais que podem ser úteis para outros laboratórios ou instituições, como substâncias que ainda podem ser utilizadas para fins acadêmicos ou que têm algum valor histórico para empresas fornecedoras, por exemplo. Há também o caso das embalagens de plástico (tipo PETs) e vidro, para os quais vem sendo estabelecidas parcerias com empresas para encaminhamento à reciclagem.

AVANÇOS E METAS – Inicialmente custeado pela diretoria, o sistema já começou a ser adaptado às rotinas do laboratórios, num processo que o GPMA nomeia como a criação de uma nova \’cultura\’ no IPT. Claudia explica que, a partir de agora, com os registros de movimentação de resíduos, será possível quantificar a geração de cada laboratório, para que se inclua previamente nos projetos desenvolvidos por eles a quantidade de material que deverá ser gerado e o valor correspondente ao seu tratamento. "Se o laboratório gerar 1% da massa [total], ele vai pagar 1%", simplifica.

A pesquisadora ressaltou que outras metas estão sendo buscadas pelo Grupo Permanente de Meio Ambiente. Algumas delas se relacionam ao próprio SGRL, como o aumento da divulgação do programa, a padronização das embalagens – a fim de facilitar a coleta, o transporte e o armazenamento – e a criação de um treinamento dentro dos laboratórios para segregação e minimização de resíduos. Já outras transcendem as questões laboratoriais, como valorizar a imagem de responsabilidade ambiental do IPT, atender à uma demanda e exigência atual do mercado, além de posicionar o IPT como centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico alinhado à PNRS.

"Queremos ter uma ação estruturante, pra lidar com mais aspectos ambientais possíveis, como água, uso e ocupação do solo, ruídos, atmosfera e também os outros tipos de resíduos, não só os de laboratório. [Queremos] criar essa cultura, essa filosofia de meio ambiente do IPT. É preciso um trabalho de conscientização, de educação continuada dos ipeteanos", vislumbra Claudia.

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