Navegabilidade na Baixada

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O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está realizando estudos iniciais para a implantação da Hidrovia Metropolitana da Baixada Santista. O projeto pretende interligar as cidades da Baixada Santista por meio de uma hidrovia de passageiros, considerando como cenário a malha de rios e canais que permeiam os municípios de Santos, Cubatão, Guarujá, Bertioga, São Vicente e Praia Grande. Embora tenham baixo custo relativo e reduzidos impactos ambientais, as hidrovias correspondem hoje a apenas 5% na matriz brasileira de transportes.

Atento a esse panorama, o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, em atendimento a uma demanda da Agência Metropolitana da Baixada Santista, contratou o IPT para desenvolver o estudo técnico-financeiro do negócio, que contemplará uma população de 1,5 milhão de pessoas. A proposta é elaborar um projeto conceitual que traga informações necessárias ao governo para iniciar o processo licitatório do empreendimento, provavelmente via parceria público-privada ou concessão.
 
O transporte hidroviário de passageiros vem ganhando atenção nos últimos anos no Brasil e iniciativas recentes como as hidrovias nas cidades da região metropolitana de Florianópolis, a ligação de São Francisco do Sul a Joinville, em Santa Catarina, e a ligação de Porto Alegre a Guaíba, no Rio Grande do Sul, são tentativas de ampliar o uso desse sistema para além da Região Amazônica, que hoje concentra 80% da rede do país. 

De acordo com a pesquisadora Maria Gandara, do Laboratório de Engenharia Naval e Oceânica do IPT, o projeto, que prevê deslocamentos exclusivamente em água interior, sem passar pelo mar, está sendo desenvolvido em duas fases. Em um primeiro momento o Instituto realizou um amplo diagnóstico que contou com visitas técnicas às prefeituras locais, para conhecer as demandas de cada município, e aos possíveis locais de implantação dos terminais.
Visita para mapeamento na cidade de Bertioga
Visita para mapeamento na cidade de Bertioga
Foi feito também um mapeamento de todos os estudos já existentes e dos principais stakeholders envolvidos no projeto.

Ainda nessa primeira fase está sendo realizado um estudo da navegabilidade dos trechos envolvidos, da demanda de transporte de cada município e da oferta existente, além dos projetos estruturantes, que vão impactar cada cidade. Nessa etapa foram identificados, ao todo, 40 pontos nos municípios de Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Guarujá e Bertioga que poderiam receber os terminais de passageiros. Rios como o Cubatão, o Casqueiro e o Branco, assim como o Estuário de Santos, o canal de Piaçaguera e o canal de Bertioga, foram visitados e indicam ter total condição de navegabilidade.

A segunda fase do projeto consistirá no refinamento das informações anteriormente trabalhadas e no detalhamento do estudo, já com informações mais precisas de navegabilidade, como batimetria de cada trecho, orçamento e modelo de negócio para cada rota, terminal e embarcação, além de outros aspectos. Existem locais onde há grande demanda de passageiros, menor restrição à navegação ou não precisam passar por desassoreamento, enquanto outros exigem maior adequação. A previsão do IPT é finalizar essa modelagem do negócio até o próximo mês de outubro.

AMPLO BENEFÍCIO – Maria Gandara lembra que os municípios de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, integrantes da Baixada Santista que não farão parte da hidrovia pelo fato de seus rios não chegarem a Santos, também serão beneficiados. “A região conta com um intenso deslocamento de pessoas de um município a outro, sobretudo para trabalhar e estudar. Os deslocamentos estão estruturados sobre o modal rodoviário, cuja presente saturação se agrava por conta de dois fenômenos: o fluxo de pessoas em viagens ao litoral nas férias e em feriados, e as épocas de safra com filas nos acessos ao Porto de Santos”, afirma ela. A partir da integração da hidrovia com outros modais, como é o caso do projeto do VLT em Santos e São Vicente e do BRT entre Praia Grande e Peruíbe, os moradores da Baixada terão mais uma opção de transporte, o que deve desafogar o saturado sistema viário local.

O IPT enfrenta dois grandes desafios nesse projeto: lidar com uma realidade que, no médio prazo, deve sofrer grandes alterações, pois hoje cada município da Baixada está sofrendo impactos de diferentes projetos estruturantes que certamente mudarão sua configuração, como é o caso do túnel submerso entre Santos e Guarujá e os projetos do pré-sal; e definir a embarcação adequada, que desenvolva uma velocidade competitiva, sem a geração de ondas que possam causar danos ambientais às margens das áreas protegidas.

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