Hidrovia metropolitana

Compartilhe:
A cidade de São Paulo nasceu ao lado dos rios, mas, nas últimas décadas, a população se esqueceu da importância deles. E, atualmente, a cultura dos paulistas é optar por meios rodoviários para transporte de mercadorias, ao invés de pensar em medidas para o uso do transporte aquaviário, e até mesmo o transporte de passageiros. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas, com o intuito de promover ideias e discussões para uso do sistema hidroviário como opção de transporte de carga, realizou o 1º Workshop Alternativas para a Implantação da Hidrovia Metropolitana em São Paulo, no dia 28 de maio.

O diretor de Operações e Negócios do IPT, Carlos Daher Padovezi, abriu o evento enfatizando as vantagens do transporte aquaviário: “Este evento tem um significado importante para a área hidroviária e para a cidade de São Paulo, porque é o momento de reflexão e de resgatarmos o uso de nossos rios”. “O objetivo do workshop é provocar empresários, consultores e a comunidade a pensar nas possibilidades de navegação de forma aplicada. Existe uma potencialidade de navegação em todo o estado”, completou o diretor do Departamento Hidroviário e presidente do Porto de São Sebastião, Casemiro Tércio.

Potencialidade de navegação no estado de São Paulo foi discutida pelos participantes do evento: da esq. para a dir, Padovezi, Tércio e Avó
Potencialidade de navegação no estado de São Paulo foi discutida pelos participantes do evento: da esq. para a dir, Padovezi, Tércio e Avó
Exemplificando as possibilidades de navegação mesmo em rios afetados por despejo de esgoto, Tércio mencionou os rios Scheldt, na França/Bélgica, Tâmisa, na Inglaterra, e Sena, na França. “Até mesmo em um perfil sinuoso como o do rio Tietê, por exemplo, basta que as medidas e aplicações sejam adaptadas para que haja a navegação”, afirmou ele.

O primeiro projeto da hidrovia metropolitana foi pensado na década de 1970 – na época um estudo de pré-viabilidade foi realizado e o IPT foi contratado posteriormente para dar continuidade e detalhamento ao estudo. “O foco do estudo era tornar possível a navegação, deixar de ser um projeto conceitual e passar a ser um projeto físico”, afirmou Tércio. Neste estudo foi identificado que o trecho navegável no rio Tietê estava compreendido entre a Barragem Edgar de Souza e a Barragem da Penha, e prosseguia para o Rio Pinheiros. Este trecho de 170 km foi determinado como foco do trabalho.

Para tornar o uso da hidrovia possível, serão necessárias articulações arquitetônicas e urbanísticas, com investimentos dos setores privado e público. Esta seria uma alternativa para retirada de caminhões das grandes vias, diminuindo o trânsito da cidade. Na análise realizada pelo IPT, os custos nesta categoria de transporte também foram avaliados para cargas como lodos das estações de tratamento de esgoto, resíduos sólidos urbanos, resíduos de construção e demolição, material de desassoreamento dos rios Tietê e Pinheiros e materiais relacionados à indústria da construção civil.

DISPONIBILIDADE DOS RIOS – Padovezi afirmou que não será possível navegar por nossos rios em tempo integral. “Em nossas análises foi importante estudar o índice de disponibilidade da via, pois as chuvas ocorrem em maior intensidade entre os meses de janeiro a março e os períodos de estiagem precisam ser considerados. A solução para esta questão seria uma gestão eficiente dos reservatórios para estes períodos”, disse ele. Alguns resultados do estudo do IPT foram apresentados no workshop, e o estudo completo está no link abaixo.

Marcos Avó, sócio da Lunica Consultoria, fechou o workshop apresentando a hidrovia como negócio e seu desempenho financeiro. Diferentes empresas foram ouvidas para entender a demanda existente e, a partir das informações coletadas, avançou-se a análise de negócios e modelos, centralizando em três pilares fundamentais: cargas, usuários ou stakeholders e infraestrutura. “O cenário atual é muito propício para incentivos nesta área”, afirmou ele.

O debate final do workshop contou com a participação do superintendente da Unidade de Tratamento de Esgotos da Sabesp, Paulo Nobre: “Não há dúvidas do potencial do uso da hidrovia. Essa questão é uma diretriz de estado que deve ser colocada em prática e participar do planejamento estratégico do governo”.

INSCREVA-se em nossa newsletter

Receba nossas novidades em seu e-mail.

SUBSCRIBE to our newsletter

Receive our news in your email.

Pular para o conteúdo