Bioengenharia na mineração

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O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está desenvolvendo uma pesquisa de caráter interdisciplinar para viabilizar a recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração de agregados para a construção civil – pedra, areia e calcário –, utilizando de forma integrada os conceitos de bioengenharia de solos e serviços ambientais. O projeto envolve, no IPT, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (LabGeo) e a Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais.

Área degradada: recuperação será feita com espécies nativas segundo estudos de bioengenharia
Área degradada: recuperação será feita com espécies nativas segundo estudos de bioengenharia
Os estudos estão sendo realizados no âmbito de um projeto que conta com orçamento de aproximadamente R$ 1 milhão, financiado pela Companhia Vale, pela FAPESP e pelo próprio IPT, e está articulado com o Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Mineração (Comin), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

A marca inovadora desse projeto, que deverá gerar uma patente para o Instituto, é a aplicação de técnicas de bioengenharia de solos na recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração e na geração de serviços ambientais, cujo conhecimento integrado no contexto da mineração é inédito. Seu principal alvo são terrenos localizados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que já não têm mais atividade econômica. Mas a metodologia a ser criada beneficiará também, no futuro, outras áreas que atualmente estão produzindo agregados.

A recuperação dessas áreas pelas empresas mineradoras é regulamentada, desde 1989, pelo Decreto Federal 97.632, que prevê a implantação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) ao término da exploração mineral. “Esse projeto parte da exigência legal dessa etapa, porém, pretende extrapolar a prática convencional de recuperação dessas áreas. A proposição visa agregar valor, no sentido de promoção da sustentabilidade ambiental, à fase de recuperação dessas áreas”, afirma Amarilis Lucia Casteli Figueiredo Gallardo, pesquisadora do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas (CETAE) e coordenadora dos trabalhos.

Para viabilizar o projeto, serão visitadas seis áreas de mineração de agregados no Estado de São Paulo, e duas serão selecionadas para o desenvolvimento metodológico. Depois será feito o diagnóstico ambiental das áreas de estudo, quando serão caracterizados os meios físico, biótico e antrópico. Em seguida, serão realizados experimentos para determinar as técnicas de bioengenharia de solo mais apropriadas e, por fim, identificar e avaliar os serviços ambientais gerados associados à recuperação.

Na prática, a aplicação de técnicas de bioengenharia de solos significa que as áreas não serão recuperadas apenas com o plantio de espécies convencionalmente usadas, como gramíneas e eucaliptos. “Em vez de espécies exóticas, daremos preferência a espécies nativas, priorizando o uso de espécies mais comuns, diversificando os serviços ambientais fornecidos pela recuperação da área”, afirma a pesquisadora Caroline Almeida Souza, da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais.

O projeto pretende proporcionar uma abordagem mais sustentável para a atividade de mineração. O método a ser desenvolvido poderá ser aplicado em contextos minerários similares, em diferentes regiões do País, e com estudos e adaptações posteriores, também para outras atividades mineradoras. O projeto inclui, além dos profissionais do IPT, a atuação de nove bolsistas, dos quais seis são de iniciação científica, dois de mestrado e um de doutorado.

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