Equipe do Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade do IPT, o Ciam, liderada pela pesquisadora Ely Bernardi, apóia tecnicamente órgãos do governo de São Paulo em grandes aquisições de produtos e serviços tecnológicos. Um exemplo recente foi o do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de São Paulo que, depois de aprovar no quesito preço os sistemas de radares fixos oferecidos por quatro empresas, queria comprar o produto de melhor tecnologia para atender as exigências do edital. Dois fornecedores foram aprovados.
Segundo Ely Bernardi, o conhecimento técnico é ferramenta indispensável para que o poder público possa adquirir a melhor tecnologia para suas demandas ao menor preço. “A lei das licitações orienta bem a questão preço, mas no caso de equipamentos inteligentes para controle de tráfego, que contam com recursos e softwares específicos, são necessários testes e ensaios em escala real. Órgãos governamentais precisam de assessoria especializada nestas aquisições. Foi assim com a Companhia de Engenharia de Tráfego em 2007/2008 e agora com o DER. Além do Ciam, que coordena os trabalhos, contamos também com o apoio do Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos, o Cinteq.”
Os testes dos equipamentos, critérios de desempenho e índices de aproveitamento foram definidos no edital do DER, que encarregou-se também de instalar central de dados numa unidade de atendimento (UBA) e equipamento de referência no campo de provas – um trecho da rodovia Anchieta – para comparação de resultados. O IPT detalhou a metodologia adequada à realização dos ensaios.
COMO FUNCIONA – “Basicamente – disse Ely – o radar fixo detecta a passagem de um carro por meio de ‘laço magnético’. Cria-se um campo de indução eletromagnética que se altera com a passagem de massa metálica e dispara um dispositivo fotográfico de alta resolução focalizando a placa do veículo. A leitura da placa é feita por um software OCR similar ao dos scanners para reconhecimento de caracteres e enviado para um sistema computadorizado. De lá, a informação segue por radiofrequência para uma base de dados do Governo de São Paulo que integra informações da segurança pública.
O sistema de radar tem recursos multifuncionais e pode, por exemplo, identificar se o veículo foi roubado. Se for o caso, a informação é repassada ao posto policial da própria estrada que fará a averiguação.”
Segundo Ely, a exposição das empresas aos testes tecnológicos é vantajosa não só para o governo, mas para elas mesmas. “Os ensaios mostram na prática que às vezes algumas empresas não estão bem preparadas para o serviço solicitado, o que é importante pois o órgão público precisa saber com segurança o que está comprando. Mas ao mesmo tempo essas empresas têm a oportunidade de comparar e aperfeiçoar seus produtos para atender a outras licitações que virão.”