Focalizado na possibilidade de uso da gaseificação, o IPT apresentou na 8ª edição do Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia e Energia Canavieira (Simtec) quatro alternativas para o aproveitamento do bagaço e palha da cana-de-açúcar. O objetivo é produzir combustíveis líquidos e gasosos, produtos químicos e biopolímeros além da energia elétrica. “O Brasil precisa enfrentar esse desafio e escolher a melhor combinação de tecnologia”, afirma Ademar Ushima, pesquisador do IPT. O evento realizou-se de 13 a 15 de julho, na cidade de Piracicaba (SP).
O IPT atua no desenvolvimento de novas tecnologias e na otimização de tecnologias para a produção de etanol de primeira e segunda geração. Estuda o processo da gaseificação há mais de 20 anos e pesquisa a produção de etanol e o desenvolvimento de processos de hidrólise enzimática de bagaço de cana-de-açúcar.
As alternativas tecnológicas apresentadas para o aproveitamento do bagaço, já utilizado pela indústria, e a palha, em fase inicial de aproveitamento, envolvem tecnologias convencionais como a otimização energética e a geração de energia elétrica com rendimento em torno de 30%, e tecnologias de segunda geração como a hidrólise enzimática e as rotas termoquímicas (gaseificação e pirólise). Em cada tonelada de caule de cana são encontrados 150 kg de açúcares, 140 kg de bagaço seco, 70kg de palha seca no caule, 70kg de palha seca na ponteira e 710 kg de água. O uso desses resíduos pode aumentar o aproveitamento energético das usinas, além de reduzir o consumo de água. O potencial energético do excedente de toda essa biomassa, somente no setor sucroalcooleiro, pode ser estimado em 24 bilhões de reais no ano de 2009, na forma de energia elétrica.
O IPT criou um projeto de construção de um Centro de Desenvolvimento da Gaseificação de Biomassa, que inclui competências do IPT, do Centro de Tecnologia Canavaieira e do Centro de Tecnologia do Bioetanol. O desafio é demonstrar a viabilidade técnica dessa tecnologia e baixar o custo do investimento, contando com suporte financeiro de órgãos de fomento, governamentais e empresas privadas.
O Simtec contemplou todos os elos da cadeia sucroalcooleira – do produtor rural ao industrial – passando especialmente por discussões técnicas e expressivamente importantes para o futuro do setor. A proposta do evento foi consolidar um modelo econômico, científico e tecnológico baseado na gestão de recursos e produção de energia renovável e de baixo impacto ambiental, em especial o álcool e o biodiesel.