Perspectivas dos 111 anos

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O aniversário de 111 anos do IPT é comemorado nesta quinta-feira, 24 de junho. É um momento especial também porque o projeto de modernização do Instituto está completando dois anos. Nesta entrevista, o diretor-presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira, fala sobre o significado da data, analisa as perspectivas de futuro do Instituto e faz um balanço dos investimentos consolidados até agora com o aporte de 85 milhões de reais do Governo do Estado. Confira a íntegra da entrevista:

<strong>Oliveira:</strong> “O IPT tem a história gloriosa de ser um grande agente apoiador tecnológico para as missões de desenvolvimento e está chegando aos 111 anos com uma evidência clara a esse respeito”” class=”wp-image-39924″ width=”323″/><figcaption class=Oliveira: “O IPT tem a história gloriosa de ser um grande agente apoiador tecnológico para as missões de desenvolvimento e está chegando aos 111 anos com uma evidência clara a esse respeito”

Como o senhor define o IPT hoje, em seus 111 anos?
O IPT é um importante agente de desenvolvimento e hoje, mais do que nunca, está em evidência, tendo em vista o crescimento da economia brasileira. As discussões em torno desse crescimento têm colocado em foco a necessidade de uma base tecnológica forte e associada ao desenvolvimento. Isso no IPT ficou marcado com a visita, em maio, do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, com o objetivo de ressaltar para o país a importância da base de P&D no desenvolvimento.

O IPT, então, está desempenhando seu papel corretamente?
Cada aniversário da Instituição é uma oportunidade de reflexão sobre o papel que ela desempenha frente ao que deve fazer no futuro. O IPT tem a história gloriosa de ser um grande agente apoiador tecnológico para as missões de desenvolvimento e está chegando aos 111 anos com uma evidência clara a esse respeito. Estamos em um momento em que o país tem uma economia cujo crescimento se destaca no mundo e, ao mesmo tempo, há uma preocupação enorme que a tecnologia seja a base para respaldar esse desenvolvimento. Sem isso os processos são frágeis. Todos os agentes governamentais, públicos e privados estão percebendo a relevância de ter pesquisa e tecnologia, e uma instituição como o IPT passa a ter valor crescente nesse contexto.

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Qual é o futuro que o senhor vislumbra para o IPT?
As perspectivas do IPT no futuro estão ligadas à visão estratégica de todos os seus principais líderes. A atual diretoria tem procurado identificar onde estão as grandes oportunidades de atuação. O processo de olhar para o futuro é bottom-up, porque os nossos pesquisadores e técnicos têm um contato direto com as demandas. Ao observar as demandas, seus rumos, conseguimos vislumbrar o futuro com mais realismo. Esse exercício tem sido primordialmente o de entender a visão dos nossos pesquisadores em relação ao que é necessário, ao que é futuro e, ao mesmo tempo, procurar por meio de outros mecanismos, como as cooperações internacionais e as discussões com especialistas, entender quais são as oportunidades ainda não-demandadas pelas empresas. A fusão desses dois aspectos resulta no plano estratégico do IPT.

O que propõe esse plano?
Estrategicamente, com esse plano, nós pretendemos realizar grandes esforços em três frentes. A primeira delas é a de tecnologias sustentáveis, o que está caracterizando o nosso Instituto como um agente que tem sustentabilidade em tudo o que é feito. Hoje todas as tecnologias precisam ter esse compromisso com o meio ambiente. Nessa frente, temos pesquisas como a do silício grau solar, remediação de áreas contaminadas, ou até estruturas leves, que é um projeto para o meio ambiente, porque vai permitir economizar combustíveis com as aeronaves, pois você melhora o desempenho e economiza materiais que são críticos em termos de recursos naturais. Nessa área, estamos também fortalecendo um grupo no IPT que está se especializando em engenharia do ciclo de vida. É um grupo multidisciplinar, que tem como missão aplicar esses conhecimentos em todos os projetos que o IPT desenvolve. A engenharia do ciclo de vida é um guarda-chuva amplo da sustentabilidade, que adota ferramentas para a produção mais limpa, análise do ciclo de vida, enfim, ferramentas para promover o desenvolvimento.

E quais são as outras frentes?
Uma delas é uma área de fronteira, que é a bionanotecnologia. Essa área também nasceu de uma indução de baixo para cima de ideias de especialistas. Vários deles deram contribuições, como o professor Sergio Mascarenhas, que sempre achou que existe uma oportunidade enorme para o IPT investir nessa área e vários pesquisadores dentro do Instituto defendem essa mesma idéia. E ai nós remetemos isso ao Conselho de Orientação do IPT e foi julgado que isso era relevante. O grande investimento nessa área é uma maneira de fazermos uma conexão com algo portador de futuro, induzir nos setores empresariais tecnologias que eles não imaginam poder usar.

Há ainda uma terceira área que o senhor mencionou…
São as tecnologias relativas ao desenvolvimento do Pré-sal. Sistemas, ensaios, testes de produtos, capacitação de fornecedores, pesquisas sobre exploração, sobre engenharia naval, corrosão em materiais… É um espectro amplo de trabalho que dá respaldo tecnológico para essa oportunidade que é o Pré-sal. Olhar para o futuro, em termos de prioridade, significa pensar em tecnologia nessas três áreas.

Como está neste momento o projeto de modernização do IPT?
Esse projeto se iniciou em abril de 2008, com uma apresentação ao Governador José Serra sobre o que devia se feito. Os primeiros recursos foram aportados em junho de 2008, portanto, o projeto Moderniza está completando agora dois anos. A criação do grupo de trabalho do Moderniza, ou da gerência de modernização – antes se chamava célula de modernização – e todo o empenho dessa equipe no sentido de fortalecer a nossa capacidade de modernizar são destacáveis.

O senhor pode dar exemplos?
Temos vários, como a solução do problema do estudo de similaridade para importação, pois o IPT não era cadastrado no CNPq. Isso viabilizou importações mais rápidas. Foi feito um fluxo fechado por meio de instruções normativas, em que o grupo de modernização, que é constituído por pessoas de altíssimo padrão na área administrativa do IPT – compras, licitações, jurídica, entre outras – trabalha de maneira integrada e com poder de decisão para realizar compras e obras, sob a liderança do gerente Wilson Iyomasa. São pessoas altamente capacitadas que estão conduzindo esse processo. O resultado disso é o comprometimento de cerca de 85 milhões de reais de recursos do Governo do Estado em investimentos no IPT. Boa parte disso, pelo menos 30 milhões de reais, refere-se a duas grandes obras, que são os novos laboratórios de bionanotecnologia e de ensaios mecânicos. Este último vai atender aos testes pesados da indústria do Pré-sal. São duas grandes prioridades, que representam praticamente metade desses investimentos. O laboratório de testes pesados deve ficar pronto até o fim deste ano. A velocidade de resposta do IPT ao estímulo do Governo do Estado para a modernização foi surpreendente.

Além do Moderniza, quais são os outros marcos dos 111 anos?
O Moderniza não é só investimento em infraestrutura e equipamentos. Realizamos um concurso em 2008 e estamos trabalhando na abertura de um novo concurso. O fato principal é que, dentro do aspecto de recursos humanos, a gente está apresentando também nesta semana uma proposta de novo plano de cargos e salários para o Conselho de Administração, um estudo que foi realizado também com ampla participação dos ipeteanos, por meio de vários workshops, com avaliação institucional e tudo o mais. Nós também fizemos um grande trabalho de imagem do IPT, na área de marketing e comunicação, por meio de uma ação intensa, adotando instrumentos como as páginas de notícias do nosso site, a intranet com notícias novas todo dia, a newsletter do IPT, a revista do IPT, um relatório de atividades que demonstra claramente o valor das atividades do instituto e a nova marca do IPT. São ações que têm o objetivo de mostrar uma instituição moderna, tudo isso de maneira sincronizada com investimentos, concurso e formação de pesquisadores no exterior. Eu acho que a avaliação do programa de modernização hoje é muito positiva, tendo em vista os resultados que a gente está alcançando. Só temos motivos para comemorar. É lógico que, ao longo desse caminho, a gente sempre vai refletir sobre todas as dificuldades para promover o desenvolvimento, tem muita coisa para ser resolvida ainda, tem muita coisa para aprender e descobrir, e assim o IPT será cada vez mais eficiente.

Foto: Agência Luz

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