Representantes de empresas, centros de pesquisas e universidades participaram em três de fevereiro no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da primeira reunião de discussão para a constituição de uma rede de inovação do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) na área de nanotecnologia, voltada às demandas do setor de cosméticos. O objetivo é criar uma rede temática de centros de inovação que atenda demandas específicas do setor e ofereça inovações radicais ou incrementais por meio da aproximação da comunidade acadêmica com as empresas.
O Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota, iniciou a reunião colocando a questão das dificuldades na transferência do conhecimento acadêmico para alguns setores produtivos. Para solucionar o problema, Mota chamou a atenção para a necessidade de conhecer a capacidade de oferta das empresas e os gargalos tecnológicos enfrentados e, para ampliar os índices de inovação, “não basta somente colocar recursos a partir das demandas, mas sim associar competências”, completa João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT.
A escolha do segmento de nanocosméticos, afirma o secretário, deve-se ao fato de ser esta uma das áreas mais significativas em nanotecnologia no país. “A utilização de nanopartículas no setor ocupa uma fatia crescente do mercado internacional. O Brasil tem hoje um conjunto de empresas de cosméticos com condições de competir com quaisquer outras do mundo, e não poderiam deixar de se expandir sem lançar mão de novas tecnologias”, explica Mota. O mercado mundial de nanocosméticos foi estimado em US$ 72 milhões em 2007 e a previsão é de crescimento nos próximos anos.
As questões mais abordadas pelos acadêmicos e pelos empresários durante a reunião foram a definição de quais são realmente os produtos fabricados que contêm nanopartículas e a análise de toxicidade dos produtos. “Temos uma realidade hoje em que a palavra \’nano\’ virou marketing: é possível encontrar no mercado uma linha de produtos que se apropriam da definição sem o serem de fato”, afirma Mota, alertando para a necessidade de haver uma caracterização que permita distinguir tais produtos.
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Em relação aos riscos e à toxicidade dos nanocosméticos, o secretário colocou a necessidade de mais conhecimento sobre o tema: “Como qualquer novidade, é preciso usar a própria ciência para definir quais produtos podem trazer uma melhoria da qualidade da vida, sem riscos à saúde da população”. Entre outras missões, os participantes da reunião terão a tarefa de auxiliar na compreensão da utilização do termo \’nano\’ e procurar mecanismos, junto a órgãos como a Anvisa, que possam garantir a segurança do consumidor. Até 2009, foram articuladas ou estão em estruturação 11 redes temáticas Sibratec de centros de inovação.
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