Com investimento de R$ 9,5 milhões, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) inaugurou hoje, 6 de novembro, as novas instalações de seu laboratório de engenharia naval, ligado ao Centro de Engenharia Naval e Oceânica (CNAVAL) do Instituto. Nos últimos meses, o laboratório passou por uma completa reformulação física e tecnológica, que o coloca agora como o mais moderno da América Latina e em condições de atender às novas demandas de suporte tecnológico aos setores de transportes marítimos e de construção de plataformas de petróleo, que experimentam uma retomada histórica de atividades, depois de quase sucumbirem durante os anos 80 e 90. O projeto foi fomentado no âmbito de um convênio entre a Transpetro e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Como dona da maior frota de navios do continente, a Transpetro será um dos principais demandadores do laboratório.
Dos recursos aplicados, 90% são provenientes da Petrobras e 10% da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. A participação da Petrobras faz parte de um programa de R$ 32 milhões, voltados a oito projetos de capacitação tecnológica na área de naval, que incluem, além do IPT, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
Além da rede de engenharia naval, denominada Rede de Tecnologia de Navios, a Petrobras criou outras 49 redes temáticas, das quais o IPT participa atualmente de seis, para fortalecer a atuação das instituições de pesquisa e desenvolvimento no país, em áreas consideradas desafios tecnológicos para os próximos anos no setor de energia. Essas redes envolvem cerca de 80 instituições e atualmente respondem por um investimento anual de R$ 400 milhões, o que coloca a Petrobras entre as cinco empresas no mundo que mais investem em P & D.
O projeto do novo laboratório foi concebido a partir de 2005 com base em três objetivos: criar um centro multiusuários, com 15 estações de trabalho para pesquisadores, projetistas e clientes do Instituto; incrementar a capacitação laboratorial do Centro, por meio de equipamentos modernos de medição para ensaios no tanque de provas, túnel de vento e túnel de cavitação (estudo de hélices); e reduzir o tempo de construção de modelos físicos para serem testados nesses laboratórios.
Do investimento total, cerca de R$ 5,5 milhões foram empregados em equipamentos, como o braço robótico que passou a dar suporte ao desenvolvimento de modelos de embarcações. O restante dos recursos foi aplicado em obras civis, que consistiram na troca de cobertura do tanque de provas e na renovação e ampliação das áreas técnicas do Centro. “Estamos mais eficientes para atender às novas demandas da indústria”, afirma Carlos Daher Padovezi, diretor do CNAVAL.
Segundo Padovezi, os ganhos de eficiência serão sentidos, sobretudo, na confecção de modelos com o auxílio da robótica. Mas, para isso foi preciso abandonar o antigo sistema de marcenaria, que consumia até 45 dias para executar um modelo de navio em escala. Agora os modelos são confeccionados em blocos de poliuretano ou em madeira, esculpidos pelo braço robótico. Depois as superfícies recebem tratamento com resina de fibra de vidro. O processo todo não chega a uma semana.
Há também uma máquina de prototipagem rápida para o desenvolvimento de modelos de hélices e de lemes. Como se fosse uma impressora em três dimensões, esse equipamento trabalha em sintonia com modeladores virtuais em CAD 3D. O sistema alcança um nível de detalhamento, em tempo real, difícil de ser obtido em um processo convencional de usinagem.
Outros refinamentos tecnológicos do Centro estão no novo gerador de ondas para o tanque de provas, que tem 280 metros de comprimento, 6,6 metros de largura e 4,5 metros de profundidade; novo sistema de instrumentação do carro dinamométrico do tanque; sistema de imagem de alta precisão de medições de movimentos; e modernos dinamômetros para medições de forças. “São recursos que vão dar mais precisão e rapidez aos ensaios”, afirma Padovezi. O tanque de provas do IPT existe desde 1956. Ele foi ampliado em 1980 e a remodelação atual é o terceiro marco importante de sua história.
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Fotos: Agência Luz