Um grupo de cerca de 100 pesquisadores, empresários e acadêmicos se reuniu nesta quarta-feira, 21, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, para participar do evento Inovação na Sociedade e nas Empresas, tema que é um dos quatro eixos da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (4ª CNCTI), a ser realizada de 26 a 28 de maio de 2010 em Brasília (DF).
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A conferência vem sendo articulada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) a partir de convocação por decreto presidencial de 3 de agosto de 2009. Os outros três eixos do programa são Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T & I) para o Desenvolvimento Social; Sistema Nacional de C, T & I; e Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D & I) em áreas estratégicas. Antes do evento nacional, serão realizadas reuniões regionais, até março de 2010, em Belém, Cuiabá, Maceió, Vitória e Porto Alegre.
A conferência é considerada pelo governo federal como importante passo para consolidar uma política nacional de C,T & I, que seja voltada ao desenvolvimento sustentável. “Vamos interagir e debater para consolidar na conferência as propostas de um plano nacional”, afirmou o ministro interino da Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Rodrigues Elias. Um dos desafios que Elias vislumbra para os próximos anos é o aumento dos investimentos em ciência e tecnologia em relação ao PIB, cuja meta é chegar a 1,5%, considerando os setores público e privado.
A necessidade estratégica de ampliar os investimentos também foi destacada por Ronaldo Mota, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT. Mota disse que no setor privado o investimento em ciência e tecnologia deve chegar a 0,4% do PIB em 2010. As empresas, segundo ele, têm sido estimuladas a investir graças ao marco legal da inovação, que conta, entre outros instrumentos, com as leis 10.973, de 2004, e 11.196, de 2005, que preveem incentivos à pesquisa no ambiente produtivo.
Outro estímulo ao investimento em inovação, segundo Mota, tem sido a atuação do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), criado em 2007, para apoiar as atividades de P & D em produtos e processos nas empresas. O sistema congrega três redes temáticas – centros de inovação, serviços tecnológicos e extensão tecnológica – para organizar a atuação das instituições. “O Sibratec nasceu de uma proposição da sociedade e desempenha para o setor produtivo papel similar ao da Embrapa nos anos 70”, disse.
A atividade das incubadoras de empresas no país, que é uma das bases do sistema, segundo Mota, consegue reduzir a mortalidade média das empresas de 59% para 7%. Outra informação apresentada pelo secretário é quanto ao universo de empresas que tem se beneficiado do marco legal da inovação. Especificamente no que concerne à lei 11.196, conhecida com Lei do Bem, foram 130 empresas em 2006 e 300 em 2007, em um universo de investimentos que se expandiu de R$ 2,19 bilhões para R$ 5,1 bilhões de um ano para o outro.
O diretor da Natura, Pedro Passos, considera que com o marco legal e outras iniciativas o país tem dado passos significados para desenvolver as bases da inovação nas empresas e na sociedade. "A expectativa dos empresários é que inovação hoje é tão importante quanto a educação", afirmou. Mas ele também disse que o aumento de investimentos do setor privado ainda é um desafio. Passos afirmou que as empresas brasileiras atualmente concentram 46,5% dos investimentos em P & D, frente a 53,5% do setor público. Nos países desenvolvidos, essa relação é diferente. No Japão, por exemplo, o setor privado concentra 77,7% e na Alemanha, 68,1%.
Para que a equação da inovação seja resolvida, aproximando as empresas do conhecimento acadêmico, os institutos de pesquisa têm papel fundamental e devem atuar como articulador entre os dois universos, defendeu João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT. “Mais do que a competição, a saída é a ação solidária e cooperativa entre academia e empresas”, disse Oliveira.
O diretor-presidente defendeu que diferentes grupos devem trabalhar em projetos comuns e citou com exemplos dois projetos que vem sendo articulados pelo IPT, entre diversos atores: o projeto do Laboratório de Estruturas Leves (LEL), no Parque Tecnológico de São José dos Campos, para o trabalho com materiais compósitos, e o projeto de uma planta-piloto de gaseificação de biomassa, no Parque Tecnológico de Piracicaba, para desenvolver tecnologia de etanol de segunda geração.
Carlos Aragão, secretário-geral da 4ª CNCTI, afirmou que o maior desafio da conferência será incorporar a agenda do desenvolvimento sustentável à política de inovação. “Não vamos abrir mão do crescimento do país e queremos que esse processo leve em conta a sociedade”, disse, colocando a questão em termos culturais. Essa perspectiva é compartilhada pelo coordenador-geral de Programas Estratégicos da Capes, Luciano de Azevedo. "Um evento como esse agrega atores de setores diferentes, uma interlocução fundamental para aprimorar a cultura de inovação no país."
Fotos: Luiz Prado – Agência Luz
Mais informações: http://www.cgee.org.br/cncti4/