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As discussões sobre as práticas de sustentabilidade aplicadas à produção industrial passam necessariamente pela abordagem da base tripla da integração social, desenvolvimento econômico e renovação ambiental. A opinião é do diretor-presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira, que participou do “III Seminário Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas – Propostas e Desafios para a Sustentabilidade Ambiental”, realizado na última quinta-feira, dia 10 de setembro, pelo jornal “Valor Econômico”, em São Paulo.
“Os métodos de avaliação reportam-se atualmente aos três aspectos, porque uma decisão empresarial está cada vez mais relacionada à conjugação das questões sociais, econômicas e ambientais”, afirmou João Fernando, no Painel “Em Busca da Sustentabilidade nas Cidades” lembrando da importância de considerar os impactos causados pelos produtos desde a etapa de desenvolvimento a partir de um exemplo do dia-a-dia: “Um novo chuveiro elétrico pode oferecer mais conforto ao consumidor, mas gastar o triplo de energia”. Os próximos passos na criação de um produto, como a escolha das matérias-primas e os processos fabris, também foram colocados por ele em discussão: não basta um produto ser sustentável se em seu processo de fabricação ocorre uma grande emissão de poluentes e um alto gasto de energia.
Nesta linha de raciocínio, João Fernando mostrou o conflito na adoção de técnicas de produção mais limpas e na reutilização interna de materiais, passível de uma observação mais clara na indústria automobilística. “Para um veículo reduzir a sua emissão de poluentes, é necessário um motor mais leve e, para a sua fabricação, são necessários materiais mais avançados”, explicou ele. “No entanto, estes novos materiais são fabricados em processos que geram uma grande quantidade de resíduos”. O resultado final é um carro que polui menos, mas cujo processo fabril passa longe dos conceitos e práticas da sustentabilidade.
A ponta de toda a cadeia foi também alvo da apresentação de João Fernando, que lembrou como um dos exemplos mais significativos do fim de vida de um produto as garrafas PET boiando no Rio Tietê. Para auxiliar na solução do problema do descarte e da reutilização dos produtos, a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) foi mencionada pelo diretor-presidente como a ferramenta básica para o setor industrial saber os caminhos a serem tomados. O método é utilizado para estabelecer e quantificar os impactos ambientais associados a produtos e serviços, desde a concepção, manufatura, uso e descarte.
As atuais motivações para a adoção de práticas sustentáveis pela indústria receberam destaque no final da apresentação. A tomada de decisões sobre os impactos causados pelos produtos passa, na opinião de João Fernando, por questões legislativas, conceito de responsabilidade social, marketing (“as empresas ganham quando vendem a imagem de verde”) e desempenho (“eventualmente, sai mais barato ser sustentável”).