O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) inaugurou nesta quarta-feira, 08 de julho, seu novo Laboratório de Corrosão e Proteção, que recebeu investimento de R$ 11,8 milhões da Petrobras. A infraestrutura do laboratório passou por um processo de completa modernização, “que o coloca como o mais avançado do hemisfério sul”, disse Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente executivo do Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello), da Petrobras.
Até 2011, os investimentos no laboratório totalizarão R$ 15, 4 milhões. O projeto foi viabilizado pela Rede Temática de Materiais e Controle de Corrosão, uma das 30 redes que a Petrobras está desenvolvendo para fortalecer sua atuação em áreas de conhecimento consideradas desafios tecnológicos para os próximos anos. Essas redes envolvem cerca de 100 instituições de pesquisa no país e atualmente respondem por um investimento anual de R$ 400 milhões, o que coloca a Petrobras entre as cinco empresas no mundo que mais investem em P & D. O IPT participa de seis delas “e poderá participar de mais no futuro, tão logo se materializem os frutos dos trabalhos já programados”, disse Fraga.
O gerente executivo do Cenpes afirmou que o projeto de redes temáticas foi possível graças ao marco regulatório estabelecido a partir da abertura de mercado e da criação da ANP (Agência Nacional de Petróleo), que prevê o investimento de 1% da receita bruta dos campos de petróleo de maior produtividade em projetos de pesquisa.
O secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse na solenidade de inauguração que a parceria entre o IPT e a Petrobras para viabilizar o novo laboratório reflete o compromisso do Estado com questões nacionais e que o aprofundamento dos estudos de corrosão é importante porque, entre outras questões, São Paulo é o maior produtor de bioenergia de etanol – os combustíveis em geral têm ação corrosiva – e também porque o Estado passa a ganhar destaque com o cenário do pré-sal, na bacia de Santos.
Alckmin comparou os estudos de corrosão à medicina e recebeu aplausos da plateia ao afirmar que a corrosão sob tensão, um dos problemas focados pelo novo laboratório, acontece também no corpo humano com o estresse “quando tudo fica apertado”. Ele também disse que os problemas de coração, derrame, aneurisma cerebral e diabetes estão relacionados à qualidade do sangue e de veias e artérias.
O estudo da corrosão é importante para evitar o colapso de materiais metálicos em pontes, postes, dutos, tanques, enfim, toda e qualquer construção que adote o aço como material construtivo. O conhecimento sobre o assunto fornece subsídios para a correta especificação de materiais, sejam eles grandes elementos, como chapas de tanques de armazenagem, ou mesmo parafusos ou outros conectores.
O diretor-presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira, afirmou que o investimento no novo laboratório se insere no atual projeto de modernização do Instituto, que está recebendo R$ 150 milhões de investimentos no triênio 2008-2010. A maior parte desses recursos provém do governo do Estado. Segundo Oliveira, “na sociedade do conhecimento, que está se constituindo nesse começo de século, a velocidade dos avanços tecnológicos torna-se a marca fundamental”. Oliveira destacou que microscopia eletrônica e engenharia naval, ao lado da corrosão, áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico nos próximos tempos.
O trabalho do IPT na pesquisa de corrosão tem contribuído para o desenvolvimento de normas internacionais, como é o caso do tema de corrosividade de dutos destinados a derivados de petróleo. O IPT também fornece subsídios para normas sobre fadiga de tintas, “um tema que ninguém estuda”, afirma Zehbour Panossian, coordenadora do novo laboratório de proteção e corrosão do IPT.
leadershipaudio.com
Confira abaixo as principais áreas de desenvolvimento do novo laboratório:
- Corrosão interna – O Laboratório de Corrosão Interna de Dutos (LACID) é referência mundial em ensaios para avaliação da corrosividade de petróleo e derivados. O Laboratório atua junto à Petrobras e à Transpetro no monitoramento da corrosão interna de dutos, treinando profissionais das empresas contratadas pela Petrobras para essas atividades. Colabora também na avaliação da eficiência e determinação da concentração dos inibidores de corrosão para dutos de transporte e tanques de armazenamento de combustíveis.
- Corrosão externa – A área de Corrosão Externa e Proteção Catódica teve um avanço extraordinário nos seus estudos. Em trabalhos conjuntos com o Cenpes/Petrobras, o IPT desenvolveu uma metodologia inédita na área de proteção catódica para avaliar a probabilidade de corrosão por corrente alternada na superfície externa de dutos.
- Biocombustíveis – A unidade de Corrosão em Biocombustíveis possui infraestrutura adequada para desenvolver estudos de novas tecnologias, visando à viabilização do transporte e da exportação de etanol e biodiesel. Possui tecnologia para o desenvolvimento de metodologias específicas para estudo da corrosividade do etanol e, também, sua qualidade em condições de armazenamento e de movimento em transporte.
- Eletroquímica – A área de Eletroquímica conta com modernos equipamentos para ensaios eletroquímicos, incluindo potenciostatos e analisadores de frequência para a obtenção de parâmetros tradicionais que podem atuar simultaneamente em quatro sistemas. Também conta com uma Sonda Kelvin, para avaliação de atividade eletroquímica sob películas não-condutoras e para identificar fases anódicas (nas quais ocorre a corrosão) e catódicas (nas quais a corrosão não ocorre) em ligas metálicas, além da eficiência de inibidores fílmicos de corrosão.
- Revestimentos nanoestruturados – A área de Caracterização Microestrutural de Materiais Metálicos e Revestimentos Nanoestruturados conta com modernos equipamentos para preparação metalográfica e para análises de superfície, incluindo microscópio de foco infinito e microscópio confocal (permitem análises de micropartículas). No campo das nanopartículas, a unidade está capacitado para caracterizar materiais nanoestruturados, possuindo para isto microscópio de força atômica, FEG (microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo) e microscopia Raman.
- Revestimentos – A área de Revestimentos desenvolve equipamentos e metodologias para realização de ensaios não convencionais, que reproduzem condições operacionais adversas. É o caso, por exemplo, da movimentação de líquidos transportados por navios-tanques e as condições de agressividade dos furos direcionais. Possui ainda um Laboratório Flutuante instalado em região marinha do litoral de São Paulo, para realizar estudos com novas tecnologias de revestimentos para aplicação offshore, incluindo revestimentos antiincrustantes.
- Ensaios dinâmicos – A unidade de Ensaios Dinâmicos de Corrosão possui Loops de corrosão, inclusive Loop multifásico, equipamentos que realizam ensaios dinâmicos de corrosão interna e sob altas temperaturas e pressões. Estes sistemas permitem verificar a influência de parâmetros operacionais na eficiência dos inibidores de corrosão.
- Corrosão associada a fatores mecânicos – estudos de corrosão e fadiga, corrosão sob tensão / BTD também poderão ser desenvolvidos com a nova infraestrutura do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT.