Quinhentos e oitenta seis dos 2.640 subpainéis da cobertura do Estádio do Maracanã apresentaram algum tipo de dano nos apontamentos realizados pela Seção de Engenharia de Estruturas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT),
Inspeção e mapeamento de danos na membrana da cobertura do Estádio do Maracanã foram realizadas pela Seção de Engenharia de Estruturas do IPT
entre os dias 15 e 19 de fevereiro, a pedido da Concessionária Complexo Maracanã Empreendimento, liderada pela Odebrecht.
As inspeções e o mapeamento feitos pelo IPT tiveram como objetivo levantar e registrar os danos existentes nas membranas que compõem a cobertura do estádio. Adicionalmente, após o trabalho de campo, foram feitas comparações entre o levantamento do Instituto e o relatório elaborado pela Schalaich bergermann und partner (SBP) após a Copa do Mundo de 2014.
A membrana da cobertura do estádio é composta por 120 painéis, cada um deles dividido em 22 partes, o que totaliza os 2.640 subpainéis. A solicitação inicial da concessionária era mapear e comparar os danos nas membranas oriundos da queima de fogos de artifício durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, comparando-os com os ocorridos na Copa do Mundo. "Entretanto, durante as inspeções na face superior das membranas, foram também observados danos não associados às queimas.
Membrana da cobertura é subdividida em 60 eixos com painéis esquerdos (L) e direitos (R)
Eles podem ter sido causados, por exemplo, pela manipulação de equipamentos sobre a superfície. Isso levou a equipe do IPT a decidir pela inclusão também desses danos no estudo", explica o pesquisador do Instituto e coordenador do estudo, Diego Lapolli Bressan.
METODOLOGIA PARA AS INSPEÇÕES E O MAPEAMENTO – Dois alpinistas instalaram inicialmente equipamentos de proteção coletiva no sentido radial da cobertura. O objetivo era a execução segura dos trabalhos. Duas equipes técnicas do IPT se dividiram em inspetores e \’mapeadores\’. Enquanto a primeira localizava as anomalias, suas dimensões e o grau de dano, a segunda registrava as informações em desenhos esquemáticos e em ilustrações e fotos.
Previamente às inspeções em campo, havia sido identificada a necessidade de classificação dos danos, em níveis de 1 a 3, conforme a sua profundidade na membrana – são basicamente três camadas em uma estrutura do tipo sanduíche,
Painel com dano de grau 3 (furo) com diâmetro de 10 mm (abaixo) e detalhe do furo (acima)
que consiste em fibra de vidro protegida em ambas as faces por um polímero, o politetrafluoretileno (PTFE).
Os danos de grau 1 foram definidos como aqueles que atingiram apenas a camada superficial da membrana; os de grau 2 aqueles em que a camada do polímero foi ultrapassada e se atingiu a fibra de vidro e, finalmente, os de grau 3, quando as três camadas foram atingidas.
RECOMENDAÇÕES – O relatório técnico emitido pelo IPT recomenda a recuperação dos locais com anomalias a fim de aumentar a durabilidade das membranas e garantir a funcionalidade estrutural dos subpainéis. "Foi solicitada ainda a contratação de uma empresa especializada para a execução das atividades de recuperação, que ficará responsável por escolher os materiais e os procedimentos a serem adotados", completa Bressan.