Árvores históricas

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Dois exemplares centenários de sumaúmas foram vistoriados neste mês de abril por uma equipe do Laboratório de Preservação de Madeiras e Biodeterioração de Materiais do IPT. As árvores estão na Praça Justo Chemont, em frente à Basílica Santuário de Nazaré na cidade de Belém (PA), e foram inspecionadas com o objetivo de avaliar o risco de queda e elaborar um relatório a pedido da Prefeitura do Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).

Dados coletados na sumaúma de 25 metros de altura estão em análise para identificação de organismos como cupins e fungos
Dados coletados na sumaúma de 25 metros de altura estão em análise para identificação de organismos como cupins e fungos
Também conhecida como samaumeira ou “barriguda”, a sumaúma é uma das árvores-símbolo da Região Amazônica: as suas raízes de sustentação, chamadas de sapopemas, emitem um som grave quando sofrem o impacto de golpes e ainda hoje são utilizadas pelos povos indígenas como meio de comunicação. Sua fibra permite não somente o uso em enchimento de colchões e coletes salva-vidas, mas funciona também como isolante térmico e acústico para câmaras frigoríficas, e a madeira tem uso desde compensados até brinquedos.

Os trabalhos executados pela engenheira agrônoma Raquel Amaral e pela bióloga Cyntia Tagliatelli tiveram como objetivo realizar o diagnóstico das duas árvores quanto à sua condição biológica, ou seja, a ocorrência de cupins, fungos apodrecedores e brocas de madeira, e o seu risco de queda. O levantamento envolveu análises externa e interna, esta última feita pelo uso de um penetrômetro, que permite avaliar a perda de resistência mecânica do lenho e a presença de organismos no interior da árvore de maneira não-destrutiva. “O equipamento possui uma broca com diâmetro de 0,9 mm que penetra na árvore e fornece respostas na sua linha de passagem”, explica Raquel.

A primeira das árvores analisadas tem aproximadamente 25 metros de altura e apresenta uma ferida/oco na região do tronco localizada a cerca de 15 metros de altura, o que obrigou as pesquisadoras ao deslocamento por meio de uma plataforma elevatória. “As dimensões deste oco estão na faixa de dois metros de altura e um metro de largura, o que permite a entrada de um indivíduo. Encontramos neste local um processo intenso de podridão e a presença de cupins subterrâneos e besouros, além de corpos de frutificação de fungos na base da árvore. Estamos trabalhando na análise dos dados para a identificação dos organismos”, antecipa Raquel.
Detalhe da ferida, localizada a 15 metros de altura, com apodrecimento intenso e ataque de cupins subterrâneos
Detalhe da ferida, localizada a 15 metros de altura, com apodrecimento intenso e ataque de cupins subterrâneos
A pesquisadora chama a atenção, no entanto, para o fato de que não foram encontrados danos graves e de as árvores desta família serem dotadas de raízes tabulares, que cercam a base do tronco até uma altura em torno de três metros e tornam mais difícil a queda dos espécimes.

A outra árvore examinada é um pouco menor (20 metros de altura) e mostra uma folhagem mais densa, mas com problemas decorrentes de podas inadequadas dos galhos. “Esse exemplar também tem dois ocos grandes, que parecem servir como toca de animais, mas na parte superior não encontramos sérios problemas”, explica Raquel.

Os gráficos obtidos por meio do penetrômetro estão sofrendo uma interpretação mais cuidadosa em razão de as sumaúmas pertencerem à família das bombacáceas, assim como as paineiras, que são espécimes de madeira mole. “As prospecções em árvores desta família são muitas vezes complicadas porque o lenho tem resistência baixa, em comparação a outras espécies de alta densidade. Isso pode causar problemas na interpretação dos dados, ou seja, não chegar à conclusão de a árvore apresentar um problema ou não, daí o cuidado para o tratamento dos dados”, conclui Raquel, que prevê a entrega do relatório final no mês de maio.

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