Projeto do IPT e Atelier O’Reilly, em parceria com Instituto Favela da Paz, capacita moradores no desenvolvimento de peças decorativas em matrizes cimentícias
Formar cidadãos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, transmitindo conhecimentos e técnicas para o desenvolvimento de peças decorativas em matrizes cimentícias com o emprego de agregados reciclados, é o objetivo do Projeto Materializa que está sendo executado pelo Laboratório de Materiais para Produtos de Construção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pelo Atelier O’Reilly, em parceria com o Instituto Favela da Paz (IFP).
O projeto, que teve início em 2019 e será concluído este ano, foi um dos selecionados no edital da Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (FIPT), para financiar projetos sociais de laboratórios e seções do IPT voltados à promoção da transformação social positiva e sustentável. Os projetos escolhidos cumprem as diretrizes e os conteúdos estabelecidos na Política de Investimento Social da FIPT, e seguem também as orientações da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, editada em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como público direto populações em vulnerabilidade socioeconômica no Brasil.
“O projeto visa estimular os aprendizes a serem multiplicadores desse trabalho, na intenção de conscientizar e contribuir para o desenvolvimento sustentável, gerando qualidade de vida e renda à comunidade envolvida, além da limpeza urbana e melhoria do meio ambiente, fortalecendo o exercício da cidadania, e promovendo o crescimento econômico, inclusivo e sustentável”, afirma o pesquisador do IPT Raphael Baldusco.
O projeto também possuía o objetivo de instalar na comunidade selecionada um espaço com infraestrutura básica de trabalho, para que os jovens possam garantir meios de produção das peças decorativas a serem comercializadas e assim gerar uma fonte de renda para os aprendizes.
O Instituto Favela da Paz foi escolhido como parceiro devido aos demais participantes do projeto (Atelier O’Reilly, coordenado pela arquiteta Patricia O’Reilly, em parceria com o artista plástico Alexandre Mavignier) terem uma proximidade grande com o Instituto e já desenvolverem outros projetos com eles. “Por conta disso, neste primeiro projeto social do nosso laboratório, decidimos fazer uma experiência piloto com a comunidade do Jardim Nakamura, que faz parte da macrorregião do Jardim Ângela, localizado na zona sul da capital paulista”, completa Baldusco.
A contribuição da arquiteta Patrícia O’Reilly e do artista plástico Alexandre Mavignier foi fundamental para o projeto. Desde o início, houve uma série de interações com o Instituto Favela da Paz para identificar as necessidades de infraestrutura a serem atendidas. “A equipe do atelier desempenhou um papel crucial nesse processo de projeto e obras: durante a fase de desenvolvimento, Alexandre Mavignier realizou uma imersão de alguns dias na comunidade para compreender o contexto e as características únicas do Instituto, habitado por diversos artistas e músicos, a fim de conceber peças decorativas de matriz cimentícia adequadas”, afirma o pesquisador.
Até o momento, o projeto alcançou importantes marcos, incluindo a reforma do espaço do Instituto para a instalação de móveis destinados ao desenvolvimento dos trabalhos, a aquisição de diversos moldes de silicone e outros materiais necessários para a produção das peças, e o treinamento dos jovens na sede do IPT para a fabricação das peças decorativas.
O treinamento foi dividido em parte teórica e prática: na parte teórica foram abordados temas relevantes, como a importância da reutilização e a reciclagem dos resíduos de construção e demolição, as propriedades básicas desses materiais e noções da disciplina de materiais de construção.
Na parte prática, no laboratório do IPT, os jovens colocaram a “mão na massa” e aplicaram os conceitos aprendidos na parte teórica e desenvolveram suas primeiras peças decorativas. Além disso, foi apresentada uma metodologia para o desenvolvimento dessas peças, destacando a variação dos insumos, como tipos de cimento (branco e cinza), pigmentos em diferentes cores, teor adequado de água, características específicas de cada tipo de molde e tipos de resíduos de construção a serem empregados.